Vamos comprar um poeta

Vamos comprar um poeta Afonso Cruz




Resenhas - VAMOS COMPRAR UM POETA


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Rafael Moia 11/12/2022

Uma distopia presente
Como primeiro contato com algum exemplar da Coleção Gira da Dublinense, não tenho o que reclamar. Havia perdido hipe da leitura do Vamos comprar um poeta, mas um clube de leitura trouxe-me essa oportunidade novamente. Fui questionado por dizer que "havia adorado essa distopia". Eu li como uma distopia, senti que estivesse lendo uma distopia, e indico para todos como uma distopia. Então, na minha humilde opinião, é uma distopia. No, mas, felizmente a hegemonia cristã não se perpetuou e deu lugar a um sistema teocrático financeiro. Cultua-se Mamon, e tudo que não dá lucro é considerado inutil. Artistas são equiparados a animais domésticos, o que leva a caçula da família querer "adotar" um poeta. A presença do artista irá influenciar a dinâmica financeira, emocional, e social de toda a família.
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Joelson Santos 09/08/2021

A cultura não se gasta. Quanto mais se usa, mais se tem

“Numa sociedade dominada pelo materialismo, as famílias têm artistas em vez de animais de estimação”. Essa é a premissa que o escritor português Afonso Cruz nos apresenta em Vamos Comprar um Poeta.
Essa história curtinha tem um poder incrível em todos os seus capítulos, inclusive no posfácio, de questionar nossa relação com a arte e as demais coisas "inúteis" ao nosso redor, além de alfinetar os caminhos que essa sociedade cada vez mais capitalista tem tomado.
Chega a ser impossível não se sentir tocado pela beleza sutil com que a cultura é representada e como a falta dela é angustiante nesse mundo distópico - não tão distópico assim.

"Um poeta é como quem sai do banho e passa a mão pelo espelho embaciado para descobrir o seu próprio rosto. Era isto que ele me dizia. Eu limpava os espelhos na esperança de me sentir assim, tentava desembaciar a vida, como o poeta dizia que tínhamos de fazer, passar a mão pela realidade até vermos um sorriso. Sei que é um trabalho árduo, há demasiado vapor a tornar a vida pouco nítida, desfocada. Mas vou insistir."
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EduardoCDias 10/06/2020

Inutilismo
Uma família classe média, numa sociedade distópica, onde tudo tem valor, peso e quantidade, resolve adotar um poeta de estimação. À partir de então ocorrem situações hilárias (algumas vezes desconfortáveis) em meio à um desenvolvimento de sensibilidade e de cultura. Só achei a idéia muito boa para um livro tão pequeno. Merecia ser melhor desenvolvido.
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atimo_ 22/09/2020

Sobre "inutilidades"
A utilidade de algumas coisas estaria exatamente na sua inutilidade? Afonso Cruz, escritor português, faz uma interessante reflexão, respondendo a essa pergunta através de uma narrativa simples e delicada. "Vamos comprar um poeta" é sobre a importância e a utilidade de coisas "inúteis", "imateriais", "imensuráveis", tais como a arte, a música e a poesia.
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Mila F. @delivroemlivro_ 28/08/2021

Entrou para meus favoritos!
Em VAMOS COMPRAR UM POETA nos deparamos com uma chocante sociedade que valoriza, mais do que qualquer outra coisa, o materialismo e que ao contrário de nossa realidade atual em que criamos pets, a sociedade criada por Afonso Cruz "criam" artistas em vez de animais de estimação.

Além disso, tudo o que existe nesse universo é patrocinado por empresas e tudo o que é possível medir com números é supervalorizado, ou seja, tudo é contabilizado durante o dia: a quantidade de grãos comidos, os passos dados, os afetos, etc.. Outro detalhe importante é que até mesmo as pessoas são identificadas por números! (BB9,2; N7468,1734; etc.) e pela contribuição que elas podem dar ao mercado de consumo.
Mas estou me antecipando muito, pois ainda não falei exatamente o que encontraremos em VAMOS COMPRAR UM POETA, porém, precisava exibir inicialmente o cenário que o autor criou. Sendo assim, no volume, acompanharemos uma menina que mora com seus pais e seu irmão, essa menina mensura tudo o que faz durante o dia e é através dos olhos dela - da narrativa em primeira pessoa - que vamos acompanhar a história.

Fica bem claro que na casa dessa menina o pai é o provedor, a mãe cuida de casa e a menina e o irmão são estudantes, nessa perspectiva, tudo o que acompanham durante o dia e conversam é sobre números, coisas patrocinadas, tamanho e economia, há uma preocupação exagerada por coisas que tenham utilidade.
No entanto, no seio dessa família uma transformação irá acontecer quando a menina vê que há pessoas que compram artistas porque observam que isso pode trazer alguma satisfação imaterial, então, ela pede ao pai para comprar-lhe um poeta, então, pai vai com a menina no centro comercial para efetuar a compra, e a forma como a transação acontece é estarrecedora, como se de fato estivessem comprando qualquer objeto e não um ser humano.

O poeta se adapta bem na rotina familiar, tem seus momentos de divagação, mas após ele ir morar no apartamento, a vida de todos os membros da família não será mais a mesmas, principalmente porque ninguém compreende o que o poeta diz, pois ele usa mais palavras (sentimentais e metafóricas) do que números, depois porque a rotina familiar muda e há sempre uma novidade na casa.
Porém, a menina se vê sofrendo bullying na escola por ter comprado um poeta que, para todos, não serve para nada, a menina tenta explicar a "serventia" do poeta, mas é acusada e inutilista, o que ela considera humilhante, agressivo e a deixa revoltada, pois ela está começando a ver a vida de outra maneira.
O poeta também tem suas sofrências, pois em casa a mãe e o pai brigam com ele, passam o tempo todo pedindo para ele se retirar e quando ele vai para a rua é apedrejado e desvalorizado por todos. Nesse ínterim a menina observa tudo isso e outras coisas que antes não tinha se detido para observar.
É também nesse momento que ela começa a entender melhor o que o poeta fala e começa a também falar coisas que as pessoas de "seu mundo" não conseguem entender, mas se você pensa que a história acaba por aí temos um plot quando um problema chega na casa e todos precisam reduzir seus números de consumo, sendo que a resolução dessa problemática é o que traz a verdadeira crítica bem humorada que Afonso Cruz quis lançar para seus leitores.
De fato o autor deixa bem claro que no dia a dia nem tudo deveria se voltar para números, finanças, consumo, ou mesmo estudos/pesquisas e estatísticas, porque o bem-estar e a felicidade não estão intrinsecamente relacionados a isso, viver desse modo maquinal torna-se até mesmo superficial, robótico e sem a perspectiva de nenhum prazer.
Afonso Cruz traz de maneira fenomenal uma reflexão sobre o utilitarismo, materialismo, consumismo e capitalismo, ressaltando que o mundo pouco valoriza o papel da arte, pois seu valor é mais emocional do que material, embora a mesma arte que não pode ser tão mensurada, mobiliza muito de nossa sociedade, ademais, é da arte que é possível encontrar soluções práticas e ideias para problemáticas cotidianas. É uma pausa, um respiro do cenário caótico que vivemos.
Em VAMOS COMPRAR UM POETA, também encontramos crítica à falta de importância ou a desvalorização dos sentimentos, justamente por ele não poder ser colocado em números e até mesmo por ter se tornado algo tão fugaz, a forma como o autor nos conduz a fazer várias reflexões no livro é de nos deixar verdadeiramente impactados e transformados ao final do volume.

Será que ainda resta dúvida se eu gostei desse livro? EU AMEI e entrou pros meus favoritos, sem dúvida, esse livro é um daqueles que a cada releitura me mostrará algo novo.

site: www.delivroemlivro.com.br
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Deivid 05/12/2021

Foi bom, mas eu esperava muito mais
O livro traz uma ambientação diferente, muito próxima do que seria uma distopia, mas não acho que chegou a se tornar pelo fato de me ter trago tantas perguntas que o livro não pôde responder.
não é um livro ruim, mas também não é um livro TÃO bom. A leitura valeu a pena, e trouxe algumas reflexões, tem a minha recomendação pois toda experiência é diferente e toda leitura é válida.
mas acho que seria viável dizer que, neste livro, "não vá com tanta sede ao pote."
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Rafael1906 22/12/2023

Antes de dormir temos que caminhar milhas e milhas e milhas.
Esse incrível texto apresenta a narrativa de uma garotinha e sua família de contábeis, o pai empresário, a mãe dona de casa, o deus deles que é o dinheiro. Na cabeça dela tudo é contado, nomes são códigos, sentimentos são numerados, lágrimas matematicamente pesadas. Até que ela compra um poeta! Isso mesmo. Daí em diante ela conhece um novo jeito de se expressar, de ver o mundo, de dar vida às coisas. A mãe, que antes de se tornar dona de casa conhecia o sentimento poético, reaviva essa ideia junto com a filha. Um livro lindo, leve, impactante. Não abandonemos os poetas. Precisamos visitá-los sempre!
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Pam 08/12/2023

Nunca achei que um livro tão pitoco, tão trequinholinho, pudesse fazer e dizer tanto, comprei de presente e decidi ler e marcar antes de entregar... o resultado é que agora o presente é pra mim mesma
P.mateuss 08/12/2023minha estante
meu presente ?




Talita | @gosteilogoindico 06/12/2021

Livro "fora da caixa"
Temática muito diferente, repleto de momentos reflexivos e por vezes emocionante. Gostei muito! 96 páginas de um romance muito bem construído. Devorei em uma noite!
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fepopi 08/08/2022

Muito bom
Estou surpresa. É um livro muito inteligente e interessante. Ideal para quem quer fazer uma leitura boa em um dia. Com certeza vai te deixar matutando por um tempo. Singular. A capa é linda.
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Monica 26/08/2020

Tudo mundo devia
Chorei ao ler.
Chorei ao começar e ao terminar. Porque lembre do Drummond. Minha paixão por ele fez eu enxergar uma vida que não tinha e ao conhecer os números demais abandonei meu poeta.
Resgatei ele hoje, comecei a ler de novo poesias.
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Pri | @biblio.faga 16/07/2020

Lançar-se ao papel é um ato de coragem.
Fazer (e viver de) arte é um ato revolucionário.
Nesta vida, há que se ter coragem.
Coragem para ser livre, para ser o que realmente somos:
meros poetas de uma vida cotidiana.

-
Depois dessa breguissíma introdução (shame on me), devo alertar que não é sem motivo que “Vamos comprar um poeta” é um dos queridinhos da editora Dublinense.

O livro é pequenino no tamanho (13x19 cm de medida e 96 páginas de extensão), mas imensurável na profundidade (estimam-se toneladas de força inspiradora). Leve, ágil, fluido e encantador, a obra também é altamente crítica e, sobretudo, apaixonada e apaixonante!

Com uma sensibilidade impar e uma criatividade inusitada e invejável, o escritor português Afonso Cruz tece duras criticas as atuais prioridades de nossa sociedade brutalmente capitalista, pois como bem expõe “a falta de investimento na cultura deve-se a uma ignorância extrema”.

É com muito pesar que notamos que a realidade em que habitamos não está tão longe da sociedade distópica da obra. Um mundo onde a expressão cultural é reduzida, compactada e comercializada, onde artistas transformam-se em animais de estimação.

Não é preciso voltar os olhos para muito tempo atrás para perceber o perigo de pensamentos uniformizados e acríticos ou para o evidente e triste desperdício de uma sociedade privada da potencialidade transformadora das diversas formas de manifestação artística. Afinal, poemas tem o poder de abrir janelas para ver o mar e “a ficção e a cultura constroem tudo o que somos”.

Quando mediamos à beleza e a importância de vários aspectos dessa intrigante existência que denominados como “vida”, única e exclusivamente, com base em parâmetros utilitaristas, vemos claramente que valores, pesos e medidas são péssimos norteadores, pois como já dizia o aviador francês Antoine de Saint-Exupéry, “o essencial é invisível aos olhos” (L’essentiel est invisible pour les yeux).

Definitivamente, uma leitura descontraída e deliciosa.
Recomendadíssima!

Quotes:
“Peço desculpa, mas um sapato não é uma luva apaixonada pelas mãos erradas.”
“As rugas são as cicatrizes das emoções que vamos tendo na vida.”

site: https://www.instagram.com/biblio.faga/
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beatrizcsantos 26/03/2023

Resenha - Vamos comprar um poeta
Comecei a ler despretensiosamente e foi uma grata surpresa. Apesar de não ter me cativado tanto, foi uma leitura que me despertou um sentimento de alerta para os nossos padrões consumeristas.

Acredito que em outro formato, uma novela, por exemplo, daria para desenvolver mais as críticas postas nessa história. Ou, talvez, eu só não estivesse pronta para compreender o que o autor quis passar.
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Elineuza.Crescencio 22/07/2020

Salvamos tudo com a beleza
Tema: Leituras de Julho 2020 (7)
48/100
Título: Vamos Comprar um Poeta
Autores: Afonso Cruz
País: Bangor – Figueira da Foz - Portugal
Páginas: 97
Avaliação: ****
Término da leitura: - 22/07/2020
Dublindense Editora RS 2020
48/100 2020 #desafiodos100livrosemumano

O Autor: Português de Figueira da Foz, nascido em 1971. Além de escritor é músico, cineasta e ilustrador. Tem publicado mais de trinta livros entre romances, teatro, não ficção, ensaio, álbuns ilustrados, novelas juvenis.

Obra: É uma distopia onde há uma análise agradável entre o útil, inútil e lucrativo. Nesta sociedade tudo é bem medido e quantificado. Quanto mais alto o valor maior a importância quanto menor o valor menor a importância. Um poeta é artigo de luxo, pois quem o possui é um “inutilista”. Poesia e poeta são descartáveis podem ser abandonados.
Até que não mais que de repente ...

Considerações

1. Leitura rápida e muito saborosa.
2. O autor como sempre, surpreende.
3. É uma análise entre o capital e a cultura. Muito bom.

Citações:

1. Como é que o mar, tão grande, cabe numa janela tão pequena?. Página 40
2. Eu posso dizer que uma janela é uma janela, mas isso já toda gente sabe. Com a poesia posso dizer que uma janela é um bocado de mar ou uma cotovia a voar. Página 68
3. Um beijo é mais eficiente à temperatura do corpo. Página 74
4. Nunca abandonei aquele poeta, ainda o visito no parque. Não sei quantas pessoas ainda visitam os seus poetas abandonados, mas se procurarem bem, há muitos parques cheios deles, dentro e fora de nós. O meu, que comprei quando tinha treze ou catorze anos, ainda o visito. Sentamo-nos os dois e dizemos inutilidades. Algumas dessas inutilidades até são poemas. Ele olha para mim com lágrimas nos olhos (deixei de contabilizar estas coisas), eu fico com uma metáfora na garganta, abraço-o, e somos felizes durante uns segundos, ou melhor, durante eternidades. Página 76
5. O poeta dizia que os versos libertam as coisas. Quando percebemos a poesia de uma pedra, libertamos a pedra de sua “pedridade”. Salvamos tudo com a beleza. Página 77
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