julia 31/08/2020Queria dizer, em primeiro lugar, que eu amo a Pam, acompanho ela no Yotube há anos e vou seguir sendo uma ávida inscrita. Esse é o primeiro livro que eu leio dela.
Dito isso, queria dizer que é um livro okay. Duas estrelas pra mim não é necessariamente uma avaliação ruim, mesmo sendo abaixo da média, porque eu simplesmente não termino livros que eu não estou gostando e uma estrela eu dou só pra livros que eu efetivamente me arrependi de ter terminado. Achei esse bem okay, tem seus pontos positivos, mas eu achei muitos problemas.
O que eu mais gostei, na verdade, foi a naturalidade que o tema da cultura do estupro foi abordado no começo. Foi uma transição natural entre uma caloura começando uma faculdade fora da sua cidade natal, tendo que lidar com uma coisa que a gente vê muito em todas as universidades do país (e do mundo). Mas isso só vai até certo ponto: mais pro final do livro, a narrativa começa a ser interrompida em alguns pontos pra algumas declarações de frases de efeito que me incomoda muito. Eu odeio quando o livro precisa parar para lembrar o leitor: olha, isso aqui é ruim e isso aqui é bom. Cultura do estupro é ruim sororidade é bom. Já dava pra entender isso através da história, sabe? Não precisava e me irrita.
Não cogitei realmente largar o livro nenhuma vez, mas confesso que algumas vezes foi difícil. Porque os personagens... meu deus. Eu não entendia a relação entre eles. A Alina parecia odiar a Manu, mas elas eram amigas. O Gustavo deveria ser o galã, mas ele era um babaca????? A menina que ele gosta tava saindo com um cara que ele suspeitava que era parte de um ciclo de abusadores que drogavam garotas para estuprá-las e ele só fala "TOMA CUIDADO"??????? É sério????? O Bernardo teve uma crise de ciúmes violenta, mas isso some depois e nunca mais é mencionado. A Alina pega birra do Cauê e eu não entendi direito de onde surgiu, ficou parecendo que era só pra ressaltar que ele era o vilão. As transições entre o Artur escroto e o Artur fofo não eram muito convincentes, eu preferia que ele fosse só fofo e, no fim, na verdade fosse um lobo em pele de cordeiro. Os temas de racismo e de bifobia são mencionados só pra gente fica puts que pena, o caso de homofobia é só uma motivação pra protagonista heterossexual largar um abusador. Não tem nenhuma consequência na narrativa.
Enfim. Vários problemas. Mas o enredo é bom, constrói uma visão da vida universitária convincente, o texto é gostoso de ler (apesar das descrições, alguns diálogos e os momentos frases de efeito). Como eu disse, é um livro okay. E não me arrependo de ter terminado, então tem isso.