Jordana Martins(Jô) 16/02/2016Um mais UmJojo Moyes
Li mais um romance desta mulher, que consegue me surpreender toda vez que leio as suas histórias. Quem me conhece sabe muito bem que livros de romance são raramente lidos por mim, e na minha estante também são conteúdos que tem um espaço muito reduzido. O fato disso ocorre-se que (os) ou (as) romancistas na maioria das vezes escrevem coisas épicas demais para serem consideradas aptas para serem lidas como uns romances do quais muitas costumam sonhar para viver.
Jojo com a sua linha de romances sobre o cotidiano me conquistou de uma maneira que anseio ter todos os livros dela como sempre ansiei pelos do Harry Potter (esses eu já tenho a tempos claro). Lembro-me do primeiro romance que li dela. Fiz uma resenha digna de vergonha, pois nunca tinha feito uma resenha antes (tenho vergonha sempre que vejo a porcaria que escrevi de Como Eu Era Antes de Você), apesar de ter amado o livro. Lembro-me que li o primeiro livro dela em PDF (poucas condições de comprar na época, não que isso tenha mudado ainda), o fato que o li sem expectativa nenhuma. E sempre que pego um livro sem dar o seu devido valor e ele me surpreende eu fico extasiada (positivamente) e quando tenho expectativa sobre outro e ele me decepciona (50 tons seu canalha infame) eu fico extasiada (negativamente – se isso for possível).
Jojo tem a pegada do romance que a escritora de 50 tons nunca terá (me critiquem, mas isso não é romance), nem a criatura que fez o livro dos vampiros brilhantes (a história é bonita, mas quando ele brilhou o encanto acabou). Eu precisava ler um romance no qual eu pudesse acreditar nem que fosse um pouquinho plausível e me fizesse sonhar e chorar ou rir feito uma louca. E sim eu acredito em fadas Ops! Não é isso, o que eu quis dizer é que às vezes chego a acreditar nas histórias escritas pela Jojo, não que uma delas possa realmente acontecer, mas por me identificar com alguns dos seus personagens. Eles são tão humanos, com problemas tão reais que é quase possível imaginá-los como pessoas reais. E por que não? Pode sim existir gente que nem nos livros (não falo todos os livros. Ninguém no mundo não saberia nunca de nada Snow).
Não estou dizendo ou criticando quem lê esses “romances” nada reais, é bom fantasiar, mas estou dizendo que o cotidiano também pode ser interessante. O meu é (na minha cabeça então é melhor que Prince of Thorns às vezes hahaha). Vamos parar a rasgação de seda e falar do enredo de UM MAIS UM.
Jess é uma mãe solteira (muitas se identificariam com isso, minha mãe é uma e talvez isso me fez gostar ainda mais do livro),muito trabalhadora,que passa mais tempo trabalhando do que gostaria pra tentar sustentar os seus 2 filhos. Apesar do pouco tempo ela sempre os ensina o correto a ser feito independente da situação em que se encontre. Ela foi deixada pelo marido (ex) há dois anos, e também faz este tempo que ele não vem nem visitar os filhos e nem paga a pensão para as crianças.
Nicky um garoto de 16 anos meio gótico, não se entende com o pai. Ele foi largado pela mãe drogada e enviado para o pai que já estava casado com Jess e o criou como um filho, mas depois foi largado pelo pai também. Vive sofrendo Bullying e agressões corporais dentro e fora da escola. É um bom garoto, mas passa por situações constrangedoras e cruéis. O bullying é uma arma muito poderosa se não houver meio de pará-la.
Tanzie é a pinguinho filha de Jess. Menina prodígio em matemática. Toda a história gira basicamente nela, já que é por causa dela que todos os personagens se envolvem numa viagem para que ela participe de uma olimpíada de matemática para ganhar o dinheiro e ir para uma escola descente.
Ed ou Sr. Nichols é um geek criador de softwers, tem a sua própria empresa, mas acabou envolvido numa falcatrua sem nem mesmo saber e é considerado culpado, mesmo não tendo lucro nenhum com isso. Tem um sério problema em encarar a família, principalmente o pai que está em estado terminal de câncer.
Norman o cachorro da família. No decorrer passa de figurante para coadjuvante.
Agora junte todas essas pessoas e coloquem dentro de um carro viajando para a Escócia para que uma garotinha participe de um concurso (parece o que? Pequena Miss Sunshine), foi à primeira coisa que me veio à mente. Jess não tem dinheiro suficiente para as contas, mesmo trabalhando muito, então surge essa oportunidade que se Tanzie vencer a olimpíada ela tanto pode entrar para a sua escola particular nova, como pode ajudar financeiramente a mãe dela.
Jess é faxineira de Ed e ele acaba se oferecendo para levá-los de carro para a Escócia, até por que ele precisa ir ver o pai que está doente e vive lá. Ed está passando por uma situação crítica na empresa e na vida e o que menos precisava era de uma família complicada de desconhecido dentro do seu carro e um cachorro com o intestino duvidoso. Juntos nesta viagem eles começam a conviver uns com os outros e a enfrentarem os seus problemas. Jess é a pessoa mais otimista que você poderia conhecer e Ed o cara mais esquisito. Tanzie é a garota mais inteligente e Nicky um garoto incrível que é muito retraído por conta dos inúmeros bullying sofridos e abandonos constantes.
Para dar um tchan tem uma pitada de romance com a Jess e vocês podem imaginar quem, sem falar nas descobertas que ela faz sobre o canalha do ex. Como o mundo parece desabar quando as verdades vêm à tona e como a vida dá guinadas estranhas no seu decorrer. A história fala das dificuldades de se criar um filho sozinha, de como a sociedade pode ser cruel, uma visão de como os ricos nem sempre se dão conta do que fazem pode magoar sim uma pessoa menos favorecida financeiramente,como o bullying é um assunto muito sério a ser tratado e mesmo que tenhamos tantas diferenças ainda podemos nos entender e poder fazer dar certo e claro a verdade sempre,mesmo que doa.
Isso é um romance. Tem amor para todos os lados de todos os tamanhos e de todos os jeitos. Fala de família e seus problemas (a Pixar vive tocando nesta tecla), é esse o tipo de romance que a sociedade precisa. Ela precisa se ver nas dificuldades e ainda sim ver uma luz no fim do túnel que os leva a felicidade, com todos os seus altos e baixos. É sobre isso que Jojo escreve, não precisamos de seres sobrenaturais,de guerras medievais ou de rios de dinheiro para atingirmos um clímax bacana ( se bem que dinheiro é bom,muito bom). O que quero dizer é que nos seus livros nós podemos nos enxergar ou enxergar pessoas que conhecemos nos seus personagens. Ela nos mostra como o nosso cotidiano pode ser palco de uma boa história. É como o livro a Elegância do Ouriço de Muriel Barbery, não tem nada demais na história, é só uma senhora que trabalha para ricos, uma menina rica que quer se matar e um senhor rico que se torna amigo das duas por que a senhora gosta de ler Tolstoi e a menina o ajuda a desvendar a senhora. Não há superfatos só uma escrita feita com maestria que te prende do começo ao fim. Jojo tem isso nos seus romances que saem do comum, baseados na vida comum. Espero ter me redimido com a resenha que fiz de Como Eu Era Antes de Você. Jojo a senhora é destruidora mesmo.