Elineuza.Crescencio 22/07/2020Salvamos tudo com a belezaTema: Leituras de Julho 2020 (7)
48/100
Título: Vamos Comprar um Poeta
Autores: Afonso Cruz
País: Bangor – Figueira da Foz - Portugal
Páginas: 97
Avaliação: ****
Término da leitura: - 22/07/2020
Dublindense Editora RS 2020
48/100 2020 #desafiodos100livrosemumano
O Autor: Português de Figueira da Foz, nascido em 1971. Além de escritor é músico, cineasta e ilustrador. Tem publicado mais de trinta livros entre romances, teatro, não ficção, ensaio, álbuns ilustrados, novelas juvenis.
Obra: É uma distopia onde há uma análise agradável entre o útil, inútil e lucrativo. Nesta sociedade tudo é bem medido e quantificado. Quanto mais alto o valor maior a importância quanto menor o valor menor a importância. Um poeta é artigo de luxo, pois quem o possui é um “inutilista”. Poesia e poeta são descartáveis podem ser abandonados.
Até que não mais que de repente ...
Considerações
1. Leitura rápida e muito saborosa.
2. O autor como sempre, surpreende.
3. É uma análise entre o capital e a cultura. Muito bom.
Citações:
1. Como é que o mar, tão grande, cabe numa janela tão pequena?. Página 40
2. Eu posso dizer que uma janela é uma janela, mas isso já toda gente sabe. Com a poesia posso dizer que uma janela é um bocado de mar ou uma cotovia a voar. Página 68
3. Um beijo é mais eficiente à temperatura do corpo. Página 74
4. Nunca abandonei aquele poeta, ainda o visito no parque. Não sei quantas pessoas ainda visitam os seus poetas abandonados, mas se procurarem bem, há muitos parques cheios deles, dentro e fora de nós. O meu, que comprei quando tinha treze ou catorze anos, ainda o visito. Sentamo-nos os dois e dizemos inutilidades. Algumas dessas inutilidades até são poemas. Ele olha para mim com lágrimas nos olhos (deixei de contabilizar estas coisas), eu fico com uma metáfora na garganta, abraço-o, e somos felizes durante uns segundos, ou melhor, durante eternidades. Página 76
5. O poeta dizia que os versos libertam as coisas. Quando percebemos a poesia de uma pedra, libertamos a pedra de sua “pedridade”. Salvamos tudo com a beleza. Página 77