spoiler visualizarGabriela3771 25/05/2024
O Amor é Apenas Metade da História
O livro fala sobre a relação desses dois irmãos gêmeos, seus amores e a sua família: absolutamente incríveis e arrebatadores. Cada capítulo retrata a visão de um irmão num espaço de tempo diferente. Em geral, vemos a visão dos fatos pela perspectiva de Noah ? o irmão introvertido, desenhista e pintor ? quando eles têm entre 13 e 14 anos, antes e durante a morte da mãe, Dianna. Já a perspectiva de Jude ? a irmã extrovertida, estilista e escultora ? é passada no tempo atual e recorrente, aos 16 anos, depois da morte mas ainda enfrentando o (forte) luto.
O primeiro capítulo começa com a visão do Noah e por ele fiquei encantada. Ele me pegou de jeito (assim como outros personagens também vão pegar). O fato dele usar essas metáforas para comparações, expressões sinuosas, aversão ao normal, ao comum, e estar sempre pensando e transformando o mundo, eu pensei: acho que eu sou ele. Só que ele foi escrito com mais intensidade e muito mais talento, mas sempre pensando em quem é ou não é um revolucionário. Acho que só temos uma pequena diferença na visão do que pode ser uma revolução (interna).
Noah passa por questões de aceitação familiar, da sociedade e de si mesmo a respeito de sua orientação sexual que eu não passei, por isso só posso compreende-la, mas não senti-la. Entretanto, toda a evolução da sua relação com o pai me deixou tão contente, tão feliz, que acho que me senti como ele: agora eu finalmente tenho um pai. Não tenho, mas por um momento fui Noah vivendo como se tivesse e a sensação foi extraordinária. Mas talvez seja porque era aquele pai. Imagino o Noah e Jude bebês na praia levados nos ombros dele e a imagem me causa sensações de amor e deslumbramento: adoro essa imagem.
Da mesma forma, vemos o desenrolar da sua história de amor com o garoto vizinho, Brian. Um gênio do baseball viciado em tudo com relação ao cosmos e ao universo. Amo como ele foi atrás de Noah e nós (e o próprio Noah) sabemos disso com clareza. Como ele não escondeu o fato, nos dando sensações indescritíveis. Entretanto, Brain costuma mudar conforme as pessoas que estão ao redor dele mudam, com medo (e com razão, não tiro isso dele) se ser descoberto. Entretanto, tenho tanto medo de pessoas com pele de sapo metamorfo que, ainda estou pensando, 'ainda bem que Noah não sou eu e não desistiu'.
Já Jude, do seu amor eu com certeza teria fingido até o final que nada estava acontecendo, esperando ele passar completamente até realmente não estar acontecendo nada. Com ela, entretanto, ele (o amor) e ele (o amado) eram tão arrebatadores que isso não foi possível. Da forma como o rosto de Oscar é descrito, só consigo imaginar seus olhos e cicatrizes, o resto completo por mim mesma, tentando chegar ao que a autora diz. O encontro na igreja me deixou arrebatada, e cheguei a conclusão que tudo tem a ver com a forma com as quais se revelam as palavras: "Ah, você é ela, tem que ser". Entretanto, tudo o que acho que eu faria no lugar dela, com minhas roupas invisíveis, era realmente ser sua amiga, porque eu teria medo das suas mentiras. Não sei se senti um grande desenvolvimento nele como senti em Brian, em especial porque tudo que permeia a relação deles parece muito profético e iminente demais. Era pra ser assim, com certeza, e me tira o fôlego de tão bonito. Mas cuidado lá, as coisas levam seu tempo.
Amo que Jude e Noah tenham sua bíblia supersticiosa e seu museu invisível e seus fantasmas e seus vestidos flutuantes e seus cabelos de mar e de sol e de rio e que o mundo seja dividido entre eles. A relação deles está sempre mudando: às vezes muito bem, às vezes muito mal, às vezes ok. Me lembra uma relação real de irmãos. Cheguei a imaginar se até o final do livro eles estariam bem. Já estava tão perto do final, como isso vai acontecer? E acontece. E é lindo. Agora eram irmãos sem segredos. Ele era um revolucionário e ela era esse tipo de garota. A mãe deles era ambos, obrigada por guia-los a seguirem seu coração, como você fez, ainda que eu também não aprove seu adultério. Mas eu entendo completamente o porquê de você amar Guillermo, e imagina-los juntos me causam arrepios de deleite.
Gosto como tudo no livro vai se encaixando aos poucos, inclusive as rosquinhas. Os assuntos abordados, como a situação de Oscar, os medos de Guillermo, o abuso psicólogo de Bian, o medo da rejeição de Noah e o assédio de Jude. Tudo é tratado com as palavras de cada um e mostra seus sentimentos que vão ser falados através de seus pensamentos: às vezes literais, às vezes não, mas que entendemos clara e perfeitamente. Agora eu quero lutar com alguém para dividir o mundo.