As águas-vivas não sabem de si

As águas-vivas não sabem de si Aline Valek




Resenhas - As águas-vivas não sabem de si


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Corujas de Biblioteca 01/07/2016

Intrigante e muito bem escrito!
Esse livro me conquistou desde o momento em que vi a capa. Sim, é um daqueles casos em que a capa fala primeiro. Então fui procurar sobre ele na internet e bom, a cada minuto ele me surpreendia mais. Escrito pela brasiliense Aline Valek o livro se passa em um ambiente muito incomum e com uma proposta bem diferente também; a história de uma expedição muito no fundo do mar.
Corina embarca em um trabalho nas profundezas do oceano junto com mais quatro pessoas. Abordo a Auris (nome da estação) a imensidão do mar que está do lado de fora pode ser comparada com a quantidade imensa de segredos que apenas cinco pessoas guardam para si lá dentro.

A pesquisa tem como principal objetivo, testar um novo equipamento de mergulho. Patrocinados pela empresa que produz os trajes eles os testam ao colocar sondas no fundo do mar para a mapear o terreno. Presos na estação e na escuridão do fundo do mar Corina e os outros acabam esbarrando com algo muito maior do que a pesquisa, um chamado, que repete simplesmente: mais fundo, mais fundo.

Então a pesquisa deixa de ser sobre os trajes ou sobre o mapeamento. As sondas deixam de ser equipamentos para a visualização do fundo do mar, passam a ajudar na comunicação. Assim como nos comunicamos entre nós por meio da língua, já sabemos que animais marinhos também têm sua própria linguagem, mas seriamos nós capazes de entendê-la? De interpretar a linguagem do mar e descobrir o que ele tenta nos dizer?

"Não se parecia com nada que ela já tivesse ouvido: nem as mais sofisticadas sinfonias, nem as elaboradas canções das baleias, nem mesmo o som, adormecido em seu inconsciente, da voz de sua mãe ecoando dentro do útero, através da placenta que um dia a envolveu." – pág. 141

O livro tem capítulos intercalados entre a história dos tripulantes de Auris e os animais marinhos. Os capítulos que não tratam de Corina são extremamente ricos em descrições e detalhes sobre a vida do animal e o ambiente em que vive. Apesar de ser difícil encontrar as ligações entre esses capítulos e a história principal, no desfecho tudo fica extremamente claro.

Aline descreve o fundo do mar e as sensações do ambiente extremamente bem, ela faz o leitor se sentir no ambiente que descreve; a pressão, o silêncio… O livro te puxa e te transporta para essa atmosfera. A autora induz diversas reflexões sobre o mar e a raça humana em si.

Apesar do nome ser lindo, não tem muito a ver com as águas-vivas em si. Ele fala do mar, das criaturas, mas não especificamente sobre elas. É um livro cheio de informação marinha, sobre as espécies e o próprio oceano, mas isso não faz a narrativa ser cansativa. Envolvente e muito interessante As Águas-Vivas Não Sabem de Si é um livro que te deixa refletindo por um bom tempo depois de virar a ultima página, diferente e intrigante, recomendo muito!

site: https://corujasdebiblioteca.com.br/2016/06/26/as-aguas-vivas-nao-sabem-de-si/
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Ronaldo.Ruiz 14/06/2023

Solidão e incomunicabilidade no fundo do mar
A humanidade está sempre buscando uma maneira de estabelecer contato com outras formas de vida conscientes de sua existência, para afastar a estranha sensação de que está sozinha no universo. Ao mesmo tempo, cada vez mais a comunicação entre nós, seres humanos, é rara e complicada.

O tema da comunicação — ou a falta dela — está presente em quase todas as páginas do livro "As águas-vivas não sabem de si", da escritora Aline Valek. Eu já conhecia a autora por conta de sua newsletter "Uma Palavra", a qual gosto muito, e ao encontrar esse romance, fiquei curioso para saber como ela se saía na ficção .

A protagonista da história, Corina, é uma mergulhadora profissional e está trabalhando em uma expedição liderada por Martin, um polêmico cientista estrangeiro, que em vez de buscar vida inteligente no espaço, como a maioria de seus colegas, a procura nas misteriosas e ainda pouco conhecidas profundezas do oceano.

O trabalho de Corina consiste em colocar sondas no fundo do mar junto com outro mergulhador, Arraia, que ela  já conhece dos tempos em que prestava serviços em uma empresa petrolífera. Martin usa essas sondas para enviar sinais pelas águas na esperança de que alguma criatura marinha os compreenda e mande uma mensagem sonora de volta. Ele quer saber se os animais do mar têm algo a dizer aos seres humanos.

Solidão

A missão só consegue chegar a profundidades tão grandes graças a um traje especial desenvolvido pela empresa que patrocina a pesquisa e que, por meio dela, pode testar seus novos equipamentos de mergulho.

A expedição fica sediada em uma estação no fundo do mar chamada Auris. Além de Corina, Martin e Arraia, vivem nela mais duas pessoas: Maurício, outro cientista que auxilia Martin; e Susana, uma engenheira naval que também faz o papel de enfermeira e médica às vezes, sem ter formação alguma nessas áreas. 

O lugar é pequeno e monitorado por câmeras. Apesar dessa proximidade física, não há muita conversa entre seus moradores. Isso aumenta a solidão que parece existir naturalmente nas profundezas do oceano, o que dá espaço para muitos pensamentos melancólicos.

Assim como o fundo do mar, os personagens guardam muitos segredos. Dramas e traumas que são apresentados ao leitor aos poucos. Todos eles parecem estar ali para tentar superá-los, provar algo para eles mesmos ou para a sociedade. Suas personalidades são bem definidas e coerentes com o passado de cada um.

O segredo de Corina é o mais complicado. Ele pode colocar a vida dela e a de seu colega Arraia em risco a qualquer momento e pôr fim à pesquisa. Mas a teimosia e perseverança de Corina são admiráveis para mim, mesmo que isso possa levá-la às piores consequências. Outro personagem que me chamou a atenção foi Martin, por causa de sua obsessão, que me fez lembrar de outros velhos lobos do mar da literatura, como o Capitão Ahab de "Moby Dick" (Herman Melville) e o Capitão Nemo de "Vinte Mil Léguas Submarinas" (Júlio Verne). 

Tem uma cena no livro que gostei muito e que exemplifica bastante a solidão e incomunicabilidade pelas quais os integrantes da expedição optaram. Os tripulantes de Auris também recebem mensagens da superfície vindas de seus familiares e amigos. Corina recebeu uma de sua mãe. Apesar de ter ficado emocionada, ela decide não responder. Fiquei pensando o quanto era irônico tentar estabelecer uma conexão com um ser inteligente hipotético no fundo do mar, enviando sinais e ficar aguardando uma resposta, enquanto ignoramos as tentativas de diálogo com pessoas que nos são próximas.

A obra tem vários outros exemplos de ruídos de comunicação como esse, mas não seria possível colocar todos aqui numa pequena resenha. Convido você a ler o romance e encontrá-los.

Animais Marinhos

Alguns capítulos são narrados do ponto de vista de animais marinhos, o que dá um toque de fantasia e ficção científica ao livro. Alguns deles são conhecidos nossos como cachalotes e águas-vivas. Outros teriam sido extintos há muito tempo, que é o caso dos azúlis, criaturas conscientes e civilizadas. E uma espécie existente nos dias de hoje, no entanto, ainda desconhecida: os espectros. Até mesmo o oceano possui um capítulo no qual ele é o narrador.

Mas não pense que essas partes são apenas exercícios narrativos. Elas têm um propósito dentro do romance.

A humanidade está sempre buscando uma maneira de estabelecer contato com outras formas de vida conscientes de sua existência, para afastar a estranha sensação de que está sozinha no universo. Ao mesmo tempo, cada vez mais a comunicação entre nós, seres humanos, é rara e complicada.

O tema da comunicação — ou a falta dela — está presente em quase todas as páginas do livro "As águas-vivas não sabem de si", da escritora Aline Valek. Eu já conhecia a autora por conta de sua newsletter "Uma Palavra", a qual gosto muito, e ao encontrar esse romance, fiquei curioso para saber como ela se saía na ficção .

A protagonista da história, Corina, é uma mergulhadora profissional e está trabalhando em uma expedição liderada por Martin, um polêmico cientista estrangeiro, que em vez de buscar vida inteligente no espaço, como a maioria de seus colegas, a procura nas misteriosas e ainda pouco conhecidas profundezas do oceano.

O trabalho de Corina consiste em colocar sondas no fundo do mar junto com outro mergulhador, Arraia, que ela  já conhece dos tempos em que prestava serviços em uma empresa petrolífera. Martin usa essas sondas para enviar sinais pelas águas na esperança de que alguma criatura marinha os compreenda e mande uma mensagem sonora de volta. Ele quer saber se os animais do mar têm algo a dizer aos seres humanos.

Solidão

A missão só consegue chegar a profundidades tão grandes graças a um traje especial desenvolvido pela empresa que patrocina a pesquisa e que, por meio dela, pode testar seus novos equipamentos de mergulho.

A expedição fica sediada em uma estação no fundo do mar chamada Auris. Além de Corina, Martin e Arraia, vivem nela mais duas pessoas: Maurício, outro cientista que auxilia Martin; e Susana, uma engenheira naval que também faz o papel de enfermeira e médica às vezes, sem ter formação alguma nessas áreas. 

O lugar é pequeno e monitorado por câmeras. Apesar dessa proximidade física, não há muita conversa entre seus moradores. Isso aumenta a solidão que parece existir naturalmente nas profundezas do oceano, o que dá espaço para muitos pensamentos melancólicos.

Assim como o fundo do mar, os personagens guardam muitos segredos. Dramas e traumas que são apresentados ao leitor aos poucos. Todos eles parecem estar ali para tentar superá-los, provar algo para eles mesmos ou para a sociedade. Suas personalidades são bem definidas e coerentes com o passado de cada um.

O segredo de Corina é o mais complicado. Ele pode colocar a vida dela e a de seu colega Arraia em risco a qualquer momento e pôr fim à pesquisa. Mas a teimosia e perseverança de Corina são admiráveis para mim, mesmo que isso possa levá-la às piores consequências. Outro personagem que me chamou a atenção foi Martin, por causa de sua obsessão, que me fez lembrar de outros velhos lobos do mar da literatura, como o Capitão Ahab de "Moby Dick" (Herman Melville) e o Capitão Nemo de "Vinte Mil Léguas Submarinas" (Júlio Verne). 

Tem uma cena no livro que gostei muito e que exemplifica bastante a solidão e incomunicabilidade pelas quais os integrantes da expedição optaram. Os tripulantes de Auris também recebem mensagens da superfície vindas de seus familiares e amigos. Corina recebeu uma de sua mãe. Apesar de ter ficado emocionada, ela decide não responder. Fiquei pensando o quanto era irônico tentar estabelecer uma conexão com um ser inteligente hipotético no fundo do mar, enviando sinais e ficar aguardando uma resposta, enquanto ignoramos as tentativas de diálogo com pessoas que nos são próximas.

A obra tem vários outros exemplos de ruídos de comunicação como esse, mas não seria possível colocar todos aqui numa pequena resenha. Convido você a ler o romance e encontrá-los.

Animais Marinhos

Alguns capítulos são narrados do ponto de vista de animais marinhos, o que dá um toque de fantasia e ficção científica ao livro. Alguns deles são conhecidos nossos como cachalotes e águas-vivas. Outros teriam sido extintos há muito tempo, que é o caso dos azúlis, criaturas conscientes e civilizadas. E uma espécie existente nos dias de hoje, no entanto, ainda desconhecida: os espectros. Até mesmo o oceano possui um capítulo no qual ele é o narrador.

Mas não pense que essas partes são apenas exercícios narrativos. Elas têm um propósito dentro do romance.

site: https://marcenarialiteraria.art.blog/2023/06/14/resenha-16-as-aguas-vivas-nao-sabem-de-si-de-aline-valek/
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Taísy 04/06/2023

Muito bom, me surpreendeu
Admirei muito ler um livro de ficção científica escrito por uma brasileira. Muitas vezes tinha que me lembrar que não era um livro americano.

Gostei muito da ambientação e do contexto que ela desenvolve com maestria. Senti falta de ter elaborado mais os personagens.

Na parte que foge a história mais objetiva, com relatos dos animais, fiquei perdida no início. Mas hoje vejo que enriqueceu o livro de forma incrível.
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_wgio_ 16/05/2023

Estou definitivamente processando a autora.
Quando comecei, as águas-vivas não sabem de si, achei que seria uma leitura maçante, e até foi um pouquinho no início. Eu não estava muito interessada nos personagens pra falar a verdade.
Mas com o passar dos capítulos fiquei cativada com a escrita, a imersão que senti ao ler. Estou fascinada pelos azulis e espectros. Mas sinto que conheço tão pouco de cada personagem. Gostaria de entender melhor Martin e arraia. Uma coisa que a autora fez bem foi descrever lindamente a solidão e o medo.
"A solidão, o tempo todo ela. Como não? Mas nenhuma criatura viva é capaz de suportar a quantidade necessária de solidão para chegar perto de compreender. Elas continuarão buscando, indo mais fundo, enlouquecendo. Mas não entenderão." Estou tatuando essa 🤬 #$%!& na testa
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Aline 25/03/2017

O título deste livro chamou minha atenção desde que o vi pela primeira vez. Do que trataria uma obra com um nome tão diferente? Ao ler a sinopse o interesse apenas aumentou, pois os segredos profundos de um ambiente ainda tão inexplorado quanto o oceano não poderiam ser algo menos que envolventes.

Em As Águas-Vivas Não Sabem de Si acompanhamos uma equipe de pesquisadores que objetiva testar trajes especiais de mergulho, confinada a 300 metros de profundidade, na Estação Auris. Entretanto, ao longo da trama, Corina, Arraia, Susana, Maurício e Martin revelam suas mais íntimas motivações para participar da missão, segredos que até então permaneciam tão obscuros quanto as profundezas submersas.

Esse clima de suspense perpassa todo o livro, porém a estória desenrola-se tão lentamente que o que era para ser uma leitura rápida não se mostrou assim tão empolgante. A autora apresenta inicialmente um mundo de possibilidades que criam muitas expectativas e acabam não se desenvolvendo. Talvez a intenção tenha sido não dar foco no desenrolar da estória principal, e sim convidar o leitor para um profundo mergulho dentro de si. Se esse foi o objetivo pode-se dizer que foi alcançado com êxito, porém o estilo não me agrada. Estava esperando um suspense intrigante, com revelações nocauteantes, e não foi isto que o livro apresentou. A minha expectativa era para uma trama mais densa com um desenvolvimento aprofundado dos personagens e um desdobramento mais voltado para o fim da estória principal. Em vez disso, a autora focou-se em traçar um paralelo entre duas frentes narrativas que se alternam ao longo do livro: de um lado, os acontecimentos relacionados à Estação Auris e, de outro, milhões de anos de evolução narrada do ponto de vista das mais variadas criaturas marinhas. As duas linhas entrelaçam-se numa teia muito bem amarrada, porém mais reflexiva do que narrativa.

Ainda que minha aspiração fosse ter lido uma estória mais focada, é impossível deixar de reconhecer o que deve ter sido uma extenuante pesquisa para ambientação do enredo. As referências trazidas, sejam de locais, criaturas ou eras, instigam a curiosidade pela pesquisa científica e pela evolução de toda a diversidade existente em nosso planeta. Não obstante, o estilo descritivo da autora proporciona ricas informações sensoriais, tornando fácil a imersão nesse universo tão próximo e ao mesmo tempo tão desconhecido. Desde o início da leitura imaginei que deparar-se com milhões de águas-vivas dando seu show num balé subaquático possa proporcionar encantamento equivalente àquele trazido pelas palavras de Aline Valek, que parecem flutuar ao longo de todo o livro, numa dança apaixonante. O lirismo nas frases permanece por toda a obra e, mesmo se a estória principal não lhe agradar, vale a leitura apenas para desfrutar algo tão bem escrito.
Viviana 26/03/2017minha estante
O livro me decepcionou também. Eu esperava muito mais dele. Mas tudo bem, valeu a originalidade da história.


Aline 26/03/2017minha estante
Sim, li sua resenha e vi que nossas opiniões foram parecidas, embora eu tenha que reconhecer a escrita fascinante. Pena não ter sido bem aproveitada.




Coruja 20/11/2017

Não lembro exatamente quando foi que esse título primeiro me chamou a atenção - talvez a capa, numa visita à livraria, talvez de ouvir o título. Mas foi na época em que estávamos trabalhando na Antologia Valquírias, quando a Aline Valek foi convidada para escrever o prefácio, que acabei indo atrás de descobrir do que se tratava As Águas-Vivas não Sabem de Si.

A história começa como um relato de uma expedição ao fundo do mar, testando trajes especiais capazes de levar mergulhadores a profundidades impensáveis. Corina, a protagonista, é uma mergulhadora de longa experiência, mas com alguns segredos que podem muito bem interferir em seu trabalho. Junto com ela, morando numa estação submarina - Auris -, há ainda dois cientistas, Dr. Martin e seu assistente Maurício; uma engenheira responsável pelo bom andamento da estação, Susana; e outro mergulhador, Arraia, colega de anos de Corina. Todos eles também com seus segredos, anseios e medos. São personagens bem construídos, personalidades muito distintas que - fica óbvio desde o início - entrarão em confronto em algum momento.

Alternados aos capítulos que contam a história da expedição, há as narrativas de criaturas marinhas ao longo de toda a história da evolução da terra, inclusive com sociedades organizadas de forma complexa, como a dos azúlis. É uma mudança de ponto de vista que considerei muito interessante - e que eu teria lido mais deles, se houvesse. A narrativa da expedição é fascinante, até porque você passa boa parte do tempo segurando o fôlego, pensando o que acontecerá a seguir, mas fiquei muito mais curiosa em acompanhar essas vozes diferentes.

O livro abre com epígrafes que fazem menção a Jules Verne e Lovecraft, o que faz muito sentido quando acompanhamos o desenrolar da história. O clima entre os personagens que estão na estação submarina me fez lembrar do Nautilus, dos segredos do capitão Nemo, da desconfiança e da sensação de confinamento e também do fascínio e do prodigioso presentes na narrativa do Dr. Aronnax - de testemunhar coisas que o resto do mundo é sequer capaz de imaginar. O dr. Martin de Valek, aliás, parece-me um tributo a Aronnax.

Da mesma forma, há um senso de perigo, de que há uma inteligência ao redor dos personagens humanos, algo que os observa. O próprio ritmo e a linguagem me fizeram pensar em Nas Montanhas da Loucura, inclusive pela sensação de claustrofobia que perpassa a narrativa. Diferente dos horrores ‘eldritchianos’, contudo, as criaturas com as quais cruzamos ao longo da história não parecem interessadas em causar pânico e loucura, mas sim em buscar formas de se comunicar.

E não é curioso que sejam os animais, criaturas que consideramos de inteligência inferior a nossa, que busquem compreensão, quando os humanos todos que fazem parte da narrativa se isolam em seus segredos, em seus traumas e planos egoístas? Os capítulos narrados pelas criaturas marinhas falam de fazer parte de uma comunidade, de deixar uma mensagem e se fazer entender, ao passo que a história de Corina e seus companheiros é uma história de indivíduos que parecem incapazes de se conectar, mesmo num nível superficial, com seus pares.

As Águas-Vivas não Sabem de Si é uma narrativa lenta, introspectiva, menos uma aventura e mais uma exploração filosófica. Gosto desse tipo de exposição que convida o leitor à reflexão, que explora nossa identidade como seres humanos. Num determinado ponto do livro, torna-se previsível como as coisas irão se desenrolar, e o final não me surpreendeu. Mas isso não tira nada da experiência da leitura, do encanto que ela consegue construir com suas imagens marinhas, e das considerações que compartilha conosco.

site: https://owlsroof.blogspot.com.br/2017/11/desafio-corujesco-2017-um-livro-de-um.html
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Nicole 23/07/2018

Solidão
Coragem, de se jogar a mais de 3 mil metros de profundidade, para sentir o "eu", por que se arriscar assim? A solidão bateu tão forte que perdeu-se de si, a solidão agora mostrou sons, sentimentos diferentes que a faziam procurar a companhia outra vez, ou talvez desistir da companhia e sentir, apenas sentir tudo à sua volta, toda a pressão da solidão, escura, bela, desesperadora, destrutiva.
A tão importante linguagem que todos os seres vivos usam, que vem séculos e séculos trazendo sentido à vida, os Homo sapiens, pararam de usar sabiamente, estão ficando loucos, entrando em narcose.
Algo nos falta, e com o que preencher? com trabalho? amor? amizades? família? não, todos juntos ainda não preenchem o vazio. O que nos falta? A solidão grita essa pergunta, chega a urrar em alguns ouvidos.


Esse livro mostra diversos pontos de vista, mas o que tocou forte, foi a solidão, essa que todos nós sentimos.
O fato de se passar no mar, foi uma escolha perfeita, o mar com toda sua grandeza, profundidade, mistério, trazem sentimentos intensos, a imaginação vai longe...
enfim sem mais delongas, leitura recomendada.
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Delirium Nerd 21/08/2018

A relação entre o oceano e o desconhecido em nós mesmas
Ler As Águas Vivas Não Sabem de Si, livro de Aline Valek, é ser absorvida pela história e se encantar pelas personagens, pelos animais marinhos, pelos trajes de mergulho, pela Estação Auris, local em que os personagens se encontram, e se perceber fascinada pelo oceano.

Somos gente. Gente é uma espécie curiosa, apesar de não ser a única com essa característica. Vivemos à procura de algo, uma caça por vida, companhia e noção de pertencimento. Não sabemos do que, mas estamos sempre em busca. Essa perseguição que tanto nos seduz pode ser no espaço, no oceano, na mente humana, nos testes de nossos limites, nos outros animais, nos vegetais, nas formações rochosas, na comunicação e nas relações humanas.

As Águas Vivas Não Sabem de Si é um pouco sobre essa busca e muito sobre o que nos faz viver buscando rastros de algo que não sabemos bem o que é. É tão fácil se sentir entregue ao livro justamente porque sabemos que o oceano guarda segredos, assim como os humanos, e eles podem ser fascinantes, como também assustadores. Geralmente são ambos.

O mar me fascina e me entreguei fácil ao livro. Enquanto lia a obra, lembrei-me da minha primeira memória com o oceano, uma das histórias preferidas da minha avó. Eu tinha uns três anos e viajei para o litoral com meus pais, amigos deles e minha avó. Junto com ela, eu ia cedo me encontrar com o mar. Ela me ensinou uma música que dizia “esse mar é meu” e eu ia, munida de meu maiô e meu baldinho, cantando essa música em direção à praia.

Leia na íntegra:

site: https://deliriumnerd.com/2017/12/15/as-aguas-vivas-nao-sabem-de-si/
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Davenir - Diário de Anarres 06/12/2018

FC para quem quer saber de si
"As Águas vivas não sabem de si" é uma FC de 2016 escrito por Aline Valek. É um pouco diferente das obras de FC publicadas no Brasil pois não tem o apelo ao nicho de leitores. O que é bem vindo, pois apesar de importante existir um nicho de escritores/leitores de Ficção Científica, tampouco é saudável ficar restrito apenas a ele. A obra é competente em trazer densidade na construção dos personagens e na criatividade em muitos momentos na narração.

A protagonista é Corina, uma mergulhadora experiente contratada para testar um novo traje de mergulho em águas profundas. Na estação Auris, ela e a equipe vão explorar sinais de cachalotes e se deparam com mistérios abissais e conflitos internos que vão movimentar a trama.

A ambientação de exploração no fundo do mar não é novidade mas a abordagem faz toda a diferença: a busca pelo desconhecido, me remete a Solaris de Stanislaw Lem, mas o desconhecido se apresenta de forma muito mais sutil que na obra de Lem, pois existem capítulos muito criativos com pontos de vista inusitados e filosóficos que evitam que a Ficção Científica fique sutil demais. Os dramas de Corina e dos demais membros da Auris são bem apresentados mas não tão desenrolados na trama, o que de fato não chega a prejudicar a obra pois evita que o livro se estendesse demais e acertar o prumo nos mistérios, que são o que mais instigam saber.

A edição como um todo é muito bonita e bem feita. A escrita busca mais sensibilidade e filosofia que a linguagem científica, e as voltas no passado e reflexões podem desagradar quem espera grandes movimentações na história ou o lado aventuresco de uma expedição científica. Para quem estiver disposto a mergulhar em si, como eu me dispus quando fiz a leitura, "As Águas vivas não sabem de si" é uma boa pedida.

site: http://wilburdcontos.blogspot.com/2018/12/resenha-80-as-aguas-vivas-nao-sabem-de.html
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Lethycia Dias 18/02/2019

Ciclo da vida
Corina é uma mergulhadora e tem um trabalho que poucos de nós imaginaríamos: vestindo um traje especial ainda em fase de teste, projetado para suportar temperaturas e pressões extremas, ela mergulha junto com o colega Arraia nas profundezas abissais do oceano, onde instalam sondas para uma pesquisa científica.
Os dois trabalham em uma estação submarina com mais três pessoas: Susana, Martin e Maurício. Confinados em um local de trabalho pequeno, isolados do mundo, os cinco mal conseguem conviver. Cada um esconde os próprios problemas, enrolando-se em sua concha. As coisas ficam nas entrelinhas, nos gestos, olhares e silêncios.
"As águas-vivas não sabem de si" é um verdadeiro mergulho, em vários sentidos. Um mergulho no oceano, às regiões mais profundas e escuras; um mergulho na solidão; um mergulho no mais íntimo de seus personagens. E o melhor: um mergulho no ciclo de surgimento, expansão e destruição da vida.
Os capítulos alternam entre pontos de vista dos personagens humanos e narrativas protagonizadas por espécies que habitam o oceano atualmente ou que já o habitaram muito antes da existência humana, compondo um apaixonante relato sobre a vida com reflexões sobre as noções de individualidade e coletivo, sobre a necessidade que temos de nos comunicar, estar em contato com os nossos, e ao mesmo tempo, buscar pelo outro.
Também apresenta, de certa forma, o quanto somos insignificantes diante da natureza e do planeta Terra, e como sabemos pouco sobre a história que se desenrolou em sua superfície ou abaixo dela ao longo de milhões de anos.
A escrita de Aline Valek me conquistou desde o início, de forma fluida, inteligente, bem-humorada. Saindo da minha zona de conforto ao ler um livro de ficção científica, mergulhei com olhos e alma. O livro se tornou o meu primeiro favorito do ano, e com toda a certeza recomendo a leitura!

site: https://www.instagram.com/p/Bt10PclgupP/
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petroniodtn 04/04/2019

Livro envolvente e profundo (como o oceano). Leitura gostosa, fluida... E ainda traz um toque de descobrimento que me lembrou os livros do Júlio Verne.
Sem dúvida vou ler mais coisas da autora!
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xuxu 22/09/2021

todo mundo...
Todo mundo tem que ler esse livro em algum momento da vida. É um livro fantástico, um dos melhores nacionais ja escritos.
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