Ju Oliveira 02/10/2015Laureth, é uma adolescente de 16 anos, cega. Como não conhece o mundo através de seus olhos, ela não se sente mal ou triste por não poder enxergar. Seu braço direito e companheiro inseparável quando está em casa é o irmão caçula Benjamin, de apenas 7 anos. Através de aplicativos especiais para deficiente visual, instalados no computador de seu pai, ela tem a função de checar regularmente os email encaminhados a ele, que é um famoso escritor. Ao ler um desses emails, ela percebe que algo está errado e toma uma arriscada decisão.
O email informava que o caderno de anotações de seu pai, do qual ele não se separa nunca, foi encontrado em Nova Iorque. O estranho é que o pai de Laureth viajou para Áustria e não para os Estados Unidos. Tentando de todos os meios, entrar em contato com o pai e não obtendo resposta, Laureth decide partir para Nova Iorque a procura do pai. Com a ajuda do irmão Benjamim eles partem rumo ao desconhecido, já que os dois jamais viajaram sem os pais. Laureth precisa o tempo todo ser guiada por Benjamim, mas eles já são tão acostumados com esse ritual que só alguém que realmente saiba que ela é deficiente visual poderia perceber. Senão, passariam tranquilamente por um casal de irmãos de braços dados.
Ao recuperar o caderno do pai, eles irão seguir as poucas pistas que conseguem encontrar, um nome de hotel e vários relatos de Edgar Allan Poe. No decorrer do dia, Laureth acaba percebendo que o assunto que seu pai tanto se dedica, as coincidências, podem estar mais presentes na vida do que qualquer um poderia imaginar.
Ela não é invisível tem uma narrativa que flui facilmente. Os personagens são extremamente carismáticos. Fui conquistada por Laureth e seu irmãozinho já nas primeiras páginas. Percebe-se nitidamente o grande conhecimento que o autor tem do assunto “coincidências”. Como por exemplo o número 354, que está presente em diversos momentos da narrativa, inclusive em diversos títulos de capítulo, com três palavras de 3, 5 e 4 letras. Achei isso fascinante! O autor cita alguns fatos verídicos e nomes de alguns estudiosos no assunto, como Albert Einstein e Carl Jung.
O que mais me marcou na história, foi o ponto de vista de Laureth, como ela “enxerga” o mundo, como se sente em relação às pessoas, que muitas vezes se apiedam de sua condição. Foi uma verdadeira lição de vida, perceber a alegria e disposição com que Laureth encara a vida. Uma história muito fofa com uma pitada de suspense e mistério. Leitura super recomendada! :)
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