vinicius.fagundes.93 25/03/2017
Holy Cow, Uma Aventura Animal
Holy Cow é uma comédia escrita por David Duchovny, mais conhecido por sua carreira de ator nas séries Arquivo X e Californication, publicado pela Editora Record em 2015. O livro conta a história de Elsie Bovary, uma vaca que vive uma vida tranquila em uma fazenda no estado de Nova York.
Numa noite, Elsie e sua amiga Mallory decidem sair escondidas do pasto onde vivem. Enquanto Mallory via flertar com os touros, Elsie acaba indo em direção a casa onde vive o fazendeiro, e vê na televisão como as vacas são tratadas no mundo dos humanos, e como são mortas para virarem comida.
Elsie, acompanha de Jerry, um porco que se converteu ao judaísmo, e Tom, um peru que não sabe voar, mas sabe usar um IPhone, resolve então fugir da fazenda, e ir atrás do único lugar do mundo onde as vacas são tratadas com o respeito que merecem: a Índia.
Em primeiro lugar, vamos falar da narração. O livro é narrado em primeira pessoa por Elsie, quase como se fosse uma autobiografia dela. Esse estilo de narração pode ser muito legal, quando é bem utilizado, já que cria um diálogo direto entre o narrador e o leitor. Infelizmente, isso não acontece nesse livro.
A narração de Elsie é dispersa demais, e salvo alguns momentos mais divertidos, é cheio de piadinhas sem graças e referências aleatórias. No contexto da história, isso é explicado como sendo uma recomendação da “editora” da Elsie, mas isso não melhora muito a situação, principalmente porque as piadas são bastante repetitivas. A história em si não é ruim, é até bastante criativa. Mas as interrupções constantes irritam, e a piada da editora perde a graça logo no começo.
Elsie como protagonista não é ruim, mas deixa muito a desejar. Isso é um problema que eu tive com a maioria dos personagens desse livro: eles não são personagens, são piadas recorrentes. Eles existem apenas para repetir as mesmas piadas várias vezes seguidas. Isso cansa, poxa!
O maior problema que tive com o livro é que ele parece estar confuso sobre o seu objetivo. Fica difícil definir o livro como uma comédia porque ele é bastante focado em apresentar lições de moral, em assuntos sérios como o vegetarianismo e até racismo. Ao mesmo tempo que isso acontece, existem cenas totalmente sem noção, como quando o porco Jerry, que se rebatiza de Shalon, procura um médico para realizar sua circuncisão. Esse tipo de contraste poderia ser bastante engraçado, mas não funciona tão bem nesse livro e tudo fica muito desconexo.
Esse lance de tema sério + conceito irreverente já foi feito antes, e de forma muito melhor. Pra dar um exemplo do cinema, os filmes do diretor Mel Brooks, principalmente Banzé no Oeste que é excelente apesar do titulo, tratam de temas como racismo e até o nazismo, sempre com um humor muito inteligente. Holy Cow, por outro lado, parece mais desleixado e feito as pressas.
No geral, Holy Cow é um livro extremamente confuso. A história interessante e o conceito original acabam apagados em comparação com a narração cansativa e as piadas repetitiva. Apesar de alguns momentos divertidos, é uma comédia pouco satisfatória. Eu queria realmente ter curtido mais a leitura, principalmente por curtir bastante a carreira de autor do David Duchovny, mas realmente não deu pra mim.
Tenho a impressão que o autor teve a ideia pra esse livro quando estava bébado e fez uma aposta consigo mesmo pra ver se conseguia completa-lo antes de ficar sóbrio. Infelizmente, eu não curti, mas quem sabe você não acabe curtindo?
site: http://laoliphant.com.br/resenhas/holy-cow-por-david-duchovny