amandafffdo 03/10/2022
No presente há mais passado que se imagina
Assisti algumas entrevistas das autoras enquanto lia o livro, buscando entender a proposta, o que levaram-nas a escrever como escreveram, as alternativas que tinham, as opções que seguiram... Me emocionei. Me emocionei assistindo, me emocionei lendo. Lendo com o olhar de quem queria entender, somado ao olhar de quem queria explorar.
Brasil é um personagem de tantas camadas, com vozes de primeira a infinitas pessoas, ambíguo, e, sobretudo, rico. Rico de histórias, de lutas, lideranças, pontos de vista, incongruências, enfim, uma gama de adjetivos contestáveis porque toda a história está sob a ótica de cada um, brasileiro ou não.
A leitura é espontânea. A edição belíssima.
Os capítulos de Lília tem a escrita muito envolvente e fala do povo e das artes com clareza e simplicidade. Já os da Heloísa, trazem vigor político ao discurso, são densos, lentos e objetivos. Ambos contextualizados e com várias referências, além de trechos esquecidos que dificilmente encontraremos em alguma outra fonte nesses padrões.
Fica o exercício da história: análise de preconceitos a partir de interpretações questionadoras, sendo talvez improvável sairmos ilesos às nossas antigas concepções e "certezas" sobre determinado período ou esclarecimento.
Há muito o que se aprender!
"Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma quando não na alma e no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena e/ou do negro."
Gilberto Freyre
"Cada época sonha com a seguinte." Michelet