May 31/05/2022
Sarah teve duas filhas gêmeas. Uma delas morreu. Mas uma ano depois dessa tragédia a filha sobrevivente começa agir de forma estranha e diz que é a irmã morta, como Sarah não consegue destinguir as duas essa dúvida cruel atinge em cheio a família e para piorar precisam conciliar isso, o luto com a mudança que farão para uma pequena ilha na Escócia.
"Começo a pensar na vida antes do acidente, na felicidade, tão frágil. Nossa vida era feita de gelo quebradiço."
Não sei como definir o turbilhão de sentimentos que esse livro causou. Primeiro de tudo, a aflição da mãe é passada pra gente e ficamos sem saber qual das gêmeas realmente sobreviveu, e a angústia da própria menina de não saber quem é se torna um sentimento palpável e desesperador. A questão é que tanto a mãe quanto o pai acabam se mostrando personagens muito egoístas, distantes e até negligente com a filha viva, no íntimo eles na verdade estão se protegendo de vários segredos que aconteceram na noite em que uma das filhas morreu. A narrativa a todo momento nos leva para um rumo diferente, parece que finalmente o mistério vai se resolver, mas são inseridos mais inúmeros mistérios à essa história que já é bizarra para caramba. O autor incluiu algumas fotos no livro que simplesmente nos fazem sentir medo. Sim, um suspense que nos dá medo, uma tensão, principalmente porque também tem um elemento sobrenatural. Tudo na construção dessa história deixa ela cada vez mais melancólica, o drama central da família, as questões pessoais e psicológicas que cada um deles carrega e a ilha que é o aspecto mais melancólico, nos lança para dentro dessa leitura e não descansamos até terminar. Existem alguns furos na história, alguns pontos que na vida real sem dúvidas aconteceriam e já dariam um rápido desfecho à essa situação horrível, mas é claro que essa é uma história fictícia e dá para entender que se não houvessem esses furos seria difícil construir uma história assim. O final talvez não agrade a todos, pois ele é aberto à várias interpretações, porém pode ser um bom aspecto pois não conseguimos parar de pensar na leitura mesmo depois de terminar.
"A minha própria morte não é assim tão intolerável. O problema é a morte daqueles que amo, porque parte de mim morre com eles. Assim, qualquer forma de amor é uma forma de suicídio."