Rodolfo 25/03/2011
Microeconometria para leigos.
Até onde eu sei, foi o primeiro livro que conseguiu traduzir em palavras o "estatistiques", e o fez muito bem. Os autores são um economista foda de uma universidade foda (o cara que vai saber trabalhar com os números) e um jornalista (o que conseguiu traduzir em palavras).
O grande mérito desse livro foi conseguir juntar temas diversos, de cotidianos a questões políticas e religiosas, e olhar cada um deles sob um ângulo diferente, focado em entender o que os números nos dizem além de uma simples análise descritiva.
Um exemplo bobo que o livro vai mais a fundo: será que ler para os filhos antes de dormir ou ter uma grande biblioteca em casa o ajudará a ter boas notas na escola? Se olharmos os números, a primeira impressão é que a resposta é sim, já que os resultados de questionários mostram que pais que contam histórias e que tem bibliotecas em casa estão correlacionados com filhos com notas mais altas. Mas se pegarmos duas crianças com pais com renda e nível de educação dos pais parecidos, sendo que a única diferença entre eles é a leitura dos pais e os livros em casa, a resposta é que eles não fazem a menor diferença, e que se a criança é mais pobre, ela tem mais chances de ter notas menores independente desses hábitos dos pais. A explicação é que a renda dá tantas facilidades à criança aprender (alimentação, conforto, espaço, etc) que torna a relevância de outros aspectos mínima.
Além desse, o livro trata também de outros temas polêmicos, como relação aborto/violência e a KKK, mas também de coisas mais triviais, como a escolha de nomes dos filhos pelos pais.
É um livro que ajudará a ter uma outra visão dos números que a televisão e os políticos nos bombardeiam todos os dias, mostrando que é fácil jogar um monte de médias alí e falar um monte de asneira, quando um trabalho mais minucioso chegaria em conclusões totalmente diferentes.
Notem que apesar do título do livro fazer referência a economia, ele não fala nada dos temas normais como inflação, desemprego, pib, essas coisas. O ponto de encontro é na metodologia de análise que os economistas usam mas agora olhando temas inusitados. Até por isso disse que ele traduz o "estatistiquês" e não o "economês".
Veredicto: um livro que recomendo a todos.
ps. quem tiver algum interesse, os autores tem um blog e até podcast aqui http://freakonomics.blogs.nytimes.com/