Maurício Gomyde 11/05/2016
O desejo de ler “O amor segundo Buenos Aires”, de Fernando Scheller, foi despertado em mim justamente por a história se passar em Buenos Aires. Parte pela paixão por seus detalhes, arquitetura, música, dança, livrarias e cafés, parte pela curiosidade de sentir a textura impressa pelo autor para descrevê-la. Explico a segunda parte: meu novo livro tem um pouco da ação na mesma cidade. Coincidência feliz, pois cheguei até a sentir o “cheiro do lugar”, tal a riqueza da escrita do Fernando, naquele jeito fluido de contar histórias que todo mundo gosta.
Fui brindado por uma trama realmente cativante e que não me fez desgrudar até finalizá-la. São “short cuts” de uma série de personagens que vivenciam histórias de amor – amor de amante, de amigo, de família, pela música, pela dança, pela comida, amor correspondido, perdido, encontrado e reencontrado – em última instância, amor por viver e por Buenos Aires. Todas essas histórias tangenciam a vida de Hugo, o personagem principal de um enredo que tem tantos personagens bons que todos poderiam tranquilamente ser principais.
Terminei com um sorriso singelo, com uma vontade absurda de comprar uma passagem a Buenos Aires. Assim fiz, irei em breve revê-la, já que preciso pesquisar um pouco mais sobre o que estou escrevendo. Aproveitarei para passar em alguns locais descritos por Fernando. Quem sabe assistir a uma ópera no Colón, conhecer o Lumio Café Y Delícias, a Confeitaria Ideal, a Livraria Caligari e tantos locais instigantes. Precisarei voltar mais vezes, certamente.
Destaque para a cena final, digna de filme. Tenho sempre a nítida impressão de que um livro é bom quando merece virar filme. Pois “O amor segundo Buenos Aires” daria um filmão.
Um livro para quem conhece Buenos Aires, para quem não conhece, mas tem vontade, para quem sonha em viver uma boa história de amor nas esquinas de uma cidade super-romântica. Ou até para quem, como eu, esteja escrevendo um livro que tenha a cidade como cenário. Parafraseando Eduardo, um dos personagens: o livro é uma declaração de amor no meio da rua. É o que todo mundo, bem lá no fundo, sempre espera.