peregrinaverso 22/03/2024
?Agora minha história foi contada.?
Quantas emoções e sentimentos lendo esse livro. Fiquei completamente abismada com o quão fundo King foi nesse aqui.
Antes de tudo, o que mais me pegou nessa história foi a inspiração dela. Li ?Sobre a escrita? do King ano passado e lembro de passagens dele contando no vício em cocaína e que Misery inteira é uma analogia a esse período. Então, lendo Misery finalmente, senti que estava muito próxima do sofrimento dos dois autores, Stephen King e Paul Sheldon, sentindo seu desespero duplamente.
A narrativa é intensa e brutal e mesmo sendo um livro curto, as páginas se entendem em um sofrimento horrível, que causa as mais diversas sensações. Aqui, King sempre cria paralelos e cita diversas vezes, até mesmo usa diretamente um trecho de O Colecionador do John Fowles, e achei isso muito apropriado. Senti exatamente as mesmas coisas quando li O Colecionador, foi como revisitar aquela história. E tal qual esse livro, Misery me encantou na mesma proporção que me deixou agoniada.
Gostei muito de como King trouxe conscritos psiquiátricos, como, mesmo Annie sendo apresentada como psicologicamente instável logo de cara, aos poucos ele foi colocando peso e ampliando seu quadro clínico e mais e mais Annie me surpreendeu em sua psicopatia. Quando achei que ela não poderia ir mais longe em sua crueldade, fui contrariada e uma nova faceta da maldade surgia nas páginas.
O clímax é frenético e angustiante, ao mesmo tempo que mantém o tom do livro na medida, as proporções sobem muito e você se vê completamente tenso, querendo gritar, querendo que acabe logo tanto quanto Paul.
São sensações vívidas e intensas em casa nova página, um livro cheio de nunces, que traz vários pontos sobre criatividade, processo de escrita e, principalmente, da crueldade humana em sua forma mais crua. Favoritado, com certeza!