spoiler visualizarPaulo 08/09/2023
A leitura mais maçante do ano até agora.
Iniciei a leitura de "A Morte da Sra. McGinty", obra da astuta Agatha Christie, durante as férias da faculdade, ou seja, em meados de julho. Concluí esse livro apenas agora, no início de setembro, e essa demora talvez já revele minha opinião sobre a obra. Recordo-me de que, nas férias, desejava uma leitura curta e leve para poder desfrutar de mais de um livro durante o período. Foi por isso que escolhi "A Morte da Sra. McGinty" como minha primeira e (mal sabia eu) única leitura de férias. Com suas 215 páginas, a narrativa pareceu avançar agoniantemente devagar em um enredo que precisou de um segundo crime para se tornar minimamente intrigante. No entanto, vamos analisar os detalhes mais a fundo.
Esta é a minha segunda incursão em um romance de Agatha Christie. Minha primeira experiência envolveu a perspicaz Miss Marple desvendando um charmoso caso envolvendo uma atriz de cinema em "A Maldição do Espelho". Confesso que me agradou a narrativa construída em torno de uma atmosfera elegante e vintage que apenas o universo do cinema antigo pode proporcionar. Se Miss Marple me envolveu em seu caso, Hercule Poirot, o investigador deste livro, apesar de possuir um carisma singular para um francês, não conseguiu atingir o mesmo efeito.
Não me interpretem mal, Poirot é cativante, mas os personagens que o cercam não compartilham da mesma virtude. Começando pela vítima, a Sra. McGinty, uma mulher aparentemente comum que foi assassinada à primeira vista por um jovem chamado James Bentley. Contudo, o superintendente daquele distrito não está convencido da culpa de Bentley e contrata Poirot para provar sua inocência. É lamentável que Bentley não demonstre o mesmo ímpeto em provar sua inocência e não compartilhe da fé que o superintendente deposita nele. Isso o torna um personagem plano e enfadonho de se acompanhar.
Os outros personagens também carecem do desenvolvimento minucioso que mereciam. Alguns deles surgem apenas ocasionalmente para cumprir o papel de serem suspeitos. Além disso, o enredo, que já não é tão intrigante, perde seus atributos ao não aprofundar na psicologia de cada personagem.
Até que uma reviravolta acontece.
Outro assassinato ocorre na vizinhança, e a partir daí, a história abandona completamente a Sra. McGinty para se concentrar nesse segundo crime. Admito que isso tenha dado um fôlego novo à obra, mas não o suficiente para me conquistar completamente. Receio que o enredo tenha se desgastado demais até o ponto do segundo crime e, por isso, não tenha surtido o efeito desejado.
Acredito que uma história que traz o título "A Morte da Sra. McGinty" não deveria depender da morte de outra pessoa para funcionar.
Neste caso, Christie não demonstrou o mesmo brilho que vi em "A Maldição do Espelho", mas continuo ansioso para explorar mais de suas obras no futuro. No momento, porém, preciso superar a ressaca literária que a Sra. McGinty e todos os suspeitos de tê-la assassinado me causaram.