maria 17/02/2021
Sapiens - Yuval Noah Harari
MINHA OPINIÃO | EDIÇÃO:
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Honestamente, não achei que fosse gostar tanto dessa leitura, pois só comecei por ser o livro do primeiro bimestre para redação e argumentação, e, não vou mentir, tenho um leve preconceito com livros que a escola indica para lermos.
Normalmente, tenho que empurrar muito com a barriga para terminar, porém, por incrível que pareça, eu adorei e inclusive deixei de ler um romance da Julia Quinn (minha autora favorita) para ficar lendo Sapiens!
Além disso, ele possui uma linguagem fácil e o autor explica muito bem. Gostei bastante da edição também (Companhia Das Letras) que possui folhas amareladas e achei poucos erros de digitação.
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QUOTES:
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Os sapiens, por outro lado, mais se assemelham ao ditador de uma república de bananas. Como estivemos até recentemente entre os oprimidos nas savanas, guardamos muitos receios e ansiedades a respeito de nossa posição, o que nos faz duas vezes mais cruéis e perigosos. Muitas calamidades históricas, de guerras mortais a catástrofes climáticas, resultaram desse salto precipitado.
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A tolerância não é uma característica notável dos sapiens. Hoje, uma pequena diferença na cor da pele, no dialeto ou na religião é suficiente para levar um grupo de sapiens a buscar exterminar o outro. Será que os antigos sapiens teriam sido mais tolerantes em relação a uma espécie humana totalmente diferente? É bem possível que, quando os sapiens encontraram os neandertais, o resultado tenha sido a primeira e mais significativa campanha de limpeza étnica na história.
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[...] Eles eram muito semelhantes para serem ignorados, porém muito diferentes para serem tolerados.
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Entre todas as grandes criaturas do mundo, os únicos sobreviventes do dilúvio humano serão os próprios humanos e os animais domesticados que servem como escravos remando a Arca de Noé.
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Um raro rinoceronte selvagem à beira da extinção é provavelmente mais feliz que um bezerro condenado a passar sua curta vida aprisionado num cubículo, engordando para produzir bifes suculentos. O sucesso numérico da espécie do bezerro não serve de consolo para o sofrimento a que o indivíduo está submetido.
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Tal como a elite do Egito antigo, a maioria das pessoas em quase todas as culturas dedica a vida a construir pirâmides. O que muda de uma cultura para a outra é só o nome, o formato e o tamanho dessas pirâmides. Por exemplo, elas podem tomar a forma de uma casa com condomínio de luxo com piscina e um belo gramado, ou de uma linda cobertura com uma vista deslumbrante. Poucos questionam os mitos que, para começo de conversa, nos fazem desejar a pirâmide.
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Não há como escapar à ordem imaginada. Quando derrubamos os muros da prisão e corremos para a liberdade, estamos na verdade correndo para o pátio amplo de um presídio maior.
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Sem dúvida, a diferença entre as capacidades naturais desempenha um papel na formação das distinções sociais. Mas tais diversidades de aptidão e temperamento são em geral condicionadas pelas hierarquias imaginadas. Isso acontece de duas maneiras importantes. Primeiro, e em especial, a maior parte das capacidades precisa ser cultivada e desenvolvida. Mesmo se alguém nasce com determinado talento, esse dom geralmente permanecerá em estado latente caso não seja reforçado, aprimorado e exercitado. Nem todos têm a mesma chance de desenvolver e refinar suas capacidades. Ter ou não essa oportunidade depende em geral do lugar que o indivíduo ocupa na hierarquia imaginada de sua sociedade. Harry Potter é um bom exemplo. Retirado de sua distinta família bruxa e criado por uma família ignorante de trouxas, chega a Hogwarts sem nenhuma experiência com magia. Só depois de sete livros conseguiu adquirir o controle de seus poderes e algum conhecimento de suas habilidades únicas.
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Com o tempo, o racismo se espalhou para cada vez mais campos culturais. A cultura estética norte-americana foi construída em torno dos padrões de beleza brancos. Os atributos físicos da raça branca - por exemplo, a pele clara, os cabelos louros e lisos, o nariz pequeno e arrebitado - passaram a ser identificados como bonitos. Características típicas dos negros - a pele escura, os cabelos pretos e crespos, o nariz achatado - eram consideradas feias. Esses preconceitos impregnaram a hierarquia imaginada num nível ainda mais profundo da consciência humana.
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Estuprar uma mulher que não pertencia a homem nenhum não era considerado crime, assim como apanhar no chão uma moeda perdida numa rua movimentada não é considerado roubo. E se o marido violentasse a própria esposa, ele não teria cometido nenhum crime. Na verdade, a ideia de que um marido pudesse violentar a esposa constituía um oximoro. Ser marido significava ter controle absoluto sobre a sexualidade da esposa. Dizer que um marido violentou a esposa era tão ilógico quando dizer que um homem roubou sua própria carteira.
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Algumas das disparidades culturais, jurídicas e políticas entre homens e mulheres refletem as óbvias diferenças biológicas entre os sexos. A gravidez foi sempre uma função das mulheres porque os homens não possuem útero. No entanto, em torno desse núcleo duro universal, todas as sociedades acumularam camadas e mais camadas de ideias e normas culturais que pouco têm a ver com a biologia. As sociedades associam à masculinidade e à feminilidade uma série de atributos que, em sua maioria, carecem de base biológica.
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O útero não as impede de fazer nenhuma dessas coisas tão bem quanto os homens.
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Na verdade, a Mãe Natureza não se importa se os homens se sentem sexualmente atraídos por outros homens. Apenas as mães humanas, imersas em determinadas culturas, fazem uma cena se o filho delas tiver um caso com o rapaz da casa ao lado.
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A cultura tende a argumentar que só proíbe o que é antinatural. Contudo, de uma perspectiva biológica, não há nada que seja antinatural. O que quer que seja possível é, por definição, também natural. Um comportamento que seja de fato antinatural, que vá de encontro às leis da natureza, simplesmente não pode existir e, portanto, não precisaria ser proibido. Nenhuma cultura jamais se deu ao trabalho de impedir os homens de fazerem fotossíntese, as mulheres de correrem mais rápido que a velocidade da luz, ou os elétrons de carga negativa de se atraírem mutuamente.
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O gênero é uma corrida em que alguns competidores só podem ganhar a medalha de bronze.
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Há dois problemas com essa ênfase no poder muscular. Primeiro, a afirmação de que os homens são mais fortes que as mulheres só é verdadeira na média, e apenas em relação a certos tipos de força. As mulheres são em geral mais resistentes que os homens à fome, às doenças e à fadiga. Há também muitas mulheres que podem correr mais rápido e levantar mais peso que muitos homens. Além disso, e mais problemático para essa teoria, as mulheres, ao longo da história, têm sido excluídas sobretudo de ocupações que exigem pouco esforço físico (tais como o sacerdócio, o direito e a política), enquanto executam trabalhos braçais pesados nos campos, no artesanato e dentro de casa. Se o poder social fosse divido em proporção direta à força física e à resistência, as mulheres deveriam ter uma parcela muito maior.
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Na verdade, a história humana mostra que em geral há uma relação inversa entre a capacidade física e o poder social. Na maior parte das sociedades, cabe às classes inferiores o trabalho braçal. Isso pode refletir a posição do Homo sapiens na cadeia alimentar. Se contassem apenas com a capacidade física, os sapiens se veriam na metade da escada. Mas suas habilidades mentais e sociais os puseram no topo. Por isso, é natural que a cadeia de poder dentro da espécie também seja determinada mais por habilidades mentais e sociais que pela força bruta. Em consequência, parece improvável que a hierarquia social mais influente e estável da história se baseie na capacidade dos homens de coagir fisicamente as mulheres.
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Estudos recentes dos sistemas hormonais e cognitivos masculinos e femininos fortalecem a premissa de que os homens efetivamente possuem tendências mais agressivas e violentas, sendo por isso, em média, mais aptos a servir como soldados. Entretanto, mesmo considerando que todos os soldados rasos são homens, é possível concluir que quem conduz a guerra e dela se beneficia também deve ser homem? Isso não faz sentido. É como assumir que, se todos os escravos que cultivavam algodão são negros, os donos das plantations também deviam ser negros. Se uma força de trabalho composta apenas de negros pode ser controlada exclusivamente por brancos, por que um exército masculino não poderia ser controlado por um governo composto total ou ao menos parcialmente de mulheres?
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As mulheres costumam ser estereotipadas como melhores manipuladoras e apaziguadoras que os homens, famosas por sua capacidade superior de ver as coisas a partir da perspectiva dos outros. Se existe alguma verdade nesses estereótipos, então as mulheres seriam excelentes políticas e construtoras de impérios, deixando o trabalho sujo nos campos de batalha para machos transbordando testosterona e ideias simplistas. Apesar dos mitos populares, isso raramente aconteceu no mundo real.
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Mas o momento mais notável e definidor dos últimos quinhentos anos ocorreu às 5h29min45 de 16 de julho de 1945. Naquele exato segundo, cientistas norte-americanos detonaram a primeira bomba atômica em Alamogordo, no estado do Novo México, nos Estados Unidos. Desde então, a humanidade passou a ter a capacidade não apenas de modificar o curso da história, mas também de lhe dar um fim.
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À medida que o mundo ia sendo moldado para servir às necessidades do Homo sapiens, hábitats foram destruídos e espécies, extintas. Nosso planeta, outrora verde e azul, está se transformando num shopping center de plástico e concreto.
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Mais dinheiro ainda é transferido para as contas bancárias de estilistas, gerentes de academias, especialistas em dietas, esteticistas e cirurgiões plásticos, que nos auxiliam a chegar aos bares com uma aparência tão próxima do ideal de beleza do mercado quanto é possível.
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