Daniel.Faria 20/03/2011
Se eu fechar os olhos agora
Se Eu Fechar Os Olhos Agora é o primeiro romance do jornalista e escritor Edney Silvestre. A trama é muito interessante, se baseia entre o policial e o romance e tem como plano de fundo momentos históricos do cenário político e cultural do Brasil e do mundo.
A história se passa nos anos 60, em uma cidade da zona do café fluminense (RJ). Os dois principais personagens, Paulo e Eduardo, ambos de 12 anos de idade. Em abril de 1961, no dia em que Yuri Gagarin saiu da órbita terrestre, durante uma ida ao lago próximo a cidade, os dois encontram o corpo de uma linda mulher, morta e mutilada. Assustados vão a policia, onde acabam sendo tratados como suspeitos. São libertados pouco tempo depois, quando o marido da vítima, um dentista, velho e frágil, confessa o crime. A brutalidade do assassinado, a indiferença da polícia e a falta de lógica da explicação oficial para o crime intrigam os meninos. Tudo parece complexo demais, para ser solucionado rapidamente e da forma como foi feito. É nesse momento que os dois invadem a casa do dentista a procura de provas e em seguida conhecem um velho misterioso, ex-preso político da ditadura Vargas e dele os meninos ouvem um aviso que marca o começo de acontecimentos inimagináveis: Nada neste país é o que parece.
Paulo e Eduardo, que são amigos inseparáveis, decidem investigar o crime por conta própria e contam com a ajuda do velho Ubiratan. Em pouco tempo, entre pistas desencontradas, eles percebem que a jovem mulher tem uma estranha ligação com os homens mais importantes da cidade e um passado nebuloso e cheio de contradições. A cada passo da investigação as descobertas são ainda mais assustadoras e envolvem violência sexual, racismo, corrupção e alianças políticas, tudo se mistura, e se vêem em um grande cabeçalho.
Em uma época da vida, marcada por descobertas, em que o mundo se apresenta perfeito e sem manchas, Paulo e Eduardo encontram um caminho terrível e que marca suas vidas para sempre.
Em uma entrevista no Programa do Jô, o jornalista disse que passou com um esboço na cabeça durante 20 anos, porém não sabia como contá-la, pois o livro tem uma excelente narrativa, é como se fosse um dos meninos relembrando a história, passo a passo, detalhe por detalhe, e foi em uma certa ocasião que veio as seguintes palavras na cabeça do jornalista...."Se eu fechar os olhos agora, ainda posso sentir o sangue dela grudado nos meus dedos. Para um primeiro romance, na minha opnião o Edney se saiu muito bem, peca um pouco pelo time, pois ao mesmo tempo em que cadencia o texto, ao fim parece apressá-lo, porém nada que diminua essa trama ou a maneira como foi contada. A capa é do Henri Cartier Bressom, e segundo Edney, ela tem um caráter labiríntico e retrata exatamente a cena do crime. Espero que você tenha gostado, adquira o livro e descubra o desfecho desse quebra cabeças.