m.eduarda.st 06/05/2024
Doloroso, angustiante, repugnante e chocante.
Estou a alguns dias tentando digerir esse livro e não consegui, ao terminar disse que não faria resenha, porém aqui estou mas devo admitir que mesmo agora me parece muito difícil sintetizar tudo. É um livro de tema certamente importante para ser discutido, que é o sequestro e encarceramento de meninas e adolescentes, usadas como escravas sexuais, tal como aconteceu com Natascha Kampusch.
?Diário de uma escrava? conta a história de horror vivida por Laura, uma jovem sequestrada e mantida em um buraco pelo seu sequestrador, um homem normal para os padrões da sociedade. Estevão é casado, trabalhador e vai à igreja, uma fachada perfeita para encobrir o psicopata que habita nele. Por onde passa Estevão destrói sonhos e devasta famílias, tão naturalmente como se estivesse comprando pão na padaria. Como todo maníaco, Estevão não tem limites e ao longo do livro vai acumulando vítimas e atrocidades. Laura apesar de mantida viva pelo ?Ogro?, apelido que ela dá ao sequestrador pelas semelhanças com um animal, é estuprada constantemente, além de sofrer violência física e psicológica de todas as formas imagináveis e INIMAGINÁVEIS.
O livro começa 4 anos de cativeiro de Laura, onde o desejo de vingança e fuga ainda estão fixos na sua mente. Com o passar do tempo percebemos algumas mudanças em Laura uma vez que ela encontra-se alheia ao fato de que a liberdade parece cada vez mais distante?
Rô Mierling criou uma narrativa perturbadora, utilizando de casos reais, relatos de vítimas e reportagens para construir o ?Diário de uma escrava?. É muito palpável e doentia a visão do sequestrador, e surreal a visão da vítima. É um relato muito forte e sinceramente, tive que parar algumas vezes para refletir, tomar fôlego, chorar e continuar. O livro expõe sem quaisquer escrúpulos todas as atrocidades que uma alma doentia é capaz de fazer, e tudo que uma vítima é capaz de suportar. Estupros diários, urina no rosto, socos, chutes, puxões de cabelo, privação de higiene, de sol, de nutrição; isso tudo é apenas o que da pra falar, pois muito do que Laura ( e outras) passaram não me atreveria escrever aqui. Por ser relatado em forma de diário nós não somos poupados dos detalhes mais cruéis, tudo é extremamente gráfico e grotesco.
Por fim, recomendo a leitura para quem está disposto a levar um tapa na cara, que é isso que toda a história, principalmente o final, nos dá. Recomendo a leitura para quem não se julga tão sensível, e para quem não está preocupado apenas com um final feliz. E, vale a pena ressaltar que esse é um livro que divide bastante opiniões. Se estiver disposto descubra qual vai ser a sua. Mas esteja muito disposto, porque isso aqui é um compilado de horror e podridão que faz com que esse livro vá direto para a minha pilha de leituras indigestas.