Ronaldo Thomé 10/12/2018
Carlos Drummond de Andrade tem um jeito muito particular de escrever. Em sua obra, ele alcança uma introspecção filosófica e metafísica que lhe é muito característica, bastante diferente de outros autores (Manuel Bandeira, por exemplo, é mais passional e sentimental; Vinícius de Moraes é mais direto e menos rebuscado, Jorge de Lima é mais transcendental, Hilda Hilst, mais emotiva). Não por acaso, é considerado o maior poeta do Brasil e, de fato, a maneira como trabalha inúmeros temas numa única poesia confirma isto. É impossível não viajar em seu vocabulário, nos momentos quase fotográficos que Drummond trabalha. É claro que, em vários momentos, sua obra parece difícil e fechada (o intenso uso de adjetivos e advérbios é por vezes cansativo), mas isto é mais que compensado pela atitude serena e reflexiva com que o poeta encara a existência. Drummond demonstra um jeito único para falar do amor e suas decepções, usa o verso branco de maneira brilhante para temas políticos, expõe como ninguém o tédio e o cansaço que atingem nossas vidas. Enfim: ainda que não seja o seu autor favorito, vale a pena conhecer este trabalho de antologia e inspirar-se na vida real, vê-la se tornar poemas.
Indicado para: quem quer conhecer um autor que, ainda hoje, é diferente e singular a tudo que existe no mundo da poesia.
Nota: 9,0 de 10,0.
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Ronaldo Thomé