Heila 17/06/2021
A paz desses homens é comprada com sangue
Nunca pensei em acompanhar a história de Artur dessa forma. O rei que nunca foi. Um guerreiro formidável e valoroso, que aqui é apresentado como um ser humano passível de erros, que pode se mover pelas paixões como qualquer um de nós. E embora estejamos falando as Crônicas de Artur, é Derfel quem rouba a cena.
Me senti absolutamente encantada pelo Derfel, que possui uma profundidade deliciosa de desvendar. Ele não é somente um guerreiro, ele é poderoso e glorioso, embora vejamos em sua narração brilhos fugazes de humildade acerca de sua posição que logo é explicada ao leitor.
Sua lealdade para com Artur, é algo sincero e bonito, embora eu tenha que confessar que em alguns momentos me irritou muito (risos), como em quando Lancelot é apresentado na estória e ofende o orgulho de Derfel, e ele diz que com um sorriso de seu senhor Artur o ressentimento se esvaiu.
E por falar em irritação, tenho que aplaudir o talento de Bernard Cornwell em fazer personagens detestáveis como o rei de Siluria e o próprio Lancelot, entre outros tantos que não devo citar para não dar spoilers.
Ainda falando dos talentos de Cornwell, esse foi meu primeiro contato com o autor. E nossa! Eu posso dizer que estou impactada pela sua força. O início levou um tempo para engrenar, afinal é um livro introdutório, mas mesmo nas partes mais paradas no início, a leitura era fluída e fácil. E a partir do momento em que começam as batalhas... Meus amigos... Dava para sentir o cheiro da terra e do aço, também o cheiro de couro, suor e sangue do Derfel. E é impossível não se emocionar com a amizade entre ele e Galahad! Parecem dois irmãos, coisa linda.
Particularmente não sou a maior fã de detalhes demais, quando o autor fala até da folha que caiu do galho, no entanto, cada detalhe que Bernard apresenta é pertinente e não apenas uma demonstração de sua capacidade de escrita, ele nos coloca na cena, nos faz compreender a geografia da cena e você consegue ver tudo.
O fim me deu a impressão de que está tudo bem na Britânia, mas sabemos que não está, se não ele não teria escrito sequência kkk' mas o fim desse primeiro ciclo nos dá o desejo de saber o que ocorrerá no tempo vindouro. E posso dizer que é uma trilogia a que darei continuidade.