spoiler visualizarAna 11/09/2020
Indiquei Red Hill da Jamie McGuire para vocês há um tempinho como opção para ler no Kindle Unlimited, então nada mais justo que falar um pouco dele aqui no Roendo Livros. Já começo dizendo que, apesar de ser familiarizada com tramas apocalípticas ― principalmente as que envolvem zumbis ―, fiz essa leitura bem no meio da quarentena, uma escolha não muito inteligente. Não que a gente esteja no meio de um apocalipse, mas foi meio difícil controlar meus pensamentos de doida em relação ao vírus que está assolando o nosso e tantos outros países. Falo isso porque se algum de vocês for sensível a gatilhos, talvez seja melhor dar uma chance para o livro num momento mais calmo, ok?
O enredo é basicamente o que conhecemos de todo apocalipse zumbi: uma epidemia mortal que se espalha muito rápido sem dar pistas de onde começou e porquê ― na realidade, nesse livro em específico a autora nos dá uma pista, mas vou reservar um parágrafo só para falar disso. Basta uma mordida de um ser transformado para contrair a "doença" e se tornar um deles. Nesse plano de fundo acompanhamos personagens principais, Scarlet, Nathan e Miranda, cada um tentando se salvar e salvar os seus da melhor forma possível.
Scarlet é uma técnica em radiologia que presencia a epidemia chegando em seu auge dentro do hospital em um fim de semana que suas filhas foram ficar com o pai; Miranda é a filha mais velha de um dos médicos que trabalha no mesmo hospital que Scarlet e está indo encontrar o pai no rancho Red Hill quando o caos se instala; a situação de Nathan também não é das melhores, já que foi abandonada pela esposa no meio do apocalipse com uma filha pequena para cuidar. Para quem acha que o mundo é gigante, um apocalipse é a prova viva de que a gente mora em um ovo, pois não existia outra maneira desses três protagonistas e seus acompanhantes se encontrarem a não ser procurando um lugar seguro para evitar os zumbis, o rancho Red Hill.
O início do livro é bastante frenético e lotadas de cena de ação, já que tudo acontece muito rápido. Na minha opinião, tudo foi descrito muito perfeitamente, porque um apocalipse zumbi é meio que um efeito em cascata, a gente mal pisca e a pessoa que está do nosso lado foi mordida. Então, pelo menos até os personagens chegarem ao destino ― ok, a chegada deles no rancho não é considerada um spoiler, é? ― há uma cena eletrizante atrás da outra. Muitas mortes de pessoas queridas, muitos crânios zumbis sendo explodidos e várias outras coisas mórbidas que retratam o fim do mundo. Aí eles chegam no rancho...
A partir desse ponto da história, a ação diminui um pouco e o foco se torna a relação entre os personagens, e muita coisa acontece. Imaginem como seria estar em uma casa no meio do nada, no meio de um apocalipse zumbi, com várias pessoas que você não conhece. Todos nós sabemos que conviver com pessoas em situações de estresse é um pouco difícil, e a autora retrata isso muito bem. Nervos a flor da pele, hormônios a flor da pele... Então, sim, esperem alguns relacionamentos do tipo "amor à primeira vista". Confesso que esses amor à jato me deixa muito irritada e me deixou irritada aqui também, mas eu entendi. Pensem comigo: estamos no meio do fim do mundo, todos que amamos provavelmente estão mortos, então é natural do ser humano buscar apoio no outro, né? Acho que esse tipo de atração acabaria se tornando inevitável. Mas sim, ainda fiquei um pouco irritada.
Agora sim preciso falar sobre uma coisa que pode ser um spoiler, mesmo que esteja bem no início do livro. Sendo assim, salte esse parágrafo se não quiser estragar nenhuma surpresa. O que me irritou de verdade foi a tal pista que a autora deu sobre o início do contágio: a vacina contra a gripe. Aparentemente as pessoas vacinadas se transformavam em zumbi mais rápido e tudo indicava que o contágio se deu a partir de uma pessoa que morreu dos efeitos colaterais da vacina; essa pessoa reviveu e começou a espalhar o vírus que sofreu mutação para outras pessoas. Sinceramente? Ridículo! Vacina é solução, não é problema! Senti uma crítica da autora em relação às vacinas, o que é totalmente sem noção porque obviamente o movimento antivacina é uma ameaça para saúde mundial. Pelo amor de Deus, se vacinem e vacinem seus filhos, #paz.
Além disso, achei o final um pouco corrido quando comparado ao resto do desenvolvimento. A neura da Scarlet pelas filhas e suas atitudes egoístas ― lembram que eu falei que elas estavam com o pai? ― acabam colocando muita coisa a perder, o que refletiu negativamente nesse final que deixou a desejar. Muitas pontas ficam soltas, principalmente sobre a morte de alguns personagens e sobre as próprias filhas da Scarlet, mas, de forma geral, Red Hill foi uma leitura muito satisfatória, mesmo me deixado com umas ideias não muito legais sobre o Coronavírus.
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