spoiler visualizarAne Elyse Fernandes 10/01/2020
Todes deveriam ler.
Ah o mundo seria tão mais bonito, inclusivo e consciente, se todes tivessem a oportunidade de conhecer um pouco sobre a história de George. Ou melhor, de Melissa. Que narrativa incrivel, sensível e que nos remete à várias desconstruções e reflexões sobre a descoberta e o processo de se assumir, enquanto uma criança transgênero, tanto para si mesmo, como para sua família e seus amigos. Todo enredo é desenvolvido em torno do entrechoque dos sentimentos vivenciados por George, o qual já, desde o ínicio reconhece-se como uma menina, mas se vê sem forças e coragem para assumir tal identidade para a mãe, para o irmão e para a melhor amiga, Kelly. Charlotte, a aranha, foi fundamental nesse período de fortalecimento e empoderamento vivido pela personagem, a qual culmina na transformação - emocional, psicológica e mesmo física - de George em Melissa. É lindo perceber que, ao longo da história, George começa a sair de suas inseguranças e se depara com a tamanha necessidade de se assumir como é: uma menina, pois já enfrentou diversos preconceitos, inseguranças e negações por causa disso. Em vários momentos, fiquei incomodada com a reação de seus amigos e familiares - até mesmo da professora - quando seguem negando e negando que ele, de fato, poderia ser ela. Isso demonstra como nossos pensamentos são conformados num viés heteronormativo e cisgênero, os quais acabam interferindo e pré-julgando a todes que estão ao nosso redor - desde aos bebês antes mesmo de nascerem, bem como, quem nos cerca. Tal livro é uma obra-prima, inspiradora e que precisa ser acolhida, pois demonstra como é importante estarmos mais abertos para ir reavendo nossos pré-conceitos impostos pelo padrão estabelecido do que é ser homem e do que é ser mulher, por exemplo. Além disso, é um livro que nos encanta do início ao fim, por sua leveza, simplicidade e principalmente, pela nobre temática que apresenta. Está aí, mais exemplo, de como a representatividade importa e possibilidade reafirmar o quão é necessário enxergar esse mundo diverso e plural que temos. Leiam e deixem-se apaixonar pela brilhante narrativa!