Brujo 06/06/2022
A Terra é apenas uma pedra flutuando no Cosmos...
Joseph Schwartz é um aposentado de 62 anos que, certo dia, devido a um acidente em um laboratório nas proximidades, é transpostado para milhares de anos no futuro. Chegando lá, Schwartz descobre estar em uma Terra muito diferente do que aquela que conhecia: a língua falada é completamente estranha à ele, boa parte do território terrestre é radioativo e, o principal: a Terra não é mais o único planeta habitado da galáxia, e faz parte de um Império Galático capitaneado pelo planeta Trantor.
Joseph acaba parando no consultório do Dr Shekt, que o submete a um processo experimental que lhe permite aprimorar suas capacidades mentais, fazendo com que aprenda muito rapidamente a língua local e - o mais espantoso! - lhe concede dons telepaticos fantásticos.
Joseph, juntamente ao Dr. Shekt, sua filha Pola e um arqueólogo e cidadão imperial chamado Bel Arvardan, que está na Terra para levar a cabo o estudo de sua teoria de que a Terra é o berço da humanidade, se vê no meio de uma conspiração terráquea capitaneada por um grupo extremista, cujo objetivo é realizar um ataque terrorista biológico que irá destruir o Império.
Este é o resumo da premissa do livro Pedra no Céu (também conhecido no Brasil como 827 Era Galática, ano onde se passa a história - cerca de 50.000 anos no futuro segundo li em alguns lugares), primeiro livro publicado pelo Bom Doutor, no ano de 1950, que viria a publicar mais de 500 livros até a sua morte em 1992. Marca impressionante, não ? E é a presente obra que inaugura uma das mais prolíficas carreiras literárias da história. Pode não ser a melhor obra de sci-fi da história, sequer é o melhor livro do Asimov, mas já é um início (da carreira do escritor e da própria ficção científica) bastante promissor. Se hoje existem clássicos como Eu, Robô e Fundação, devemos agradecer à Pedra no Céu.
O autor já começa acertando ao colocar uma pessoa comum no centro da história, facilitando a identificação do leitor. Outro aspecto que me conquistou foi a genialidade de colocar os terráqueos como objeto de preconceito dos demais planetas da galáxia, o que faz com que qualquer leitor no planeta possa ao menos ter idéia do que seria sofrer preconceito e ser marginalizado.
Outro ponto positivo é a forma fluida com que o texto é escrito. O fim de vários capítulos do livro contém pequenos ganchos que nos mantém interessados no que acontecerá a seguir.
Obviamente que também existem pontos negativos: alguns dos principais acontecimentos do livro possuem pouca ou nenhuma explicação, carecendo de desenvolvimento. Como exemplos, cito a viagem de Joseph ao futuro e a forma como o próprio "resolve" a questão dos planos terroristas, que achei muito repentina (não achei que chega a ser um "Deus Ex Machina" pois todos os elementos dessa resolução estavam presentes anteriormente na história) e até um pouco anticlimática; O desenvolvimento de personagens é bastante superficial, como é comum na maioria das obras de Asimov - sejamos honestos. Ao meu ver, o autor se focava muito mais em construir essa mítica toda que culminaria em " Fundação " do que em seus personagens, que acabavam por serem apenas ferramentas para que o leitor conheça esse mundo criado por ele. O piores exemplos do livro ficam a cargo dos clichês: o vilão maquiavélico (que urra de forma selvagem quando seus planos sãos frustrados) e a mocinha que chora o tempo todo e precisa ser salva.
Apesar destes pequenos poréns, eu indico fortemente esta leitura, por seu caráter pioneiro em diversos aspectos e para o aprofundamento no universo Asimoviano.
Próximo da lista: estou entre " Poeira de Estrelas" e " Robôs e Império ", ambos já me esperando na estante.
PS: Relendo aqui a resenha percebi que o título deste livro me remeteu à " Pálido ponto Azul ", do Sagan. A lógica por trás de ambos os títulos é praticamente a mesma...