Jamayra Greyce 09/09/2020
TO NO SHAWN
Ai gente, eu não estava esperando por nada disso, nem um pouquinho. Inicialmente pq esse foi meu primeiro livro da Agatha Christie, então imaginem minha supresa!! E confesso ainda que, no fundo, não tinha grandes esperanças a respeito dessa trama, pois apesar de não ter lido, conheço a conclusão de "Assassinato no Expresso pro Oriente" e não curto ela de jeito nenhum.
Então. Como li Sherlock Holmes recentemente não pude deixar de, o tempo todo, comparar seus casos a esse de Hercule Poirot, que é muito mais complexo que "Um estudo em vermelho" e "O sinal dos quatro" juntos!! Tive uma impressão tão ruim desses dois que até terminei a leitura me sentindo mal. Mas "A extravagância do morto" restaurou minha fé nos romances policiais, aleluia.
Cara, as páginas vão rolando e tudo vai ficando cada vez mais confuso. Deu página 60, 80, 100, 120, de 214, e nada de entendermos, Poirot e eu, o que tava pegando. Sim, rola isso. Não tenho certeza quanto aos costumes desse detetive, se geralmente resolve mistérios rápido ou não, mas nesse livro ele expressa bastante insatisfação por sua performance arrastada, então deduzi que não costuma ter tanta dificuldade quanto teve aqui.
Achei a disposição dos eventos perfeita. Ao tempo que a cena do crime é o foco em Sherlock Holmes, aqui todas as atenções são voltadas para os depoimentos dos suspeitos. A princípio isso me incomodou, tanto que até pensei coisas tipo "bem, se Sherlock tivesse olhado o local estaria tudo resolvido agora" kkkkk. Eu ficava doida pra alguém voltar lá no lugar e dar uma investigada nas evidências, mas não rolou. Enfim, o incômodo passou depressa, pq a dinâmica é muito satisfatória: você vai escutando as mesmas coisas que a equipe de investigação, ouvindo um pouco as opiniões dos encarregados, julgando o comportamento dos suspeitos, formulando suas teorias etc. Já em Sherlock Holmes é mais:
crime: a
sherlock: pronto, desvendei tudo. prendam o culpado, aquele bem ali!!
vc: ma q pora
watson: fascinante!! fascinante
Gostei de como Poirot é explicitamente humano, enquanto Holmes não existe e nem poderia. Também achei Agatha Christie muito mais sensata que Arthur Conan Doyle referente a Scotland Yard. No primeiro caso a corporação é criticada sim, maravilhosamente aliás, mas no segundo ela é ridicularizada além da conta. E olha que eu nem curto policiais, sejam eles brasileiros, ingleses, contemporâneos a mim ou não. Se me incomodei, meu amigo, é pq o negócio foi horroroso.
Lá pro final do livro eu precisava dar um chute definitivo a respeito da solução do caso. Sem querer me gabar, mas querendo sim, garanto que passei BEM próxima do resultado, um quase acerto do qual me orgulho kkkkk. Aquelas coisas de investigação, tem que ficar de olho nos detalhes aparentemente mais insignificantes.
Por fim, me emocionei com o caráter que Agatha deixou transparecer em sua escrita. Já reclamei do Conan Doyle no Skoob, e sinceramente, por causa dele, fiquei até com receio das minhas futuras leituras de autores europeus brancos. Mas Agatha não me causou praticamente desconforto algum com suas palavras, muito pelo contrário. A mulher colocou mulheres no topo desse seu romance e de quebra ainda criticou o preconceito terrível dos ingleses por estrangeiros. Ai meu deus q felicidade :,)
NOTA MIL!!