Raffafust 28/03/2016
Quando comecei a ler o livro de Tati Bernardi, confesso que me bateu uma deprê. O que era para ser um livro divertido, acredito que essa fosse a intenção da autora que é conhecida por livros de humor, na verdade soou como um deja vú em muitos dos casos. Tati sempre sofreu de suas ânsias, síndromes e depressões sendo tratadas com remédios. Se por um lado a autora tem todo um jeito puxado para o riso de falar de nossas dores de delicias, por outro, eu entendo que quem já tenha sofrido algo parecido como é o meu caso- pode correr o risco de não achar muita graça.
Tati nos envolve em um mundo de manias, de crises de síndrome de pânico, de vícios em remédios tarja preta, de momentos onde para quem nunca sentiu algo parecido podem encarar como frescura mas quem conhece os sintomas de perto, irá se identificar com a autora, e é aí que eu não entendo como rir da própria desgraça.
Um exemplo é quando ela faz de tudo para ser expulsa de um avião, mas a aeromoça vê que ela está mentindo e a mantem no voo mesmo assim. Por conhecimento próprio, sei que síndrome do pânico não é algo simples e é muito difícil de pessoas de fora dos eu ciclo entenderem, eu arrisco dizer que na minha vida inteira somente meu marido, meus pais e minha tia entenderam o como ser depressiva não é fácil e como encarar um mundo onde as pessoas não entendem que é doença sim e precisamos de apoio, não é fácil.
Lembro quando tive pela primeira vez e definitivamente é a pior coisa do mundo, como explicar ao mundo que você não consegue sentar no meio de duas pessoas? Seja no cinema ou no teatro?
Ou que no avião você entende o porquê as pessoas tem tanto medo, e nem se recorda de quando não sentia medo algum e passava o voo dormindo. Quanto aos tarja preta, você se sente melhor de saber que aquele aperto constante no peito some se ele é ingerido no café da manhã. Parece tão simples, funciona tão bem.
Uma grande diferença entre o que senti e o que Tati sentiu é que ela era mais escandalosa no que sentia. E eu conseguia ser mais comedida, eu sentia vergonha de ter aquilo. Queria me esconder, queria sair dali e me tornar invisível.
O que Tati escreve é tão real, é tão conheço isso que me assustou, de certa forma entendo que seu jeito fazem diferença no meio de tanta loucura, é aquela velha história de rir da própria desgraça. Eu certamente não encarei com tanto bom humor o que passei ( a última vez que tive o ataque de pânico já tem quase 2 anos) mas entendo que cada um tenha um jeito de encarar seus monstros, Tati escolheu dividi-los e fazer graça deles.
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