Bela Lima 27/01/2017A parceria de Holly Black e Cassandra Clare é uma das melhores que já viO Ano de Ferro terminou, as férias começaram e Call está muito ocupando classificando suas ações em sua lista imaginária de bondade e maldade, preocupado que esteja tornando-se um Suserano do Mal. Tornando-se ainda mais um Suserano do Mal.
“Toda a questão de ser secretamente mau também perturbava Call. Muito. Ele tinha começado a fazer uma lista mental (...). Um Suserano do Mal tomaria a última xícara de café do bule? Que livro um Suserano do Mal pegaria na biblioteca? Vestir-se totalmente de preto era uma atitude típica de um Suserano do Mal, ou uma escolha legítima que facilitava a vida no dia de lavar roupa?"
No livro anterior (O Desafio de Ferro) Callum Hunt descobre que na verdade é (não é spoiler, a menos que você tenha pulado o primeiro livro) a alma reencarnada de Constantine Madden, o Makar que causou diversas destruições e matou vários outros magos. Agora, Callum não sabe se pode confiar em si mesmo, temendo se tornar um Suserano do Mal a qualquer momento. Isso é, se ele já não for.
“Ele sabia que ter a devoção de uma fera Dominada pelo Caos contabilizava muitos pontos na escala de Suserano do Mal, mas não conseguia se arrepender de ter ficado com ele. Claro, este provavelmente era o problema de ser um Suserano do Mal. Você não se arrepende das coisas certas.”
Tudo piora quando Devastação, seu lobo Dominado pelo Caos, desaparece e Call encontra-o logo depois acorrentando no porão, ao lado de uma cama e um par de algemas que serviriam muito bem para ele. O que seu pai está fazendo?
Não ficando para descobrir, Call solta Devastação e foge de casa, depois de brigar com o seu pai, indo para a casa de Tamara e ficando um tempo por lá, junto com Aaron, o seu melhor amigo e – talvez? – seu também inimigo destinado?
“Algumas pessoas são destinadas a serem amigas e outras inimigas, no fim das contas o universo se ajeita.”
Mas, é claro, as coisas nunca está ruim o suficiente para um Suserano do Mal, porque Alkahest, uma luva que tem o poder de retirar o poder do Caos e matar quem o detém, foi roubada. E Call suspeita do seu pai.
Partindo numa aventura com os seus amigos, Aaron e Tamara, e o seu não tão amigo Jasper, além do seu perigoso animal de estimação sombrio, Callum vai atrás do seu pai, para impedi-lo de fazer seja lá o que for. Provavelmente matá-lo.
"Não olhe para mim, Call queria dizer. E, ao mesmo tempo, queria perguntar: o que vê quando me olha?"
Houve algumas coisas que não gostei, como o fato de terem usado muito a piada de Suserano do mal – uma piada sempre perde a graça depois da primeira vez! Mas de resto....
A parceria de Holly Black e Cassandra Clare é uma das melhores que já vi, estou amando essa nova série delas. A leitura está sendo surpreendente, porque de alguma forma elas estão contrariando todos os padrões esperado de uma história fantasiosa, como o fato de terem criado um personagem principal que não se destaca e quer isso. É comum ver um protagonista que não quer atenção, mas um que sente inveja disso?
“-É incrível como ele responde a você, Aaron. Ele com toda a certeza parece domado. (...)
Call, atrás de Tamara, se sentiu invisível e incomodado com aquilo. Ninguém se importava com o fato de que Devastação era seu cachorro e tinha passado o verão perfeitamente domado por ele. (...) Ninguém se importava a não ser que Aaron estivesse envolvido.”
Estou amando isso! (Já disse?!) É tão confuso! E eu não sei o que esperar. E me surpreendo com o fato das autoras estarem focando na amizade e lealdade e não no romance (até agora ao menos, embora haja uma insinuação romântica para os próximo livros). E com a ousadia delas a cada final, por não terem enrolado para fazer com que todos – os que importam – descobrissem o segredo de Calum, (re)afirmando mais uma vez a amizade. (Nessa parte me lembrei de quando Sherlock é acusado de ser vilão e Watson diz que ninguém conseguiria ser tão canalha o tempo todo.)
“-Por que você falou aquilo antes? — perguntou Aaron. — Que você acreditava em Call?
-Porque ele tentou escapar do Magisterium — explicou Tamara. — Ele realmente não queria entrar. Se ele soubesse que era Constantine Madden, teria tentado se dar bem com os Mestres para espioná-los. Em vez disso, irritou todo mundo. Para completar, Constantine Madden era famoso por seu charme, e obviamente este não é o caso de Call.
-Obrigado. Isso alegrou meu coração.
-E, ainda — continuou Tamara —, existem coisas que não se pode fingir.”
Ler Magisterium está sendo como ler um livro pela perspectiva do amigo do protagonista: você o entende, você o compreende e você se sente mais próximo a ele do que ao protagonista, que nesse caso seria o Aaron, que é o típico protagonista, mas que na verdade é o personagem secundário e – talvez – o herói da história, já que Call é o vilão?! (Oi?)
“-Você nunca poderá escapar do Inimigo da Morte, Aaron Stewart — afirmou ela, e, apesar de parecer estar falando com Aaron, ela olhava para Call.”
Bem, mal posso esperar para terminar de ler a continuação (que eu nem sabia que já havia sido lançada, bem como o fato editora ter mudado e agora pertencer a Galera Record!) e saber o que me aguarda. Call é o vilão? Aaron é o herói? E a profecia dita no livro anterior? Quem morrerá? Quem viverá? Será que Call é realmente quem estar morto? Com Holly Black e Cassandra Clare, unidas nessa série, tudo pode ser possível!
“O Inimigo da Morte não estava nem um pouco mais morto que antes. Não dá para matar o monstro quando esse monstro está dentro de você.”
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http://sougeeksim.blogspot.com/2017/01/resenha-do-livro-luva-de-cobre.html