spoiler visualizarVanessa 04/07/2017
Apesar de Tudo
Gratidão pela vida, pela saúde, pela comida, pelo lar. Gratidão por todas as pequenas coisas do dia-a-dia que passam despercebidas, mas que, se nos forem tiradas, sentiremos muito. Assim como aconteceu com todos os judeus durante a 2ª Guerra Mundial. Uma cama para descansar, um banheiro para necessidades, uma roupa limpa, alimentos consumíveis... Tudo foi tirado daquelas pobres almas levadas aos campos de concentração, inclusive a dignidade.
Os bebês de Auschwitz é uma obra documental que retrata a degradação do ser humano pela fome, pela falta de saneamento básico, pelo medo. Todas aquelas pessoas desumanizadas, transformadas em animais, em espécimes para testes “laboratoriais”, em seres sem alma.
Apesar de tudo, três fortes mulheres resistiram bravamente a todo esse precário cenário em nome do amor por seus filhos. Só a natureza sabe do que uma mãe é capaz para proteger o fruto de seu ventre. Priska, Rachel e Anka provaram que o amor é capaz de milagres indescritíveis, e seus filhos, Hana, Mark e Eva, são os bebês que sobrevivem a todo o horror da guerra para mostrar ao mundo que é possível vencer o pior dos males: a insensatez humana.
Essa obra, mesmo com uma leitura densa, triste, além de levar às lagrimas, também faz refletir sobre aspectos positivos. As mulheres retratadas no documentário, narram a importância que davam aos estudos, à cultura, à arte em geral. Uma delas chegou a acreditar que poderia fazer algo de bom em meio a guerra por saber falar alemão. Outra foi ao cinema escondida e de maneira furtiva deu-se o prazer de assistir a um bom filme.
Assim, é possível perceber que a desumanização dos judeus pelos nazistas não se deu como um todo. Alguns conseguiram resistir a todo esse cenário grotesco e cruel, podendo dar ao mundo os seus testemunhos do horror imposto por Hitler em nome de uma insana purificação de uma raça supostamente superior.
Já disse Edmund Burke que “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”, ou seja, é fundamental aprendermos com o passado a não cometer os mesmos erros no futuro. Contudo, os povos que repetem os mesmos atos nazistas de décadas atrás não demonstram ter aprendido qualquer lição a respeito do maior genocídio da história da humanidade.
Hoje, diferentes povos digladiam-se, não nas mesmas proporções, mas continuam com os horrores das guerras civis e militares, exterminando-se em nome da soberania religiosa. Síria, Afeganistão, Paquistão, Irã, Iraque, Palestina e tantos outros veem suas populações diminuírem em virtude de chacinas sem explicação.
Criam-se campos de refugiados, pessoas tentam fugir de seus países e entrar ilegalmente em outros para não terem mais de presenciar cenas cruéis de violência gratuita. São praticamente os mesmos fatos testemunhados pelas mulheres de Auschwitz. Entretanto, elas venceram seus medos, optaram por viver e fizeram de tudo para salvar as vidas que carregavam consigo.
As atitudes de Priska, Rachel e Anka demonstram que a fé e a esperança são as melhores guias da humanidade em direção a um futuro de paz. Já Hana, Mark e Eva são a certeza de que, sim, tudo pode dar certo no final.