tdethalyta 26/05/2022Este livro despertou a minha autoestima - com aviso de onde começam os spoilers É interessante ver que cheguei até 74% e me parece que "não aconteceu nada", quero dizer, eu não me envolvi tanto, estava lendo consecutivamente esperando um desenvolvimento, o momento do clímax (que assim, não chegou muito). O que eu cheguei a sentir foi raiva e, como em qualquer livro, botei as sinapses para trabalharem e fazerem teorias, ainda assim não significando que me conectei, eu fui mais na vibe "deixa a vida me levar".
Se você não gosta de spoilers, vou resumir em: o livro é fraco, não é difícil descobrir os grandes plots, e tem furos; não há um desenvolvimento, não consigo aceitar a "redenção" de um dos protagonistas, as motivações e a "cereja" do bolo (uma relação) me soou mais como se estivesse lá só para chocar (mesmo sendo útil para a narrativa), ficou muito "ó, toma isso aí na sua cara". Além disso, a protagonista é a típica empoderada independente que não pode ver um homem que já joga toda a razão básica no lixo. Considerando esses pontos, eu resolvi ter autoestima e abandonar a obra.
Na parte com spoilers, vou destrinchar o porque odiei tanto e quais furos notei.
COM SPOILERS (inclusive do final no filme e livro, além do que eu li antes do final):
- A primeira coisa que eu acho sem sentido, e até burra, é a mãe da menina tê-la avisado do perigo 14 anos antes de Edith conhecer o Thomas e, até mesmo quando ela o conheceu aos 24 anos, com uma frase sem contexto, fica um ar de irrelevância/inutilidade para esses acontecimentos porque não ajudam EM NADA. Só estão ali.
- Quando ela o vê, apesar de ser uma mulher independente que está reclamando de ter que fazer sua personagem se apaixonar à primeira vista, fica abobada por um cara que nem conhece e, mesmo sabendo ser pretendente da irmã de seu melhor amigo, fantasia ser amada por ele (essas partes dão muita vergonha alheia); sei que não se passa nesse séc (apesar de não ter relevância em qual se passa), mas a menina podia ter mandado investigar o cara, ficado desconfiada de um aristocrata com indícios de decadência financeira estar flertando com moças ricas.
- Após já estar casada e em Allerdale Hall, Edith finalmente entende que os avisos fantasmagóricos de sua mãe sobre a Colina Escarlate referem-se a propriedade do marido (pô, a tia podia ter usado o nome oficial), mas ela não sai correndo e continua na vibe "é tudo coisa da minha cabeça". Se fosse, como a garota teria criado uma visão de sua mãe falando um nome que nunca havia ouvido e que, COINCIDENTEMENTE, é o da casa dos Sharpes? Era óbvio que devia fugir dali naquele momento, todavia ela precisava seguir a máxima de ser burra como toda personagem do gênero.
- Quando a casa finalmente caí, pelo menos no filme, Lucile diz que eles sempre escolhiam mulheres sem família para ninguém vir atrás delas. No entanto, Thomas chegou nos USA como pretendente de Eunice que possui vários parentes (óbvio que o Alan também atravessaria o oceano por ela), cadê o nexo? E a Edith fica intrigada e procurando respostas porque chega uma carta de uma prima da Enola, ou seja, outra com parentes.
- Após Edith descobrir que os irmãos matavam esposas ricas para se manterem e eram amantes, ela ainda pensa que Thomas a ama e, quando está fugindo de Lucile, resolve ouvi-lo quando diz para ela esperá-lo no elevador e lhe dar uma chance de fazer a coisa certa.
- O grande motivo do pobi do Thomas não querer que a irmã mate Edith é que ela não é interesseira. É isso mesmo. O cara que enredava damas bobinhas e deixava sua irmã matá-las para ficarem com a herança acha que as 3 primeiras mulheres não eram dignas de pena porque ELAS ERAM INTERESSEIRAS... Eu sei que elas olharam para seu título e beleza e o fantasiaram como um príncipe encantado, mas isso é mais honroso que olhar para o dinheiro e matar por isso. Era melhor ter deixado só no "ELa é DifEReNtE DaS oUTrAS".
Saindo dos furos e só comentando, eu reconheço que faz total sentido e utilidade para a história Lucile e Thomas serem incestuosos, mas é uma informação somente atirada, não tem uma explicação, um aprofundamento da psicologia dos personagens que seria interessante e até necessária para - ao menos eu - pensar em engolir a redenção do Thomas, eu tive que trabalhar com os meus neurônios para entender o porque ele ganhou essa passação de pano e ainda assim não gostei. Porém, vou comentar o que entendi disso: Lucile soa bem psicopatinha (parece que tentam justificar com a criação problemática - que não é tão bem especificada - e até pode ter sentido, só não é obviamente justificável); ela é manipuladora e dominadora, cresceu protegendo Thomas e parece usar isso a favor dela, ele sente que deve tanto a irmãzinha que se torna sua sombra (acho até que ela pode ter iniciado o romance); quem fica com todo o trabalho sujo (envenenar esposa, matar esposa, matar cachorro) é ela, que faz numa boa enquanto o irmãozinho que não consegue lidar com isso passeia pela cidade e cavalga. Então, ela seria uma alma nefasta e o pobre do Thomas teve a infelicidade de nascer com essa irmã e, sem outra opção, o coitado precisou ser cú.mpli.ce e amante dela - e, também, engravidá-la (a única coisa que eu não descobri antes de ser revelada, além de que sua irmã lhe mataria por ciúmes e seu fantasma ajudaria Edith, parabéns por isso, livro - é ironia). Como ele resolve salvar 1/4 mulheres, merece redenção e a tonta da Edith ainda parece terminar grata e até o amando (isso é mais forte no filme).
Pelo menos no livro (apesar de ser blézinho como fazem) Edith percebe que ama seu melhor amigo e parece que o pobi do Alan que atravessou o oceano e levou duas facadas por essa mulher finalmente ficará com ela. É isso, esse é o livro.
Em uma frase: uma perda de tempo.