Stella F.. 01/04/2021
Que perrengue!
Procurei esse livro uma vez por indicação do Café Filosófico da TV Cultura. E deixei para ler qualquer dia. E agora com o lançamento do filme resolvi finalmente lê-lo.
Irônico, desbocado, engraçado. Em geral não gosto muito de livros cômicos, mas foi interessante a leitura.
Nem imagino uma pessoa com tantos problemas ao mesmo tempo, vivendo de remédios para ansiedade, e conseguindo ter uma “vida”.
“O pânico é essa interseção entre a certeza absoluta de que você não importa nada para o mundo e a certeza absoluta de que todos estão comentando o fato de você não importar nada para o mundo”.
Só de pensar em como alguém para fazer qualquer coisa tenha que ter uma rotina de preparação como essa: uma para viajar de avião, outra para ir à festa, outra para trabalhar.
“Aeroporto é um lugar péssimo porque soma as cinco coisas mais terríveis do mundo: despedida, fila, ser humano, placa indicativa e esperança”.
E o mais interessante é que usa esses problemas como válvula de escape para escrever!
Textos claros, diretos, inteligentes. “Fáceis” de ler mas acho que bem difíceis de viver.
E a dependência de remédios e o posterior desmame, que fazem com que ela não sinta nada, qualquer coisa fica com a mesma sensação, não consegue diferenciar os diversos momentos da vida.
“Emagreci onze quilos: já que eu não tinha forças para devorar o mundo, que então não importasse nem sequer uma azeitona no estômago”.
“Você que curte ácido, MDMA.., me explica: para que se sentir pilhado? Eu me sinto pilhada desde que nasci e... que cansaço, pelo amor de Deus. Jura que você precisa de algo “que te tire de você”? Que “te leve daqui”? Eu só quero algo que me devolva a mim. Que me deixe ficar sentada, quieta, calma”.
Seguem as crônicas preferidas: A primeira crise, Vinte charutinhos, Esfregando o Aladim, As idades e os parentes, Quando não fui para Buenos Aires, Eu não desmaio, Dr. Guido, Depois a louca sou eu, A louca do jardim, Parar com a porra toda.