Iohana Amorim 08/04/2023
Reli esse livro num impulso de saudade depois de terminar a segunda temporada de Shadow and Bone e devo dizer que provavelmente nunca vou superar os Crows mesmo. Uma coisa que me encanta muito na duologia de SoC - além da melhora significativa da escrita de Leigh Bardugo depois de Grisha Trilogy - é a profundidade dos personagens e das relações que eles vão criando entre si com o avançar da narrativa. Aqui a gente não acompanha um grupo coeso, unido e amigável desde o início, mas jovens com histórias bastante dolorosas e sentimentos turbulentos e muitas vezes bagunçados fazendo o melhor que podem pra sobreviver em meio à hostilidade e à solidão. E é esse grupo de indivíduos solitários que vai formando uma dinâmica própria, próxima do que podemos chamar de família, encontrando uns nos outros companheirismo, honestidade, confiança e até amor, mas nunca sem o fardo que o passado de cada um os faz carregar por onde eles passam. Digo com tranquilidade que SoC é uma das melhores obras de fantasia que já li, justamente pela complexidade do universo que Bardugo construiu, pelas referências nessa construção que possibilitam uma conexão muito mais profunda do leitor com esse universo, e pela potência dos personagens que ela criou - até Matthias, sem dúvidas detestado por muitos leitores nesse livro (incluindo a mim durante a primeira leitura, anos atrás), vai galgando um espaço no coração da gente. Uma coisa que, pra mim, falta bastante na série da Netflix, mas que na duologia temos de sobra é a conexão genuína e sensível com as dores e amores de cada um dos Crows.