Caroline 12/11/2017Até o fim, uma interrogação constanteSem qualquer expectativa a respeito do conteúdo e sem prévia informação sobre outros trabalhos da autora, iniciei a leitura, que se revelou bastante truncada até aproximadamente a metade do livro.
Essas primeiras páginas não parecem revelar qualquer aspecto relevante para a história: há frequentes menções ao que a protagonista come e veste, a como se maquia, a como se exercita, ao que lê, a como paga suas contas... Pequenos trechos sobre como ela, de modo geral, gasta ou perde seu tempo (deixando a impressão de que também desperdiça minutos de vida do leitor).
Somente quando os fatos mais relevantes são revelados é que alguns desses detalhes ganham importância, como pequenas detalhes ao leitor sobre acontecimentos significantes que estavam por vir.
Pra mim, o melhor da narrativa é sua estrutura não-linear. O começo pelo fim, assim como a constante alteração de locais e datas, é um pouco incômodo a princípio, mas é nessa narrativa que o suspense ganha sua força.
A história, em si, possui certa carga de originalidade, mas, pra mim, foi impossível não ficar incomodada com o quão desagradáveis são todos os personagens. Absolutamente todos. A maior concentração de personagens odiáveis que já li.
Até as últimas páginas foi impossível sentir qualquer empatia por eles, até mesmo pela protagonista Jule, a justiceira, o que me impediu que a leitura fosse rápida ou prazerosa.
Comparada ao péssimo caráter de todos os outros, no entanto, me vi induzida já no desfecho de tudo a (quase) torcer pela (anti)heroína.
No geral, "Fraude Legítima" é uma leitura surpreendente, que mantém o leitor atordoado numa interrogação constante até a última página, na qual a história de certa forma se redime, caso o leitor tenha a paciência de chegar até lá e não desista antes com tanto aborrecimento.