Marina 31/08/2011
“Mia Senhora,
És de lua e beleza,
És um pranto do avesso,
És um anjo em verso,
Em presença e peso.”
(Trecho da música “Sina Nossa”, d’O Teatro Mágico)
Este trecho pode, de certa maneira, ilustrar a imagem que José de Alencar nos fornece sobre Aurélia, a figura feminina de “Senhora”.
A obra possui um enredo inusitado, juntamente com as personalidades marcantes dos protagonistas Aurélia e Fernando Seixas, que vivem um drama desencadeado pelo amor e pelo interesse financeiro, contracenado no palco de uma sociedade corrompida.
Apesar de se tornar muito rica de repente, Aurélia não se deixa levar pelas futilidades que o dinheiro pode oferecer. Desde o início, ela se mostra convicta em relação ao destino de parte de sua fortuna. Aurélia é uma mulher à frente de seu tempo, decidida, determinada, persistente, inabalável, feminina - e quase feminista- e forte, acima de tudo. ELA É SENHORA DE SUA PRÓPRIA VONTADE, DE SEUS ATOS, DE SEU DESTINO, DE SUA VIDA.
Seixas, por sua vez, é um fraco, pois se deixou manipular pelo dinheiro. Por mais que possam existir razões para tal ato, nada justifica sua postura egocêntrica.
O que fornece à história a crença na esperança é o fato de que, apesar de todos os conflitos, o objetivo principal é alcançado: Seixas consegue enxergar e reparar os seus erros, salvando assim sua dignidade e o sentimento que o une à Aurélia.
“Senhora” possui traços contemporâneos, pois retrata as mazelas da sociedade e seus jogos de interesse, além de ser uma história de amor incondicional. É lírica, verdadeira e mostra que a busca pela felicidade e a redenção são possíveis em todas as suas formas, ainda que tardias.