Preconceito Linguístico

Preconceito Linguístico Marcos Bagno




Resenhas - Preconceito Linguístico


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Cylêda 01/05/2011

Eu pensava que não sabia falar o português!
Este é um dos meus livros de cabeceira, um livro que me ajudou muito a criar argumentos pra defender nossa imensa e inacabada lingua. Sou fã incondicional do nosso extenso e mutável vocabulário. Nossa querida lingua portuguesa que dá a cada um de nós independendo do nosso nível cultural, social, e acadêmico a possibilidade de criar, variar e tranformar palavras de acordo com a vivência de cada um."


Aqui Marcos Bagno acaba com o mito que brasileiro nao sabe falar português.

Recomendo,e por favor, leia desarmado(a), assim entenderá de uma forma mais clara que nunca podemos afirmar que fulano fala um português perfeito.


Uma observação: lingua falada e lingua escrita deve-se observar e julgar de formas diferentes se formos levar em conta a diversidade de nosso povo e extensão de nosso pais.
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Lílian 30/08/2012

Quando comecei a estudar Linguística fiquei encantada com os conceitos e com o distanciamento da norma padrão. Adorei a idéia de que os falantes e os falares legitimam a língua nas suas mais diversas manifestações e de que a aplicação da língua não pode ser separada do seu contexto sócio-econômico-cultural de realização. Bagno traz à tona aí as diversas situações em que cometemos preconceito linguístico, já que a língua é um dos mais fortes instrumentos de dominação e exclusão.
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Vânio 06/12/2009

FICHAMENTO
1. Identificação Bibliográfica.
BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz. 50ª ed., São Paulo: Edições Loyola, 2008.

2. Objeto.
O preconceito lingüístico na sociedade brasileira.

3. Objetivos.
“O preconceito lingüístico está ligado, em boa medida, à confusão que foi criada, no curso da história, entre língua e gramática normativa. Nossa tarefa mais urgente é desfazer essa confusão.” (p. 19).

4. Metodologia.

5. Fontes.

6. Principais Conceitos.
"O preconceito lingüístico se baseia na crença de que só existe [...] uma única língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogadas nos dicionários. Qualquer manifestação lingüística que escape desse triângulo escola-gramática-dicionário é considerada, pela ótica do preconceito lingüístico, 'errada, feia, estropiada, rudimentar, deficiente'” (p. 56).

7. Principais Conclusões.
"[..] também existe o preconceito contra a fala características de certas regiões. É um verdadeiro acinte aos direitos humanos, por exemplo, o modo como a fala nordestina é retratada nas novelas de televisão [...] Mas nós sabemos muito bem que essa atitude representa uma forma de marginalização e exclusão." (pp. 59, 60). “Vamos abandonar, portanto, a idéia (preconceituosa) de que quem escreve 'tudo errado' é um 'ignorante' da língua. O aprendizado da ortografia se faz pelo contato íntimo e freqüente com textos bem escritos, e não com regras mal elaboradas ou com exercícios pouco esclarecedores.” (pp. 162, 163).

8. Comentário Pessoal.
Doutor em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), Marcos Bagno também é tradutor, escritor e lingüista, autor de vários livros. Em “Preconceito lingüístico - o que é, como se faz”, Bagno procura desfazer a idéia preconceituosa de que somente quem fala de acordo com a Norma Padrão estabelecida é quem fala a língua corretamente, não levando em consideração as mudanças e variantes porque passa a língua, que é viva. O preconceito lingüístico, portanto, é fruto de uma visão de mundo estreita, inspirada em mitos e superstições que acabam por perpetuar os mecanismos de exclusão social. Ele é alimentado diariamente em programas de televisão e de rádio, em colunas de jornal e revista, em livros e manuais que pretendem ensinar o que é “certo” e o que é “errado”, e ainda também através dos instrumentos tradicionais de ensino da língua, ou seja: a gramática normativa e os livros didáticos.

9. Palavras-Chave.
Preconceito lingüístico, norma-padrão, Gramática Normativa, Lingüística.
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Sarinha 22/09/2012

Gramática versus Linguística
Um livro brilhante, escrito por uma pessoa que demonstra ter um conhecimento admirável a respeito do tema proposto. Marcos Bagno aborda questões marcantes do preconceito linguístico, mostra sua visão crítica sobre o tema e nos faz pensar sobre o fenômeno linguístico de forma científica, e não excludente (socialmente falando). Com argumentos bem embasados ele derruba as visões retrógradas do uso da "norma culta", e os mitos quotidianos acerca do uso da língua. Um livro interessantíssimo que todo brasileiro deveria ler, para que essas ideias possam ser difundidas e para que os velhos paradigmas gramaticais sejam quebrados.
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Moy 25/12/2009

O PRECONCEITO NA UTILIZAÇÃO DA LÍNGUA E SUAS RELAÇÕES SOCIAIS.
Marcos Araujo Bagno nasceu em Minas Gerais na cidade de Cataguases, formou-se em Letras e como Mestre em Lingüística pela Universidade Federal do Pernambuco, obteve sua pós graduação de Doutorado em Língua Portuguesa e em Filologia pela USP (Universidade de São Paulo), e exerce a função de professor no Departamento de Lingüística do Instituto de Letras da Universidade de Brasília. Como tradutor, lingüista e escritor investiga as relações da Língua Portuguesa e a aplicação da mesma nas instituições de ensino no que tange as questões socioculturais através de pesquisas, divulgações cientificas e mais de trinta livros publicados.
Tornou-se militante contra a discriminação social disseminada através dos mitos e preconceitos presentes na aplicação e utilização da língua portuguesa; ao ministrar algumas palestras no ano de 1998 a respeito desse tema escreveu o livro publicado pela Editora Loyola (Preconceito Lingüístico – O que é, como se faz), obra na qual nos auxilia a separar a língua da gramática normativa.



Através do livro Preconceito Lingüístico - O que é, como se faz, Marcos Bagno apresenta a realidade atual da Língua Portuguesa e como desconstruir os mitos e preconceitos em torno dela.



A organização e apresentação da Obra em sua 16ª edição esta articulada em quatro partes:



I - A mitologia do Preconceito Lingüístico.


II - O circulo vicioso do Preconceito Lingüístico.


III- A desconstrução do Preconceito Lingüístico.


IV- O preconceito contra a Lingüística e os lingüistas.


- Além das “Primeiras Palavras” do autor (introdução), uma Carta a revista Veja e as referencias da obra.







I - A mitologia do Preconceito Lingüístico.






Por uma razão cultural, o português falado no Brasil possui particularidades e variações, em que as instituições de ensino por não analisar a “Questão Social”, ou seja, as injustiças conseqüentes da exclusão social erram ao tentar impor a “norma culta” como algo de acessibilidade uniforme para todos. Um exemplo é o fato de que as diretrizes normativas que regulamentam as relações sociais do Estado Brasileiro não são compreendidas por grande parte da população que, cada vez mais, torna-se alienada dos seus direitos a começar pela linguagem em que tais direitos são descritos.



O que se confunde é a diversidade cultural presente entre Brasil e Portugal, originando uma variação em relação ao português brasileiro e português lusitano, e a grande diferença entre gramática normativa e língua. Alguns professores culpam os alunos por não compreenderem as regras gramaticais, mas a realidade não interpretada por esses profissionais é que o Brasil possui uma população muito maior que Portugal, trazendo assim uma maior variação da língua que “não se estagna, sem sofrer mudanças ao longo dos anos”.



Através da gramática tenta-se normatizar a língua embasando-se em protótipos divergentes da realidade. As normas portuguesas são desproporcionais no que tangem as experiências dos brasileiros com a língua e que muitas vezes recebem uma formação escolar tão oposta ao relacionamento que se tem no cotidiano com a língua, aumentando assim os índices de “analfabetismo funcional”.



A manifestação da língua fora dos “dogmas gramaticais” expostos pelo autor como um “triangulo = escola – gramática – dicionário”, é vista como atitude “heresiática”. Com esse viés é propagada e ridicularizada de maneira tendenciosa e preconceituosa através de representações da teledramaturgia, como por exemplo personagens nordestinos sempre inclusos nos núcleos cômicos das tramas.



Marcos Bagno debate a idéia de centralização da língua que visa caracterizar uma região como a “melhor ou pior”. Através de observações em relação à língua mostra que as variações lingüísticas do Maranhão vistas para alguns gramáticos como a mais próxima do português falado em Portugal, em relação ao restante do país são como as que ocorrem entre o português lusitano e português “tupiniquim”, que sofrem mudanças conforme as experiências e necessidades entre a população.



A partir de um preconceito obrigam-se os alunos a pronunciarem da mesma maneira em que escrevem, gerando orientações aos professores até mesmo através de materiais didático, a repreenderem a todo o custo quem utiliza as palavras diferentes da forma escrita; naturalmente tal variação lingüística dada pelas culturas não deve receber repressão do padrão ortográfico que tem seu valor na língua escrita. Já que o alfabeto e a ortografia são tentativas de representação da fala e não se consegue em nenhum idioma estabelecer com precisão gráfica e expressar no “papel” todos os sentimentos e emoções existentes em relação ao que se fala, a pronuncia conforme a escrita torna-se algo incoerente para se aplicar no cotidiano.



A gramática ao longo da história perdeu sua função inicial de estabelecer um “padrão” a partir das experiências da língua, e se tornou um meio de “controle” da fala, trazendo o dogma que para a utilização da língua é preciso ter como única referencia a gramática normativa, tornando-se para os gramáticos uma visão “fundamentalista radical” assim como para os adeptos das religiões monoteístas.



Marcos Bagno ao fazer uma analogia da língua e a gramática normativa em relação aos fenômenos da natureza expõe com clareza as diferenças entre as normas e as variações da língua através do exemplo do “Igapó”, um fenômeno presente na Amazônia em que se consiste uma porção de água represada na margem de um rio – o rio simboliza a língua que corre em um fluxo livre, uma vez que a gramática normativa não passa de uma velha poça de água inerte, que se renova apenas nas cheias.



O autor desmistifica que o domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social, expondo tal incoerência através da simples reflexão na qual os professores de língua portuguesa estariam então ocupando a “cúpula do poder” na sociedade, pois teoricamente são os quais “melhor” dominam a norma culta, do contrário, outros cidadãos como, por exemplo, um fazendeiro que possua alguns rebanhos de gado-de-corte, não obtendo mais que os primeiros anos dos ciclos do ensino fundamental e fazendo uso de um português “incorreto” perante a gramática, pode ter uma ascensão financeira, política e social maior e com mais facilidades que um professor de português, o que nos possibilita compreender que, não é a aplicação das regras da norma culta na fala do individuo (muitas vezes alienado dos seus direitos que não são garantidos), que fará com que esse cidadão “suba na vida”.





II- O circulo vicioso do Preconceito Lingüístico.





Marcos Bagno no segundo capitulo do livro critica a continuidade do preconceito lingüístico estabelecido na sociedade através de um mecanismo que ele chama de “circulo vicioso”, constituído pela gramática tradicional, os métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos. A gramática tradicional se torna a fonte das praticas de ensino que por conseqüência fomenta a indústria dos livros didáticos que são editados por orientação da gramática tradicional. Tornando-se assim um circulo vicioso.



Marcos sita um pouco sobre a vida de um defensor intransigente da língua portuguesa “padrão”, o professor Napoleão Mendes de Almeida que faleceu aos oitenta e sete anos em 1.998 deixando um legado de intolerância e autoritarismo. Critica com bastante propriedade as orientações preconceituosas de Luiz Antônio Sacconi em seu livro (Não erre mais!), no qual segundo Bagno dispõe apenas de dados inúteis e sem critérios; pontua de maneira desmistificadora o texto “português ou caipires?” de Dad Squarise, que segundo ele reuni os preconceitos sociais, étnicos e lingüísticos em poucos parágrafos. Mostra através de reflexões que o preconceito é fruto da ignorância.






III- A desconstrução do Preconceito Lingüístico.






Marcos Araujo Bagno salienta na terceira parte do livro pontos, como “O reconhecimento da Crise no ensino da língua, A necessidade de mudança de atitude, O que é ensinar português, O que é erro, Paranóia ortográfica e como Sobreviver ao preconceito lingüístico”.



O autor mostra que a norma culta não esta bem definida gerando assim uma crise na aplicação do ensino da língua, e que existe uma grande necessidade de conscientização e mudança de atitude a respeito das imposições conservadoras que reprimem e menosprezam o nosso saber lingüístico individual, partindo dos professores que não podem aceitar tais imposições, até o questionamento “critico/analítico” individual dos cidadãos brasileiros.






IV- O preconceito contra a Lingüística e os lingüistas.





Bagno se refere ás criticas que Pasquale Cipro Neto (gramático de renome na mídia), fez aos lingüistas tratando-os como idiotas e ociosos (sem o que fazer). Ficam explícitos os questionamentos do autor em relação aos interesses das classes dominantes que, tentam calar a voz, abafar a função dos lingüistas e por conseqüência continuar alienando os cidadãos até mesmo com a língua.







Conclusão:







O autor relata a realidade da língua portuguesa falada no Brasil, herdada historicamente de Portugal e ainda tão presa as raízes coloniais, disseminando cada vez mais os mitos e preconceitos na utilização da mesma por razão dos abismos existentes entre os “detentores da norma culta” e os “sem língua”.



Tais mitos constituídos ao longo da história como imutáveis, e fundamentais para a segregação da exclusão social, são impostos por uma minoria elitizada que alimenta um “circulo vicioso” para resguardar e manter uma cúpula de conservadores, que através da mídia tendenciosa exploram a alienação dos leigos para propagar os dogmas fundamentais para a dominação daqueles que não sabem os seus direitos e deveres, por mal conhecerem as linguagens de tais diretrizes.



Esses conservadores são os quais de todos os meios e “poderes”, fazem as criticas e perseguições aos profissionais sérios e comprometidos com a ascensão da cidadania e promoção do reconhecimento efetivo do saber puro, livre e individual da língua.







Biografia disponível em: http://www.dicionariodetradutores.ufsc.br/pt/MarcosAraujoBagno.htm, 22/10/09.







Bagno, Marcos, Preconceito Lingüístico, 16°Edição, São Paulo. Editora Loyola, 1999.



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Marcelo Aceti 06/12/2009

Uma ideia a ser trabalhada - e corrigida
Uma leitura atenta, que busque confrontar o posicionamento de Bagno com outros teóricos aos quais ele se opõe, revela que, apesar de esta obra ter uma linguagem que muitos chamam de simples, é preciso ter conhecimento do contexto no qual se insere seu discurso para não ser induzido às conclusões do autor sem crítica, pois "Preconceito lingüístico: o que é, como se faz" é tendencioso e conduziria um leitor desatento à aceitação de seu discurso político sem contestações; é possível notar que essa dita luta pelo fim do preconceito lingüístico apresentada no livro acaba dando pistas - a partir das situações apresentadas - de que uma inversão pode ocorrer, passando-se a discriminar quem, em situações cotidianas, cuida para expressar-se de acordo com a norma, quem acha que a escrita não é apenas um código de representação e que sua história não pode ser simplesmente desconsiderada.
O fim do preconceito linguístico não é uma questão meramente linguística, ou sociolinguística; é, sim, uma questão linguística e social, mas é também política, econômica, de mercado etc. Este maravilhoso mundo de aceitação "proposta" por Marcos Bagno não se concretiza e alguém que queira vivenciá-la, sem medir suas possibilidades nem distinguir o que é apenas apelo, pode sofrer sanções que não são impostas por gramáticos ou linguístas, mas pela própria sociedade, que os elege como autoridades em termos de língua e discurso.
Um gramático não obriga o povo a aprender a norma apresentada por ele; o povo busca a gramática - ou algo ou alguém que a valha - para questionar "como é" a língua.
Por fim, nas entrelinhas, o que se apresenta é a discriminação dos que não aceitam esta proposta anarquista, que, ainda que entendida como correta por alguns, não pode ser aceita sem discusão e diálogo.
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Eduardo 04/10/2009

Preconceito linguístico
apesar de não ser o melhor linguista brasileiro, Bagno é o que melhor representa as teorias sociolinguísticas. É direto, seu estilo é simples, sem muitos aspectos teóricos difíceis.
Leitura recomendada a todos. Sem exceção. Todo brasileiro deveria ler, para entender melhor sua língua e vê-la de outra forma. Há tanto preconceito envolvendo a língua e esse livro tenta acabar com isso. Enfim, leiam.
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Jéfte Amorim 19/10/2009

Rompendo paradigmas: repensando preconceitos sociais na defesa da identidade lingüística brasileira
(por Jéfte Sinistro)



“Preconceito lingüístico: o que é, como se faz”. Já o nome traz à tona uma reflexão sobre uma realidade vivida, muitas vezes inconscientemente, no cotidiano do povo brasileiro. Não à toa é a obra mais conhecida, já em sua 51ª edição, lançada pelas Edições Loyola, do professor do Instituto de Letras da UnB, Doutor pela USP, escritor conhecido e premiado nacionalmente, lingüista e tradutor, Marcos Bagno. Trata-se de uma obra voltada à defesa do estudo da lingüística nas práticas cotidianas e à revisão de paradigmas sociais voltados à língua, rompendo com a visão elitista desta e enfatizando métodos práticos que favorecem a democratização dos usos da linguagem.



Logo de início, ao apresentar sua obra, o autor fornece uma breve reflexão sobre tema, trabalhando, inclusive, o preconceito dirigido aos indivíduos ao se impor uma maneira “certa” de falar e as falhas na terminologia comumente utilizada, que deixa margem a interpretações ambíguas, como o uso do termo “norma culta”, que pode ser utilizado tanto para determinar a norma padrão idealizada quanto para definir a maneira como realmente fala a “classe culta”, urbana, socioeconomicamente favorecida.



Tendo introduzido o leitor ao assunto, são "servidos" oito mitos – oito máximas – comumente utilizados e largamente difundidos, em especial pela mídia e pelos defensores de uma gramática normativa morta e conservadora, em nosso convívio social, como o clássico “português é muito difícil”. Tais mitos dizem respeito à confusão entre língua e gramática normativa, ao conservadorismo por parte de alguns gramáticos, ao desuso da norma padrão e à discriminação geográfica, histórica e social, além da oralidade e a própria autodiscriminação.



É essa mitologia que dá base a todo o livro. Refutando, fundamentado em sólidos argumentos sociológicos e lingüísticos, afirmações – às vezes claramente preconceituosas e separatistas – de gramáticos conservadores de renome, que segundo ele alimentam “comandos paragramaticais”, atuantes no “círculo vicioso do preconceito lingüístico”, o autor deixa claras as lacunas deixadas pelos métodos da gramática tradicional.



O círculo vicioso do preconceito lingüístico se dá numa relação tríplice: a gramática tradicional inspira as práticas tradicionais de ensino que alimentam o mercado dos livros didáticos, estes que, por sua vez, baseiam sua estrutura na gramática tradicional, fechando assim o círculo vicioso. Tal fenômeno demonstra-se claramente através da crise no ensino da língua portuguesa no Brasil, uma vez que de tal modo ensina-se nas escolas uma norma padrão obsoleta como verdade absoluta, desprezando-se as demais variedades lingüísticas, resultando num padrão punitivo de ensino que acaba por restringir a livre expressão do aluno, além de intimidá-lo, desmotivando-o e despertando um sentimento de incapacidade.



Diante de tais situações, Bagno motiva o espírito pesquisador do professor sugerindo uma apresentação das variedades da língua ao aluno, instruindo-o à produção das mais diversas formas preocupando-se, a priori, com o desenvolvimento do conteúdo, demonstrando, no evoluir deste processo, a aplicabilidade de cada variedade, incluindo a norma padrão, e desconstruindo o conceito de “erro” e de relação de superioridade entre as variedades lingüísticas, introduzindo, em detrimento deste conceito, uma noção de aplicabilidade, de adaptação às situações.



No contexto “extraclasse”, Marcos Bagno traz duas interessantes questões para o debate. Primeiro, a questão da conscientização e do papel da mídia nesta tarefa, salientando o reforço contrário que, infelizmente, os veículos de comunicação têm dado ao reforçarem teses de gramáticos conservadores e ao ignorarem os lingüistas, que são os cientistas de domínio deste campo de estudo. E, segundo, o importante reforço da afirmação da identidade da língua portuguesa brasileira, salientando as particularidades da língua que falamos, embora seja questionável o desejo romântico de dissociar por completo nosso idioma do de Portugal.



De tal maneira, combatendo os preconceitos, em especial sociais, e a desvalorização do povo brasileiro como país independente implícitos na discriminação das variedades lingüísticas, o autor defende uma democratização e reforço da identidade plural da língua portuguesa brasileira e respeito pelos que a tem como língua mãe, de maneira clara, simples, objetiva e bem fundamentada, fazendo de sua obra uma recomendação não só aos que se debruçam sobre o estudo da língua e do ensino, mas a todos os brasileiros que apreciam a língua de seu país.





(BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. 51.ed. São Paulo: Edições Loyola, 2009.)
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vsc bibliotecária 31/08/2009

Profº Pasquale já era!!!
Depois que eu o li, parei de achar que Pasquale ERA A AUTORIDADE em língua portuguesa...
Tenho o livro autografado pelo próprio autor, depois de ter assistido uma palestra maravilhosa!!!
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helida 29/05/2013

Marcos Bagno em sua obra intitulada Preconceito Linguístico aborda a questão do preconceito contra determinadas variantes da língua portuguesa falada no Brasil. Para ele, a língua é usada pela classe dominante como uma ferramenta de exclusão social e devemos encontrar meios para modificar esta situação.

Inicialmente, o autor expõe algumas afirmações, as quais ele chama de mitos do preconceito linguístico. Em seguida, apresenta os elementos que sustentam esses mitos. São eles: gramática tradicional, métodos tradicionais de ensino, livros didáticos e “comandos paragramaticais” - manifestações da mídia através de livros, manuais, programas de televisão, os quais tem o intuito de ensinar como falar e escrever corretamente.

Finalmente, Bagno propõe a elaboração de uma nova gramática da norma culta e sugere uma mudança de atitude, que seria elevar o grau da própria autoestima linguística e recusar os velhos argumentos que menosprezem o saber linguístico individual.
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PatrAcia 15/06/2013

Esse livro abriu minha mente de uma forma única, com fundamentações bem estruturadas, é um livro que não pode faltar na sua cabeçeira.
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Maria Fernanda 22/08/2013

É quase um libelo, mas tem que ler!
Em primeiro lugar, não leia esse livro se você estiver se preparando para algum concurso ou para prestar o vestibular, ou qualquer outra coisa que ainda cobre a tal "norma culta" da língua. O ataque que o autor faz é tão convincente que vai ficar ainda mais doloroso ter que voltar aos exercícios de gramática depois de ler esse livro. Experiência própria, gente, vai por mim.

Embora eu tenha concordo com praticamente todas as ideias que Marcos Bagno apresenta aqui, não posso deixar de criticar um pouco o tom que ele usa. Bagno é tão, mas tão radical em suas críticas que o texto às vezes se torna repetitivo e cansativo. O lado bom é que ele não esconde de ninguém suas posições políticas; pelo contrário, chega a ser quase panfletário em sua defesa, o que faz com que o livro se torne quase um libelo.

Ainda assim, é um texto que deve ser lido obrigatoriamente por todo falante de português. Apesar do foco ser a língua portuguesa, desconfio que possa ser útil até mesmo para quem está aprendendo uma segunda língua - eu me lembro que meu professor de Espanhol na faculdade nos recomendou o volume uma vez, e até mesmo citou Marcos Bagno como fonte quando deu um discursos tentando nos convencer a não ter vergonha de praticar nosso espanhol incipiente.

Por fim, só queria entender o que leva uma pessoa a escrever uma carta de mais de dez páginas para a revista VEJA. Quero dizer, só esse ato já deixa muito claro o quão puto (mas muito mesmo) Bagno ficou com a reportagem deles de 2001. Não lhe tiro a razão, porque a VEJA mais escreve besteiras (e não só sobre português) do que qualquer outra coisa, mas me surpreendi com a atitude.

Enfim, leia porque explica noções básicas de linguística, e ajuda a esclarecer umas coisas sobre nossa querida linguinha que todo mundo deveria saber. E é curtinho.

Evite se você não curte discursos radicais (mas eu leria mesmo assim).
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Bela 01/04/2024

Preconceito Linguistico
Livro que superou o que eu esperava, por ser uma leitura para um trabalho da faculdade, achei que a linguagem seria mais densa, pesada, mas achei até bem coloquial e muito bem explicado o objetivo de cada capítulo.
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