Menina.Jasmim 24/04/2018A Garota PerfeitaDesde o começo do livro, somos inseridos em dois tempos da história: o passado e o presente. A autora escolheu dar voz a três narradores (a mãe de Mia, o detetive Gabe e Colin), desta forma, temos uma visão bem ampla dos acontecimentos, sejam eles vistos pelo sequestrador, sejam eles vistos pela família que busca a filha sequestrada. Vemos de perto o sumiço e a volta de Mia, mas, assim como sua mãe e Gabe, não sabemos o porquê dela ter esquecido do que viveu na cabana no meio da neve.
Com a narrativa estruturada desta forma, o suspense não fica em descobrir o que houve com a garota, onde ela estava e como viveu ali, mas sim o que aconteceu de tão traumático para ela esquecer tudo e, principalmente, quem foi que contratou o sequestrador.
Devo confessar que não me identifiquei com nenhum personagem. Por mais que entenda a razão de todos, não consegui me sentir comovida para realmente me importar com o que estava acontecendo. A autora porém deu condições bem humanas para eles, só a moral que foi um tanto quanto duvidosa e me afastou bastante. De todos, o que menos gostei foi o detetive Gabe e toda vez que ele aparecia eu já revirava os olhos. Colin por sua vez, foi o personagem que mais me fez me envolver, mesmo sabendo que a autora queria criar essa nossa aproximação com uma pessoa que... Bem, é um sequestrador e o "vilão" da história.
Para mim, o foco do livro não é no suspense, mesmo este sendo algo importantíssimo, mas sim a construção da relação entre os personagens e em seus desenvolvimentos, mostrando ao leitor que as pessoas não são totalmente más ou boas e que a classe social não define seu caráter.
Gostei da ambientação em A Garota Perfeita, me senti aflita principalmente nas cenas em meio a cabana na neve. Como o enfoque na maior parte da obra não é nos lugares e sim nos sentimentos, a autora não se perde fazendo descrições tão demoradas que não acrescentam muito, ela apenas situa o leitor e passa para o que interessa.
A linguagem é bem leve, fluída, daquele tipo de livro que você pode ler por horas sem se sentir cansado. O ritmo porém, para mim pelo menos, fica um tanto quanto quebrado, já que temos muitos narradores que estão cada qual em seu momento. Sei que isso foi proposital, para aumentar o suspense, mas algumas partes eu senti que poderiam ter sido resumidas ou retiradas, o que teria deixado tudo mais dinâmico. Mesmo assim, foi uma boa leitura.
Contudo, está longe de ser um livro que entraria entre os melhores que já li do gênero. Não me senti tão presa quanto esperava e um thriller, não tinha aquele desejo por descobrir logo o que estava acontecendo o que estraga um pouco a experiência de leitura do gênero.
O que falarei a seguir pode, ou não, ser spoiler: quem gosta de thrillers provavelmente já conhece Gone Girl, ou, aqui pros brasucas: Garota Exemplar. É pouco possível não comparar um título com o outro, já que são muito parecidos. Esta comparação, porém, estraga um pouco a leitura, já que fica com aquela pulga atrás da orelha se os finais serão parecidos ou não. E olha, eles são parecidos sim (claro, cada um com suas peculiaridades).
Não recomendaria o livro para os loucos por thrillers, já que estes podem se decepcionar bastante com a leitura. Mas a história é agradável e gostei da escrita da autora, então, se quiserem um livro que seja divertido para passar suas horas, esse é um bom pedido.
Sobre a edição: O livro tem páginas amareladas; a fonte e o espaçamento contribuem para uma boa leitura; a qualidade do exemplar em si é muito boa, a capa é bem flexível o que ajuda muito a manusear o livro; a diagramação é simples, mas organizada e que combina com a proposta do livro.
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