Mayara 24/11/2016
“Deixo meus legados jorrarem. Todos eles. Até não sobrar mais nada”
Após 6 volumes e longos anos de espera, finalmente Unidos Somos Um nos trás o desfecho tanto aguardado por lorienos, mogadorianos e humanos. O mais incrível da saga é a primeira impressão errada que ela nos deixa: então trata-se de uma história de amor envolvendo alienígenas que se parecem com super heróis? Não. E com um pouco de persistência e confiança na história, descobrir sua verdadeira essência é mais arrebatador do que nunca.
Lorien foi destruído em um ataque de Mogadore e salvou alguns membros da Garde com seus Cêpans para garantir a não extinção da espécie e a sobrevivência do planeta Terra. Por muitos anos, a Garde, numerada de 1 a 9 e protegida por um encantamento lórico, se deslocou de um lugar para outro, treinando e sobrevivendo como verdadeiros combatentes, e não como os adolescentes normais que queriam ser. Mas treinamento e sentimento de perda e de vingança não seriam o suficiente para derrotar uma raça super tecnológica com milhões de soldados. Eles precisavam de respostas. De saber os porquês. De entender.
E é aí que percebemos que lorienos e mogadorianos podem ter capacidades jamais imaginadas por humanos, mas que seus motivos e suas ambições não são tão diferentes assim. As duas espécies são quase uma metáfora para o melhor e o pior lado de nós mesmos. Mogadorianos podem ter a tecnologia de guerra mais avançada já vista, mas possuem o bom senso de um inseto. São movidos a conquistar e destruir. Após poluir seu planeta a ponto de torná-lo inabitável e aniquilar Lorien em busca de recursos, sua última opção é subjugar os humanos e fazer da Terra um lar. Enquanto isso, lorienos recebem uma recompensa, os legados, de uma Entidade mística por serem nobres e agirem sempre com o instinto de proteção, sobrevivência e altruísmo.
Então é uma divisão clara, Mogadore e Lorien, herói e vilão, bem e mal, certo e errado? Absolutamente não. Da mesma forma que nós não somos uma grande massa de humanos, e sim pessoas, os inimigos alienígenas também tem sua individualidade. E ninguém comprova isso melhor do que Setrákus Ra, o Adorado Líder mogadoriano de origem loriena, que traiu seu planeta, sua Entidade, seus Anciões e seus amigos numa busca doentia por imortalidade, poder, veneração e um progresso distorcido. Sua ambição mórbida o transformou numa aberração quase inorgânica e indestrutível, o colocou à prova o poder da principal fonte da Entidade lórica, a loralite. Mesmo o planeta Terra, aparentemente vítima de uma guerra alheia, não está isento de ter suas corporações corruptas, governos mesquinhos e agentes estúpidos, como a Garde é obrigada e constatar.
E da mesma forma, os próprios lorienos são movidos por seus estímulos pessoais. Seis é movida à determinação. Marina, ou Sete, é movida à vingança. Nove é movido à matança. Sam, nosso aliado humano mais precioso, é movido à amizade e à recusa de desistir de seu pai. Cinco é movido ao desejo de autopreservação. Ella, ou Dez, é movida à responsabilidade. Adam, mogadoriano desertor, é movido à consciência. E por fim, John Smith, número Quatro, é movido a amor. Até que seu amor é morto bruscamente. Em sua arrogância inata, o Adorado Líder calculou mal este movimento. Matar Sarah Hart causou a sua própria destruição, pois transformou John em uma máquina de massacre imbatível, em um mártir com sede de sangue e ânsia pelo fim. Setrákus Ra se colocou num missão suicida ao despertar o seu pior oponente. E a batalha final pode ter demorado a chegar e causado um enorme dano colateral, mas valeu a pena em todos os sentidos possíveis. E mesmo quem não pôde presenciar o desfecho (R.I.P) ajudou de alguma forma na jornada até ele.
O que será feito dos nossos personagens preferidos? Adaptar-se a uma vida normal de calmaria pode ser desafiador para quem nasceu com o propósito de ganhar uma guerra. Mas enquanto estiverem vivos, as possibilidades são infinitas. A telepata Ella nos ensinou isso muito bem. E o que será feito de nós, leitores com uma faísca inapagável de Lorien acesa nas nossas almas? Assim como os membros da Garde, amadurecemos e passamos por transformações irreversíveis. Então carregaremos conosco a chama de Lorien, e, “nesse meio tempo, temos muitas coisas para tentar entender, juntos e separados. Encontrar nossos lugares neste novo mundo, fazer as pazes com aqueles que ferimos e aproveitar nosso potencial ao máximo”.