Oz 25/04/2017
Prazer, independência sexual feminina, vício e ficção científica, tudo junto misturado
De antemão, ressalto que a melhor forma de começar a ler esse livro é não lendo a sinopse. Por ser um livro curto, grande parte do que está escrito na sinopse já é responsável por pelo menos metade do livro, o que tira uma boa dose de expectativa da narrativa. Costumo ler a sinopse dos livros, mas, para minha sorte, li esse "Clímax" sem ter feito isso de antemão, e acho que ir descobrindo os desenrolares da história aos poucos ajudou a elevar um pouco minha percepção de uma história que para mim foi divertida, mas não chega a ser excepcional.
Para se ter uma ideia, a abertura do livro é instigante e nos atiça a curiosidade para saber o que está acontecendo: "Enquanto Penny era violentada, o juiz simplesmente observava. O júri recuou horrorizado. Os jornalistas se encolheram na tribuna. Ninguém no tribunal se apresentou em sua defesa. (...) Teria sido diferente se houvesse outras mulheres no tribunal. Mas não havia. Todas as mulheres tinham sumido do mapa nos últimos meses.".
O que o leitor deve ter em mente é que acompanhamos a vida de Penny, uma jovem vinda do interior dos EUA que está tentando passar na ordem dos advogados e subir na vida em New York. No entanto, seu dia-a-dia muda radicalmente ao conhecer C. Linus Maxwell, um bilionário da indústria de tecnologia. O desenrolar dessa relação terá consequências não muito esperadas por Penny, e a trama segue pelo caminho da ficção científica, no sentido de que vai apresentando ao leitor a formação de uma sociedade ocidental (pelo menos uma parte dela) mais hedonísta do que já é.
É justamente essa reflexão sobre o quanto a busca do prazer e dos vícios que guiam a conduta do ser humano que tecem a linha condutora da história. Questões sobre a libertação e independência sexual feminina também acabam por ser a base da proposta de uma nova sociedade, enfrentando normas e convenções mais tradicionais. No entanto, no mundo de Palahniuk, tudo é levado ao extremo, o que nos faz pensar até que ponto a busca do prazer e a exaltação do individualismo é a melhor opção para se construir uma sociedade.
Embora essas reflexões sejam bem interessantes, o livro não chega a contar uma história indispensável para quem gosta de ficção científica misturada com um elevado grau de erotismo. Uma recomendação de um livro sobre o tema do vício e da busca de prazer é "Graça Infinita", de David Foster Wallace, um livro absolutamente sublime, embora muito mais pesado e longo do que "Clímax". Mas, se você pretende embarcar em uma missão mais rápida de leitura que apresente esses elementos descritos acima, talvez "Clímax" seja uma boa opção de divertimento.
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