Érica 12/05/2015Resenha: Animais Fantásticos & Onde HabitamO mais legal de Animais Fantásticos é a ideia muito simples, mas genial, de ser um livro da biblioteca de Hogwarts. Aliás, você lê o próprio exemplar usado pelo Harry Potter quando estudante, com suas anotações e anotações de colegas para quem ele emprestou seu livro. Há um adesivo na capa com os dizeres "Propriedade de: Harry Potter". Logo no início tem um jogo da forca no qual dá para ver que Ronny não conseguiu adivinhar a palavra "acromântula", entre outras pichações. O autor fictício, Newt Scamander (preciso dizer que foi JK quem escreveu?), possui biografia no livro e faz uma introdução explicando a pesquisa feita para poder escrevê-lo. O prefácio é de Alvo Dumbledore (que ficou muito honrado em ser convidado para escrevê-lo, muito obrigado). Newt faz citações a outros livros fictícios sobre assuntos diversos, dando ano de publicação e nome da editora. Todos esses detalhes fictícios apresentados como verídicos tornam o livro bastante divertido e interessante.
Claro, há ainda a descrição de animais fantásticos/mágicos, que são protegidos da visão dos trouxas. Alguns deles encontrados nos livros da série HP. Eles possuem classificação de periculosidade determinado pelo Ministério da Magia, de XXXXX – muito perigoso, indomável até X – tedioso). As descrições dos animais são muito curtas, na minha opinião. Alguns são muito mal descritos, a tal ponto que não consigo imaginá-los só com os traços ditos no livro. Por outro lado, outros animais são descritos com mais detalhes e envolvem histórias muito interessantes e é simplesmente divertido fingir para si mesmo, durante a leitura, que eles existem (assim como já fizemos com os sete livros do Harry e com tantos outros livros e filmes de ficção).
Gostei de vários animais, principalmente daqueles com poderes de interferência no comportamento humano ou em seu humor, ou quando há alguma história para exemplificar suas características. Outro aspecto interessante de alguns animais é sua interferência no mundo trouxa (nosso mundo), como o Chizpurfle (Chizácaro), cuja existência explica como certos aparelhos eletrônicos novos podem simplesmente pifar sem motivo aparente. JK faz questão de relacionar vários de seus animais fictícios (cabe lembrar que muitos são inspirados em/reproduzidos de mitologias diversas - Fada, Centauro, Chimaera, Leprechaun, Unicórnio, Yeti, etc, etc.) com crenças e crendices existentes fora do mundo Potter, como o mostro do lago Ness. Outro ponto positivo: os nomes dos animais são bem pensados e são até sonoramente interessantes.
Pontos negativos: esse livro está gritando por uma edição melhor. Como vai sair uma trilogia cinematográfica, nutro esperanças pelo lançamento dessa edição melhor. De preferência em capa dura, com ilustrações para cada animal fantástico (que não sejam imagens dos filmes a serem lançados!) e com notas sobre onde os poucos deles aparecem nos livros da série HP. Gostaria particularmente de ver uma ilustração da espécie de dragão Antipodean Opaleye (Olho-de-opala). Algo como isso?: http://www.teachanddiscover.net/wiki/images/5/51/harryOpaleye.jpg . Também gostaria de ver uma ilustração decente do Fwooper (Fiuum). Ah! Outro ponto, que não é necessariamente negativo, mas que é bastante intrigante: aparentemente não existem animais fantásticos próprios da América do Sul (apenas "encontráveis nas Américas"), enquanto há uma profusão deles no norte da Europa. Tudo bem que a autora é inglesa, mas achei isso pouco verossímil (na medida em que podemos falar de verossimilhança em um livro sobre animais mágicos! rsrs).
Os animais e as características mais interessantes na minha opinião foram:
1. Ashwinder (Cinzal): "se forma quando se permite que um fogo mágico arda livremente durante muito tempo".
2. Augurey (Agoureiro): "só voa sob chuva pesada". "Antigamente se acreditava anunciar a morte. Os bruxos evitavam os ninhos de agoureiro com medo de ouvir esse som de partir o coração, e acredita-se que mais de um bruxo sofreu um ataque cardíaco ao passar por uma moita e ouvir o lamento de um agoureiro escondido". "Sabe-se que Úrico, o Excêntrico, dormiu em um quarto contendo nada menos de cinquenta agoureiros de estimação. Em um inverno particularmente chuvoso, Úrico se convenceu, ao ouvir o canto dos seus agoureiros, de que havia morrido e se transformara em fantasma".
3. Basilisk (Basilisco): "um ovo de galinha chocado por um sapo produz uma cobra gigantesca dotada de poderes extraordinariamente perigosos."
4. Chizpurfle (Chizácaro): "é atraído pela magia". "ataca objetos mágicos tais como varinhas, que ele roi gradualmente até o cerne mágico, ou então se instala em caldeirões sujos, onde engole qualquer restinho de poção". "Na ausência de magia, sabe-se que os chizácaros atacam objetos elétricos por dentro. As infestações de chizácaros explicam os defeitos intrigantes de muitos artefatos elétricos trouxas relativamente novos".
5. Fwooper (Fiuum): "A princípio prazeroso, o canto desta ave acaba levando quem o escuta à loucura". "Úrico, o Excêntrico, certa vez tentou provar que o canto do fiuum era na realidade benéfico à saúde e escutou-o durante três meses sem interrupção. Infelizmente, ele não conseguiu convencer o Conselho de Bruxos, ao qual relatou suas descobertas, pois chegou à reunião pelado, usando apenas um chinó ou meia peruca que a um exame mais atento os conselheiros descobriram ser um texugo morto."
6. Glumbumble (Besouro da Melancolia): "produz uma secreção que induz a melancolia".
7. Jobberknoll (Dedo-duro): é uma minúscula ave azul, toda sarapintada, que se alimenta de pequenos insetos. Não produz som algum até a hora de morrer quando deixa escapar um grito longo formado por todos os sons que ouviu durante a vida, regurgitados de trás para a frente. As penas do dedo-duro são usadas em Soros da Verdade e Poções da Memória.
8. Mackled Malaclaw (Malagarra): "Sua mordida tem o singular efeito colateral de tornar a vítima extremamente azarada por um período de até uma semana após a mordida".
9. Mooncalf (Bezerro Apaixonado): "O bezerro apaixonado executa complicadas danças (...) (e muitas vezes seus movimentos deixam intrincados desenhos geométricos nos campos de trigo para grande perplexidade dos trouxas). (...) se o seu excremento prateado for recolhido antes do sol nascer e espalhado sobre canteiros de ervas mágicas e de flores, as plantas crescerão rapidamente e se tornarão muito resistentes".
10. Phoenix (Fênix): "Seu canto é mágico: acredita-se que aumente a coragem dos puros de coração e atemorize os impuros de coração".
11. Pogrebin: "Esse demônio é atraído pelos humanos e gosta de segui-los andando à sua sombra e se abaixando rapidamente quando a sombra se vira para ele. Se um humano permitir que o pogrebin o siga durante muitas horas, será envolvido por uma sensação de grande futilidade que finalmente o fará cair em um estado de letargia e desespero. Quando a vítima para de andar e cai de joelhos para chorar a inutilidade de tudo, o pogrebin saltará sobre ela e tentará devorá-la. Porém é fácil repeli-lo com azarações simples ou Feitiços Estuporantes. Chutá-lo para longe também pode ser eficaz".
Se tivesse que escolher um dos animais como o mais curioso, acho que seria o Jobberknoll.
Acho que possuímos uma inclinação acentuada para uma explicação fantástica para as coisas, estranhas ou não, coisas que muitas vezes são perfeitamente explicáveis de forma racional, mas por algum motivo preferimos a versão fantástica. Por isso o livro é tão interessante, acho. A mais cética das pessoas já se viu inclinada a acreditar numa explicação fantástica para alguma coisa. Universo conspirador, horóscopo, destino, etc.