Ivy (De repente, no último livro) 02/09/2016
Idéia super mal desenvolvida...
Imagine que você está em um barquinho no mar. Remando, remando, remando. E então quando faltam poucos metros para chegar na ilha, você afunda.
Deu pra sentir a vibe?
Foi exatamente o que senti ao terminar Nerve.
Os explico melhor na resenha... Se prepara porque vou tentar explicar porquê um dos livros mais promovidos não me convenceu para nada.
Há alguns meses Nerve foi a aposta da vez por aqui. E quando o Folloner@s, um grupo de leitoras blogueras em que participo anunciou uma leitura conjunta do livro, não tive dúvidas em entrar. O livro já estava parado na minha estante e me pareceu interessante ler a história e formar meu ponto de vista, após ter lido diversas resenhas em blogs que visito, algumas positivas e outras bastante negativas.
Com uma premissa instigante, Nerve nos apresenta uma realidade bastante crível.
Um reality show que empurra as pessoas ao seu limite. Pessoas são testadas e desafiadas em tarefas inusuais e cada vez que o objetivo é cumprido, recebem um prêmio especial almejado por cada jogador.
Fama, poder, dinheiro. Nerve oferece um mundo de oportunidades aos seus jogadores. Porém, como parar e se manter viva quando o jogo se torna doentio?
Vee é uma menina acostumada a estar por detrás dos bastidores. Sua melhor amiga Syd, é a estrela de um espetáculo teatral da escola e Vee se contenta em ser a melhor amiga invisível. Apaixonada por um menino que parece não notá-la, castigada pelos pais que a culpam por um incidente ocorrido há meses atrás e vista por todos como uma boa menina, Vee está cansada de ser previsível e sente um desejo profundo de surpreender.
Quando Nerve abre inscrições para possíveis candidatos, Vee grava um vídeo online que, sem dar-se conta, acaba tendo um resultado inesperado. O vídeo se torna viral e Vee é convidada para ser a próxima jogadora de Nerve. Surpreendendo até mesmo a si mesma, Vee aceita. Afinal, o que são alguns simples desafios comparados aos prêmios e a fama que ela poderá alçar?
Os desafios passam de brincadeiras tolas e atos de rebeldia para coisas mais drásticas e até mesmo cruéis e enquanto Vee começa a repensar suas escolhas, percebe que na verdade está presa em algo muito maior, do qual não poderá escapar tão facilmente.
A premissa é realmente boa. Lendo essa proposta, até mesmo eu que agora estou resenhando volto a pensar: Mas o que foi que deu errado afinal?
Pois bem, na minha opinião, Nerve é mais um caso de excelente idéia que foi mal executada.
A protagonista Vee quer provar ao mundo que pode ser uma garota imprudente, Vee sente que sua vida é apenas uma sombra do que poderia ser e quer viver intensamente, desprender-se das regras e medos que a prendem. Para isso embarca junto à seu parceiro de jogo, Ian, em uma série de desafios que, apesar de serem bastante interessantes, com o tempo não conseguiam manter meu interesse.
O grande problema é que tanto Vee quanto Ian são personagens demasiado planos. A autora não se preocupou em dar à eles uma história. Durante toda a leitura saberemos muito pouco sobre Vee e absolutamente nada sobre Ian e esse vazio impede que o leitor consiga identificar-se ou apegar-se aos personagens.
Durante vários momentos do livro, Vee me pareceu uma menininha preocupada em ganhar prêmios e voltar cedo para casa. É uma personagem que não consegue encantar o leitor, é demasiado neutra, quase dispensável.
Iam não me convenceu para nada. O personagem é excessivamente altruísta, excessivamente dedicado e muito encantador. Tão encantador que fica difícil crer nas suas intenções. E assim, acaba se tornando um daqueles personagens que não confiamos exatamente por serem demasiado perfeitos.
Há muitos outros personagens secundários como os amigos de Vee, Syd e Tommy, e também outros jogadores de Nerve como Ty, Micky, Daniella, Samuel e Jen, mas todos eles me deixaram indiferente. Nenhum chega a receber um destaque especial e, se os personagens principais foram mal desenvolvidos, tente imaginar o que acontece aos personagens secundários. O leitor apenas consegue saber poucas coisas sobre eles, e a opinião que dá para formar sobre cada um é bastante superficial. De fato, superficial é a característica marcante de Nerve.
A narrativa em primeira pessoa, sob o ponto de vista de Vee, prende o leitor apenas em alguns momentos dos desafios do jogo, porém, num contexto geral, não é a história mais fluída que já li e nem mesmo a mais interessante. Muito pelo contrário, Nerve na minha opinião possuí muitas falhas, um final que deixa demasiados cabos soltos e uma sensação estranha como a de haver nadado muito e afundado exatamente na reta final do percurso...
Resumindo, Nerve é uma história que poderia ter sido muito, mas muito melhor, porém foi mal executada. Com vários personagens que poderiam ter acrescentado mais mistério e ação à trama, a autora optou por trazê-los de maneira superficial, o que impede o leitor de conhecê-los à fundo e criar um vínculo. Uma leitura que mesmo tendo começado com as expectativas baixas, ainda assim conseguiu me decepcionar.
site: http://aliceandthebooks.blogspot.com.br/2016/09/review-95-nerve.html