Mel 17/01/2020
Emocionante
Não sei se consigo expressar o quão ruim foi todos os momentos do Nazismo, desde o início ao fim, mas esse livro narra a realidade nua e crua de como foi com três jovens que viria a ser mãe nos campos de concentração nazista. E foi maravilhoso ter fotos desses momentos, o livro traz muitas imagens.
Não vou detalhar tanto sobre os personagens que aparecem no livro porque vai ser melhor se lerem e não quero tirar esse prazer de vocês. Mas... Conhecemos três jovens Prisca, Rachel e Anka. Sabemos onde elas nasceram e o que faziam e o principal: sabemos como foi toda a loucura do início do poder de Hitler. Várias leis restringindo a população judia de fazer várias coisas inclusive de atuar suas profissões, restringem o horário de ficar na rua, os locais que não devem passar e humilhantemente terem que usar um simbolo no peito mostrando que eram judeus. Passou-se a ter escola específica para judeus, onde muitas crianças passaram a frequentar e com o tempo apareceu fofocas, comentários sobre o desaparecimento dessas crianças, mas era tudo abafado.
A situação foi piorando cada vez mais, várias famílias recebiam cartas exigindo a presença de um dos membros. A partir dai, com a ameaça de terem que trabalhar, e com o constante desprezo da população contra os Judeus, várias famílias tentaram sair do país ou esconder-se na casa de amigos. O que era muito complicado, eles tinham um "J" em seus documentos que impediam de viajar.
Essas três jovens junto com o Marido foram pegas, felizmente, por sorte foi logo nos últimos tempos do regime, além do marido também algumas pessoas da família. Foram enviados à lugares de trabalho de fato. Mas em situação de exílio total, um lugar totalmente fechado, com muitos guardas, cão, e uma situação precária. Eram Guetos. De princípio essas três jovens e suas famílias não se conhecem, e vão para Guetos diferentes.
Eles passam a trabalhar o dia inteiro, um dos trabalhos que me lembro bem foi o de fabricar acessórios e roupas para os militares, a comida é o pior, eles tinham que terminar de trabalhar o dia inteiro para ai sim receberem comida como forma de pagamento e a comida era deplorável, tinha que trocar objetos que restavam consigo ou então encontrar comida estragada para fazer quando chegar nas casa. Os velhos ficavam em casa e logo morriam por falta de cuidados. Nas casas ficavam muitas famílias, muitas pessoas juntas, as condições não eram nada boas, e então começaram as deportações para os campos de concentração.
As deportações em carros de boi eram feitas com 3 ou 5 milhões pessoas por dia e esse número só foi aumentando. Foi nesse ambiente, onde já estavam se acostumando com a vida horrível que as mulheres engravidaram e mesmo sem ter certeza foram para os campos de concentração. Temos o olhar de cada uma até chegarem em Auschwitz, onde passaram pelo sorridente Dr. Josef Menguele de olhar frio indicando para a direita ou para esquerda e elas felizmente foram para a direita e sobreviveram.
Eu já havia feito inúmeras pesquisas sobre esse assunto porque o conhecimento que passam no colégio é quase nada, e a curiosidade me deixava louca e só consegui ter um vislumbre na crueldade nazista quando assisti um pouco do filme "Campos de Concentração Nazista" que vendo aquelas pessoas cadavéricas me deixou nauseada e pude sentir o cheiro da morte. Mas esse livro me deixou ainda mais curiosa e satisfeita ao mesmo tempo. E esse livro sim foi quase pior que ver as imagens no filme.
Mas o livro não acaba ai não, como três mães sobreviveriam nos campos de concentração? Queria poder dizer que a autora Wendy construiu personagens fortes e exemplos de pessoas guerreiras, mas a história é real, e Priska, Rachel e Anka foram mulheres fortes. Elas tinham esperança, cada uma arrumava forças de onde não tinham e venceram cada dia de luta. Lembro de Tibor dizendo para Priska só ter pensamentos bons, ela fazia isso, evitava pensar no que estava vivendo e focava em coisas boas. Ou outra delas, pensar sempre nas frases de Scarlett O'hara inspirando-a que a amanhã seria um dia melhor. Elas queriam viver, queriam poder ter o bebê que carregavam.
No campo, é detalhado tudo desde descerem do vagão que viajara praticamente três dias sem
nenhum tipo de alimento, são separados homens de mulheres então passamos a ter a perspectiva somente do que ocorreu com as mulheres. Eles raspam a cabeça delas, depilam e cada uma perdem suas roupas e tomam um banho só com água vestem uma roupa qualquer de outra pessoa que eles dão, algumas sem roupa de baixo e o pior é o calçado. Tinham que trabalhar todos os dias até sua morte com o calçado que recebiam e a maioria era salto.
As refeições era dado um "café" com água amarelada de gosto ruim, um pedaço de pão e sopa com ingredientes estragados. Era muito regrado, elas trabalhavam muito de modo que perder peso era muito fácil, dividiam a cama com mais 4 pessoas em triliches, cada cama havia cinco pessoas é isso mesmo. É tudo muito chocante e angustiante. Elas eram acordadas durante a madrugada e também a noite eram contadas, tipo uma chamada duas vezes ao dia no frio intenso ou na chuva sem nenhum agasalho e nem nada, andando de salto e com um fiapo de roupa que nunca era trocado e às vezes uma vez na semana era lavado. Imaginem o frio que é um lugar que neva.
Sei que é tenso o livro. Ocorre mortes e mais mortes, muito piolho, tifo, suicídio... Mas então já perto do fim do nazismo algumas mulheres aptas para trabalharem são enviadas para uma fabrica, onde passam a trabalhar lá também na construção de aviões já que estava em falta em plena Segunda Guerra Mundial. Sem querer dar spoiler ou contar mais ainda dos detalhes da história, chega um momento que é necessário os militares meio que fugirem, apagar as evidências e tudo mais. Então começam a ir para outro lugar e nossas três mulheres são as últimas a irem. Passam por alguns lugares muito importantes e vão para o Campo de concentração de Mauthausen.
E eu achando que Auschwitz era o pior campo de concentração que tinha, eu estava muito enganada, pior ainda é esse campo de Mauthausen, onde era enorme - abrigando um número chocante de pessoas - e as pessoas eram obrigadas a prestarem serviços aos militares que estavam estabilizando uma vida ali, e ainda trabalharem pra morrem dentro do campo. Tinha muitos métodos de tortura registrado, muitos meios de morrer lá dentro e... Caramba é chocante demais. Atualmente é um lugar turístico que quero muito, muito visitar.
Confiram a resenha completa no Blog
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