Resenhas - VAMOS COMPRAR UM POETA

Thali 30/12/2021

Leitura curtinha e que me surpreendeu positivamente. Em um mundo onde tudo é exatamente mensurado, contado, medido, em um mundo de exatidões e que tudo tem por objetivo o lucro e a utilidade, o autor consegue nos mostrar o papel e importância da arte nas nossas vidas. Sou da área de exatas e sempre tive muita dificuldade em me prender e gostar de arte, principalmente poesia, e esse livro foi um grato presente de fim de ano. Ainda com um apêndice com muitas reflexões.

"Eu posso dizer que uma janela é uma janela, mas isso toda a gente já sabe. Com a poesia posso dizer que uma janela é um bocado de mar ou uma cotovia a voar [...]. Uma janela é uma janela, mas uma janela que é um pássaro a voar é uma realidade mais profunda, para lá do vidro, algo que está para além da definição do dicionário."

lautorres 07/05/2023

?e escrevi uma margarida no cabo do meu lápis,?
Pois estava com necessidade de que florisse.?
esse livro é simplesmente humano.
numa realidade em que o materialismo domina todo o funcionamento da sociedade, tudo é medido e contabilizado, tudo tem um patrocinador designado, e as famílias têm artistas como animais de estimação.
uma menina pede aos pais um poeta, que é inserido no contexto familiar e muda a vida de cada um.
o papel da arte simplesmente é a vida e Afonso Cruz demonstra isso de forma brilhante.
singelamente, as palavras poéticas vão mudando os significantes do mundo, e dando sentido a ele.
o apêndice mostra que o autor sabe muito do que fala, é intelectual de um jeito tocante; Hölderlin diz ?tudo o que permanece foi fundado pela poesia?.

Débora Pizzio 31/12/2021

Não foi pra mim
Infelizmente essa leitura não foi pra mim e eu odeio quando acontece isso.

Não vi uma pessoa falando mal, todo mundo dando 5 estrelas.

Escolhi ele para ser minha última leitura do ano, porque era curtinho.

Eu entendi a moral do livro, mas não me arrebatou como as outras pessoas, fiquei só com aquele sentimento de "ok". Sei lá, não me apeguei a nada. Talvez não esteja na vibe...

O livro físico é muito bonitinho.

julia 06/09/2022

?tenho milhas a percorrer antes de dormir?
Não consegui me ajustar muito à linguagem ao longo do livro, mas, mesmo assim, não pude escapar de gostar muito do final. Tudo fica muito lindo com a poesia e os sentimentos que a família vai desenvolvendo conforme a história acontece.

livrosmortificados 01/04/2023

Um mundo sem arte é um mundo morto
não muito longe da realidade, esse livro se passa em um futuro distopico onde tudo é contabilizado, uma sociedade materialista ao extremo.
o capital nao quer que as pessoas pensem, reflitam ou questionem é simplismente inutil para eles, é muito mais facil de manipular uma sociedade onde as pessoas não possam se opor.
mas é impossivel, somos seres pensantes, nos diferenciamos dos outros animais por sermos racionais, nao adianta vivemos pela arte, o romance, a melancolica, o drama sem isso qual o sentido de viver?

@buenos_livros 10/01/2021

Vamos Comprar Um Poeta - Afonso Cruz ??
Um pequeno grande livro que entra para a lista dos preferidos. Ao propor uma sociedade utilitarista e? que questiona a utilidade da cultura, o autor despeja sensibilidade em pensamentos e frases que reafirmam que a capacidade de imaginar e? a ge?nese e a salvac?a?o de todos no?s.
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Trecho:
?O poeta dizia que os versos libertam as coisas. Que quando percebemos a poesia de uma pedra, libertamos a pedra da sua ?pedridade?. Salvamos tudo com a beleza. Salvamos tudo com poemas. Olhamos para um ramo morto e ele floresce. Estava apenas esquecido de quem era.?

Laura Meyer 04/08/2022

Leitura rápida e simples.
O livro em um primeiro momento parece se passar em uma realidade distorcida onde as pessoas nada mais são que números, um abraço nada mais é do que uma descarga de força e uma lágrima os mililitros derramados. E na verdade esse mundo extraordinário do livro é idêntico ao que vivemos onde o dinheiro é o guia de todas as nossas ações e não passamos de um cargo, um número, mais um entre tantos fazendo o mesmo todos os dias e eis que surge a poesia como uma possibilidade de pensarmos diferente.

Lucas.Hagemann 05/05/2021

Vamos investir na Cultura!!
"Vamos comprar um poeta" não deixa de ser uma distopia realista de nossos dias. Afonso Cruz nos mostra a importância da poesia no sentido mais amplo da palavra, na nossa vida e sociedade. Livro incrível, super indico!!
Além da história, temos um bônus que é a aula de Filosofia/Sociologia/Política e Economia que encontramos no Apêndice do livro.

Tatiane 30/05/2021

A Arte é vida!
Preferi, desta vez, transcrever um capítulo deste delicioso livrinho:

Na escola (p. 27-28)

"Na escola, quando disse às minhas colegas que tinha recentemente adquirido um poeta, houve alguma inveja desta minha propriedade tão exótica. A NM792 comentou:
Os poetas nem sequer têm noção da mais elementar pirâmide das necessidades.
Como assim?, perguntei.
Acham que comer vegetais, cereais e laticínios, por exemplo, é mais importante do que simplesmente consumir produtos amorfos e fazer circular a economia.
Isso não é verdade, disse eu.
Discutimos com intensidade e quase cancelamos quaisquer transferências de afestos que pudéssemos ter uma pela outra. A NM 792 chegou a acusar-me de inutilista, que é o que meu irmão acha de mim, de forma injusta, já que não sou nada disso. Gostava de ter um poeta, e depois? Há muitos estudos que afirmam que ter um artista, um bailarino, um ator ou mesmo um poeta, ajuda a combater o stress, a baixar o colesterol mau, o que nos torna cidadãos e profissionais mais produtivos, concentrados e eficazes. Ora bem, nada mais útil do que isso.
Amanhã, pensei, esfrego-lhe estes estudos na cara. Evidentemente que, quando cheguei a casa, fui tirar o caso a limpo, havia que inquirir o poeta sobre a questão da pirâmide das necessidades. O poeta deambulava (acho que é assim que os poetas andam) pela casa, o olhar perdido, naquela linha de interseção entre o teto e a parede. Interpelei-o.
Por acaso, o poeta acha que vegetais e frutas são o mais importante da pirâmide das necessidades?
Evidentemente que não.
É o quê, então?
É a liberdade.

Francamente..."

Licia Maria 09/06/2021

Francamente...
Me deu até um quentinho no coração (algo perto dos 25°)!

Uma maneira leve e, claro, poética, de nos fazer refletir sobre as relações de afeto; sobre arte e cultura e sobre o capitalismo e a sociedade.

Posfácio tão perfeito quanto o livro, lembrando que somos produto da cultura (e não da economia) e que tudo bem eu viver com a cara enfiada nos livros porque, fato, a humanidade não aguenta muita realidade.

Temos milhas a percorrer antes de dormir ?

joedsonfrl 25/06/2021

Uma metalinguagem poética.
"Eu limpava os espelhos na esperança de me sentir assim, tentava desembaciar a vida, como o poeta dizia que tínhamos de fazer, passar a mão pela realidade até vermos um sorriso. Sei que é um trabalho árduo, há demasiado vapor a tornar a vida pouco nítida, desfocada. Mas vou insistir."

Tendo como fundo uma sociedade moderna construída nos pilares do materialismo, o livro parte da premissa que a aquisição de Artistas é sinônimo de status social. Apesar de serem adquiridos puramente por um capricho imposto pela sociedade, todos os veem como uma “presença indesejada”.

O autor nos traz de forma primorosa uma crítica à essa sociedade e questiona os valores deturpados onde o “ter” é mais importante que o “ser”. Assim, em um mundo onde cada vez mais tudo se é medido, quantificado, patrocinado e comprado, ser “inutilista” e fazer da metáfora um exercício necessário, talvez, seja a solução e o ponto de partida em busca do sensibilidade que se foi perdida.

“Percebi que estava cada vez mais inutilista e que pensava em coisas só pela sua beleza e não queria saber do seu valor monetário ou instrumental.
- Vocês não percebem que eu estou a acumular cultura?
- Para quê?
- Para montes de coisas.
- Montes? Isso é uma quantidade? Gasta um bocadinho conosco para demonstrar o valor da transação.
- Irritei-me e respondi, muito agressiva: A cultura não se gasta. Quanto mais se usa, mais se tem."

Curto e profundo, simplista e intenso, esse virou um dos meus favoritos da vida!
(:

Midi 30/01/2022

Fascinante e genial!

Fui ler como quem não queria nada e quando vi já não conseguia parar. A história é sensacional, fluída, emocionante e traz uma crítica fantástica.

Victoria 07/04/2023

PERFEITO!
Que obra linda e de extrema necessidade.
Sou artista e frequentemente recebo falas do tipo "e o que vai fazer para ganhar dinheiro?" ou qualquer coisa falando que preciso fazer com que minha arte traga retorno financeiro.

Esse livro é uma facada no estômago, falando sobre o que é arte e a necessidade dela no nosso cotidiano. Que nem tudo que produzimos, precisa ser para venda.

"Um criador pode não ter intenção de ganhar dinheiro com uma obra"

Ana 18/12/2021

Simplesmente fantástico
Curtinho, leitura (até que) leve e mensagem simplesmente incrível. Me fez olhar os poetas e a poesia com outros olhos, com maior carinho do que já tinha! Livro simplesmente INCRÍVEL, tô indicando pra todo mundo que eu conheço kk

byasz 01/02/2022

Não abandonar os poetas nos parques.
Um livro muito interessante e com uma linda lição.
Em uma sociedade onde as pessoas só ligam para números e lucro, e onde artistas são como animais de estimação, uma família compra um poeta. Ao notarem que estavam ficando menos materialistas e apreciando as coisas simplesmente pela beleza, eles abandonam o poeta.
A leitura é bem rápida e fluida!