Ju 09/04/2020
Penoso...
O que dizer de OS 12 SIGNOS DE VALENTINA?
Eu não gostei.
Eu tinha uma curiosidade imensa em relação a esse livro há quase 4 anos, afinal, fui uma usuária assídua do wattapad em 2016 e o conheci por lá, contudo, só agora resolvi de fato dar uma chance a essa leitura.
Confesso que minhas expectativas foram por água abaixo logo nos primeiros capítulos. A Isadora é extremamente chata, e nem mesmo sua prima Marina e nem o namorado dela, o Rodrigo, salvam. Nenhuma amizade dela da faculdade tem algum carisma. Simplesmente não tem nenhum personagem legal (exceto uma única pessoa que falarei melhor depois).
A Isadora é dramática, infantil e a todo momento precisa ressaltar a fossa em que está, ou a todo momento precisa ficar frisando seu papel de branca privilegiada etc., com vários discursos sobre machismo, empoderamento, desconstrucão etc. Ou que era fora dos padrões, alta, com barriga, celulite, estria, seios pequenos e um menor que o outro.
Não me levem a mal, nós PRECISAMOS de protagonistas diferentes e fora dos padrões e que passem alguma mensagem relevante! O que acontece é que a Isadora sentia necessidade de nos comunicar isso e nem sempre achei que parecia ser uma questão tão importante no rumo da história, sabe? Eu senti que a autora parecia ter necessidade de colocar tudo que ela acha que deveria ser trabalhado em um único livro, então saiu encaixando uma protagonista fora dos padrões, e mais discursos de machismo, política, privilégio do branco e por aí vai.
Novamente, precisamos de livros que abordem essas coisas, mas não necessariamente de uma protagonista que precisa a todo tempo frisar isso. Eu gostaria que ela me mostrasse isso com suas ações dentro do livro, com sua personalidade, com a forma como tratava as pessoas etc., e não toda hora falando que era "assim e assado", era como se ela quisesse me convencer por não conseguir demonstrar. Quando ela não falava de si mesma, falava até para o rolo dela, que ele era branco, privilegiado, heterossexual e blá blá. Nós sabemos disso, não é necessário colocar certas coisas em toda oportunidade no livro. Se for colocar, basta uma vez.
Eu achei o livro raso. E talvez por isso eu reclame tanto dos discursos "padrões" (padrões no sentido de serem disseminados como vemos em cartilhas ou no Twitter) que a personagem usava. A questão é que, são 12 signos trabalhados no livro, é muita coisa. Eu, particularmente, achei a ideia da autora muito legal, e muito original trabalhar isso como um experimento por meio da Isadora, e em blogs. Achei realmente que a estrutura ficou excelente. Só que eram homens demais para serem abordados e, por isso, fico muito raso. Honestamente, não sei como ela poderia ter solucionado isso sem aumentar o livro e torná-lo cansativo. Se o problema fosse só a superficialidade retratada dos caras dela, estaria ok. Porém, os capítulos que antecediam esses rolos da Isadora eram igualmente rasos, e penso que, por isso, eu não consegui me apegar a ela ou aos personagens de apoio, porque simplesmente não dava tempo de construir uma personalidade, sabe? Para mim eram apenas distratores que antecediam a passada de rodo da personagem principal no zodíaco. Só. Se os personagens não revelam muito de si, isso toma espaço da própria personagem central que "não se solta".
Uma coisa que me incomodou foi que a Isadora disse que mulher nenhuma deveria colocar a sua felicidade nas mãos de outras pessoas. Ela está corretíssima, a felicidade depende de nós, e isso foi bem transmitido no livro. Entretanto, acho que essa conclusão da personagem talvez tenha vindo precocemente, e só me fez pensar que enquanto ela dizia isso, estava colocando sim a felicidade dela na mão de 12 signos que usou para sair da fossa, não mão de um experimento que usava pessoas. Achei que essa conclusão poderia ter aguardado mais, pois a Isa cresceu, e percebeu que a felicidade realmente dependia só dela.
De forma geral, apesar de eu ter detestado a personagem principal e não ter curtido algumas coisas por não achar que o livro foi tão bem trabalhado para ganhar tanta informação que, aí sim, seriam muito bem-vindas; achei que trazem também algumas reflexões, uma ou outra mensagem interessante.
O livro é bastante previsível, então fiquei meio sem saber por que estava lendo. Dá para sacar o rumo ainda no começo. Não me surpreendi com nada. Livros previsíveis não são ruins, só que precisam ser prazerosos, esse não foi.
Qualquer crítica que eu tenha sobre OS 12 SIGNOS DE VALENTINA não alcança o Andrei, pois ele é um personagem extremamente maravilhoso, e muito provavelmente foi a única coisa que me fez continuar a ler. Ele foi o único personagem que conseguiu transmitir os sentimentos. Porque eu conseguia captar bem a diversão dele, o deboche ou qualquer coisa. A descrição dele ficou muito clara, as mudanças de humor eram realmente perceptíveis. Ele se mostrou melhor e com certeza roubou o coração das leitoras, todas.
Apesar de eu não ter gostado do livro, eu não me arrependo de tê-lo lido. Ele não deu certo comigo, mas deu certo com a maioria das pessoas que leram e acho que isso é um indício de qualidade. Não curti a história? Não, acontece, ele não foi bom para mim, mas pode ser para você que queira ler. Foi bom ter lido algo nacional e recente, a escritora escreve bem, é original, criativa. Espero que mais pessoas leiam e tirem as próprias conclusões.