Tamara 27/11/2016
Eu não tenho muito o costume de ler livros de crônicas, porém, assim que este foi lançado ele foi tão aclamado, tão comentado, e como eu gosto muito de textos que falem de amor eu resolvi ler, e não me arrependi. A medida que ia virando cada página dessa obra, ia me identificando com muitos trechos, e alguns pareciam feitos exatamente para mim, enquanto parecia que o autor falava diretamente para o coração de quem estava lendo. Mas confesso que li ele de uma forma rápida, ansiosa para descobrir o que vinha pela frente, mas ao terminá-lo, me dei conta de que esse é um livro daqueles que devem ser degustados, lido aos poucos para absorvermos cada palavra que está sendo dita.
O que mais me chamou atenção em toda a obra foi a construção dos textos. O autor escreveu todos de uma maneira aleatória mas ao mesmo tempo todos parecem ser interligados, contando uma história dos sentimentos. Além disso, achei no livro várias partes de reflexão, mas que não pareceram forçadas e nem clichês.
Por outro lado, essa certa aleatoriedade dos textos em alguns momentos acabou me incomodando e alguns não tiveram forte significado para mim, mas isso ocorreu com poucos e eu não diria que deve ser considerado como um ponto extremamente negativo.
Ao contrário de um livro de ficção, não há muito o que falar a respeito desse livro pois acredito que a experiência será única para cada um que conhecê-lo e para cada fase da sua vida. É um livro daqueles que podemos manter na cabeceira da cama e lermos em algum momento um dos textos para sabermos que alguém passou pelo mesmo que nós, para tentarmos entender o incompreensível ou até mesmo para termos uma dose de esperança, tão necessária em alguns dias. Deixo essa recomendação para todos aqueles que já amaram ou que amam, e deixo abaixo mais alguns dos trechos do livro que me marcaram.
Quots
"Às vezes me pergunto aonde as nossas diferenças ainda vão nos levar. Mas tenho medo do fim. Tenho medo do “nunca mais” ou até mesmo de um “até logo”, de um tempo que possa não ser suficiente para trazer você de volta."
"Talvez eu não só te ame tanto, como tenha um medo absurdo de perder você. De ver você escorrer entre os dedos, de não ter braços para fazer você caber no meu abraço, de não ter o gosto do beijo certo para fazer você querer me beijar sem parar, sem precisar respirar, sem sequer pensar em sair daqueles segundos que deveriam ser minutos, horas, dias, meses e anos que eu quero passar ao seu lado. Te amo."
"Descobri, com o passar das minhas noites em claro, que o amor é loucura. É falta de sanidade. De sensatez. De medidas. O amor não reconhece espaços, não se rende a obstáculos, fronteiras, não olha para os lados. Ainda que existam outros sete bilhões de pessoas no mundo, escolhi estar aqui. Aqui imaginando seu rosto ao dormir, com expressão de paz, com cara de quero mais. Quero mais você. Quero mais a gente. Quero mais dias de felicidade."
"É isso. Já não me resta mais nada a dizer. Acho que cabe um último agradecimento por todas as vezes que você me deu asas. Que me fez voar, ainda que sem tirar os pés do chão. Depois você me tirou o chão, mas eu já não tinha mais asas. Não tem problema. Eu flutuo. Porque um coração tranquilo é leve! Saio dessa relação com a consciência tranquila de que fiz o que pude. Dei o meu melhor. O resto são as histórias que a gente vai contar por aí. Ou fingir esquecer."
"Acho que amadurecer é meio isto: perder algumas pessoas pelo caminho, pela estrada. Jurar que vamos marcar qualquer coisa, um cinema ou um chope no fim de semana, um barzinho, uma viagem, um encontro, um show, nada. É isso. Nunca marcamos nada. Nunca fazemos nada. Nunca mais a gente. Nunca mais a nossa amizade. Nunca mais a sua presença que já era necessária na minha vida. Nas minhas horas. Nas minhas noites de insônia."
"Entendi que dar amor, carinho, afeto e atenção não é errado. Não é pecado dar ao outro aquilo que você gostaria de receber. No fim, é só o seu jeito. É só você sendo você mesmo. Se o outro lado, se a outra parte, amigo, não sabe receber afago, que ela lide com suas próprias frustrações. Não adianta mudar nossa essência por algo que não deu certo, por alguém que não vale a pena."
"O amor, no fim das contas, é um imenso gesto de amizade. Não são apenas mãos dadas, beijos e corpos colados, suados, dividindo prazer. São momentos em silêncio, sem dizer nada, mas compartilhando uma vida inteira, repleta de perdas e ganhos só com um simples encontro de olhar."
site: Resenha postada originalmente em: http://rillismo.blogspot.com.br/2016/11/resenha-no-meio-do-caminho-tinha-um.html