Larinha || @nefelibatando_ 14/04/2021
Mulher, Oriente Médio e lágrimas
Esse livro fora o meu primeiro contato com o aclamado Hosseini, não conhecia essa obra, muito menos sua escrita. Mas de alguma forma o destino quis que eu encontrasse este livro e acabei ganhando-o de uma pessoa muito especial!
Durante essa leitura encontramos uma estrutura mista envolvendo a ficção e a não ficção, essa que retrata a história do Afeganistão alguns anos antes de toda essa mudança política e social, durante e após, acompanhado da história de duas garotas que foram privadas de sua juventude e obrigadas a amadurecerem muito cedo.
Neste livro, pude ter um contato maior e mais interessante para mim, pois não gosto muito de filmes e documentários, com todo esse processo do papel da mulher em toda a história afeganistã, como seus direitos foram sendo alterados e cada vez mais limitados. Afinal, é importante ressaltar que, não há fundamentos no Alcorão que justifiquem a discriminação e a violência contra mulher, evidenciando que isto é fruto de uma sociedade patriarcal que põe o homem como superior ao sexo oposto.
Outro ponto interessante é podermos acompanhar um governo dominado pelos soviéticos e como era a sociedade diante destes e a desorganização social consequente, posteriormente, das disputas entre os pashtuns e os hazaras e, por último, o tão conhecido Talibã, grupo fundamentalista islâmico extremista, contando desde a tomada de Cabul em 1996 a sua dispersão em 2001 após o ataque de Osama as torres gemêas. Esse grupo fora o responsável por instalar as restrições mais graves como a obrigação de todas as mulheres utilizarem burcas, a punição do apedrejamento para as mulheres ACUSADAS (ou seja, provado ou não) de adultério e espancamento para outras situações. Fora que o período anterior a este fora marcado pelas jihads, constantes guerras entre diferentes grupos que resultara em diversos mísseis que tirara muitas vidas inocentes e de forma cruel.
Fazia um bom tempo que não derrubava tantas lágrimas fazendo uma leitura, mas com a história dessas duas mulheres foi impossível me manter plena sobre toda a situação. Agressões explicitas, a mulher sendo um objeto, um nada, ter um filho odiado pelo seu gênero contrário ao sonhado, a fome, a pobreza, tudo...
Agradeço imensamente a minha grande amiga por essa oportunidade de ter conhecido a fundo o livro que tanto ama! Somos grandes sonhadoras, apaixonadas por relações internacionais, futuras diplomatas e mulheres que lutam pelos direitos da mulher na sociedade. Sei que chega a ser uma utopia surreal criar expectativa e sonhar com a libertação da mulher no Oriente Médio.
Uma fala super interessante que pude acompanhar de uma antropóloga da USP, a Francirosy Campos, é a que ela alega que o Afeganistão era um país em que as tradições e costumes eram transmitidos através da comunicação oral antes da guerra, após a invasão, tudo mudou.
Enfim, indico a todos! Boas leituras e espero que comentem para conversarmos um pouco sobre esse livro necessário para todos nós como seres humanos não cedermos ao Estado teocrático, machismo e ao desrespeito contra nós! Mariam era uma pessoa infeliz, mas se manteve fiel ao que acreditava e sentia até seu último suspiro.
Mariam e Laila, vocês são guerreiras e me espelho na garra de vocês! Sejamos Nargis Taraki, Safiya Wazir, Nenney Shushaidah, Malala Yousafzai, Benazir Bhutto e Aisha, a esposa de Maomé! Que sejamos tão fortes quanto essas diversas mulheres que, mesmo em um caos, insistiram na sua luta.
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