Sil 14/11/2016
LIVRO DE FILME PREMIADO!
Olá pessoal,
Hoje a dica é de um livro bem diferente, um livro de um filme premiado no Oscar: O Regresso.
Hugh Glass, o “mocinho” da nossa história, é um membro da Companhia de Peles Montanhas Rochosas. Este grupo desbrava locais inexplorados á procura de animais para a comercialização de peles. A companhia não tem tido muito sucesso, na verdade estão constantemente tendo graves problemas de sobrevivência, e os boatos que correm é que todo esse azar se deve ao comandante Henry, líder da companhia. A má sorte e o infortúnio tem o acompanhado há tempo: em todas as suas incursões, perdeu homens ao seu comando e teve prejuízos financeiros muito altos.
Em uma dessas incursões, Glass, o responsável por caçar para alimentar os homens, é atacado por uma ursa cinzenta. O embate é violento, Glass consegue matar a ursa, mas a um preço terrível: é encontrado por seus companheiros quase morto. O comandante Henri (sabendo do seu constante azar), sente-se muito culpado e decide cuidar de Glass em suas últimas horas de vida. O problema é que Glass se nega a morrer, ele resiste bravamente durante dias. Diante desse quadro, a companhia se vê em um dilema: deixar um homem praticamente morto, porém ainda vivo par trás, ou ficar e esperar ele morrer (coisa que ninguém duvida que irá acontecer), mas correr o risco de ser atacado pelos índios que habitam a região, e serem castigados com a chegada do implacável inverno?
O comandante designa então dois homens para que eles fiquem com Glass até que este se vá para “um lugar melhor”. Sob o recebimento de uma recompensa, Fitzgerald (um vadio de má índole, escória da terra) e Bridger (um garoto medroso e inexperiente), resolvem ficar e dar um enterro digno para o semi morto. O problema é que na primeira adversidade, ambos dão o fora, deixando Glass sem nada para se defender ou sobreviver.
É diante desse quadro que Glass encontra forças para se arrastar adiante. Um sentimento muito forte de vingança o invade, e ele jura que irá caçar os dois traidores até a morte. Mas ele sabe que primeiro precisa se recuperar fisicamente, pois nessas condições não terá chance alguma contra os dois fujões. O fato de Glass querer se vingar dos dois pode parecer injusto para algumas pessoas (pois estes também corriam o risco de serem atacados e mortos), mas penso que eles poderiam ao menos ter deixado uma arma, uma faca e um cobertor para ele, mas isso não ocorreu: o roubaram e fugiram com tudo, deixando-o á mercê de qualquer predador ou índio mal intencionado.
Temos então páginas e páginas sobre lições de caça, construção e sobrevivência (particularmente gostei muito dessas lições, mas pode ser que não agrade algumas pessoas). Glass passa por poucas e boas para conseguir se alimentar e viver, porém sempre em perigo: animais selvagens, índios inimigos, o inverno implacável…
Eu simplesmente adorei essa leitura! Devo confessar que ás vezes tenho profundos desejos de vingança diante de alguma injustiça. Mas na verdade, quem nunca ne?
Este livro foge bastante do que tenho lido ultimamente. Uma leitura muito proveitosa e prazerosa. Dica para aqueles que como eu, querem fugir das leituras convencionais.
No final do livro, o autor Michael Punke conta que todos esses personagens existiram (é o que dizem os registros da época), e que Glass realmente foi atacado por uma ursa cinzenta e sobreviveu. Alguns outros detalhes são pura ficção para apimentar a história, o que não tira em nada o mérito da obra.
Livro mais que recomendado.
PS: Se você está procurando muita semelhança com o filme, pode se decepcionar: Glass não tem um filho índio e toda aquela “pegada” espiritual indígena é inexistente no livro.
Abraços
Quotes:
“A ursa ficou de quatro e o atacou. Glass se encolheu, tentando desesperadamente proteger o rosto e o peito. Ela mordeu a sua nuca e o levantou do solo, balançando-o com tanta força que Glass pensou que sua coluna fosse quebrar. Sentiu os dentes da ursa esmigalhando o osso de sua omoplata. As garras penetravam repetidamente na carne das costas e no couro cabeludo dele. Ele gritou em agonia. Ela o deixou cair, depois cravou os dentes em sua coxa e o balançou novamente, erguendo-o e o atirando ao solo com tanta força que o deixou atordoado- consciente, mas incapaz de resistir”.
“Professeur encarou com uma fascinação horrorizada as penas das flechas. De repente, não conseguiu sentir as pernas e percebeu que estava caindo para trás. Ele ouviu seu corpo tocar o chão gelado de forma brusca. Nos breves momentos antes de morrer, pensou: Por que não está doendo?”
“Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar á ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Rom. 12:19”.
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