Amanda 17/11/2020
Parte 1
Precisamos falar sobre Sarah Janet Maas
5 anos de Trono de Vidro
8 livros
E a Sarah não aprendeu nada nessa trajetória, não se desenvolveu, não se aprimorou, não amadureceu. Foram 5 anos de ilusão em personagens femininas fortes, mas que estão mascaradas por machismos, esteriótipos e privilégios. Já os personagens masculinos, poucos se salvam do total desperdício. Demorei para perceber isso nas histórias dela, mas depois é um caminho sem volta.
"Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar"
Se você já leu alguma resenha minha sobre os livros dela, você já sabe sobre o que eu estou falando, sobre pontos que ressaltei, critiquei e explanei. Não vou repetir tudo de novo.
Eu realmente não sei qual é a mensagem que a autora quer passar com seus livros, é a da protagonista forte e independente que se salva sozinha ou é a das partes que um "macho" morde uma "fêmea" para mostrar quem é o dono dela, para deixar uma marca no corpo que a reivindique, para mostrar a quem ela pertence? É a da parte que o homem respeita a mulher e diz que "We only go as far and long as you want", ou é a da parte que um homem contrariado e enraivecido expulsa da sua tenda, uma mulher cansada, com fome e sem roupa num frio desgraçado debaixo de neve? E no final do livro esse casal termina junto.
Qual a moral da história que meninas, iniciando a adolescência, estão apreendendo? Qual lição elas estão levando para a vida? O que elas vão aceitar como normal e padrão numa relação? O que elas vão procurar em seus relacionamentos? O que ela vão questionar?
É nojento a maneira que a autora reforça a ideia de posse de uma mulher com os "bonds". O bond pode te enfiar numa cilada. Para mim isso deveria ser metáfora para abordar relacionamento abusivo e não romantizar um vínculo eterno. Repara, são relações que parecem lindas até a primeira rosnada. Porque, sim, eles rosnam.
Parte 2
Dito isso, e reflita muito sobre isso que acabei de escrever, agora eu posso abordar um pouco sobre o livro, então cuidado, a partir daqui, pode ter spoiler!
BRASSSIIILLL??
AS SAGAS DA SJM SÃO UM MULTIVERSO!!
QUEM PEGOU O CROSSOVER?
VOCÊS PERCEBERAM ISSO, BRASIL?????
Ok, fim do faniquito. Vamos à resenha.
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Meio bleh, né?
Posso ter achado isso porque já não estava dando a mínima para a saga (devido aos problemas que venho destacando nos últimos livros), demorei 6 meses parar finalizar a leitura, que vamos combinar né, pra quê quase mil páginas??? Pra quê tanto p.o.v??? A narração ficou muito arrastada e repetitiva. A batalha final praticamente começa nas primeiras páginas do livro e fica na MESMA até a Aelin chegar. Porque quem tem que resolver a parada é a Aelin, claro.
A linha narrativa ficou confusa, os capítulos não estão em ordem cronológica e não há um motivo para eles não estarem (diferente de obras que fazem isso de propósito, que contar a história em dois tempos faz parte do enredo e da experiência de leitura). Aqui só me fez indagar por que as coisas não estavam se encaixando, eu tinha impressão que a Batalha em Terrassen já tinha um mês, quando na verdade passaram dois, três dias.
Sarah J. Maas também tem a mania de criar problemas grandes demais em seus livros, aí para resolver o problema, ela precisa criar meios ainda mais mirabolantes. Por exemplo, ela deu tanto poder para o Dorian que nem tem graça ver ele sendo desafiado pela história, ele fez o que quis (e o que não quis) com a Maeve. Ele saiu desfilando de Morath, depois de - sozinho - roubar o Rei Valg, enganar a Rainha Valg e destruir a fortaleza inteira... Detalhe que ele alterou a essência da magia da Maeve em DOIS SEGUNDOS. Da Maeve! Desse ser milenar que está causando em Erileia desde que o mundo é mundo. Eu ficava com a impressão de que o Dorian não acabava com a guerra inteira com um estalar de dedos, porque ele não queria.
Depois a gente percebe o porquê de tanto poder para os protagonistas, era para ter a desculpa para eles saírem vivos dos desafios na histórias... Ai, olha, nem vou ficar explicando essas coisas... Se alguém se interessar e ainda aguentar me ouvir falando e reclamando, pede nos comentários que eu repasso todos esses momentos e explico as incoerências.
Me irrita que a SJM não sabe abrir mão de seus personagens, mata eles caralh*!! Era a porr* de uma guerra e a autora realmente quer que eu acredite que ninguém da patotinha da Aelin morreu?? Aconteceu a mesma coisa em acowar, só coadjuvante morreu. Mas por que ainda me iludo? SJM não seria capaz de matar ninguém que tem par romântico, quem morreu estava solteiro, e como todo mundo nos livros dela tem par romântico, não sobra muita gente para morrer mesmo. (Vale o adendo que a morte do Graviel foi simplesmente patética).
Mais uma vez, as duas sagas da autora se confundem. Eu acho isso o fim da picada, a autora não ter condições de criar enredos e arcos diferentes para as próprias obras. Já apontei semelhanças gritantes lá na época do livro 3 e agora mais uma vez, além de ser uma batalha infinita, a batalha final repete a ideia de uma arma forte o bastante que elimina rapidamente o inimigo (caldeirão/acowar x espelhos das bruxas), o lado dos protagonistas sempre está encurralado / sem aliados / em menor número e daí exércitos aliados começam a sair do c* da Sarah para dar emoção e igualar as forças. Tipo, a gente sabia que o Rolfe foi atrás dos mycenias, e esperava seu retorno com o exército, mas tem que chegar no momento hiper super blast mega crucial? A gente sabia que o exército do khaganate estava chegando, mas precisa chegar no alvorecer da última noite antes de Orynth ser derrotada? A gente não fazia ideia de exército de feéricos e lobos gigantes e eles chegaram mesmo assim...
Tira um pouco o 'realismo' do momento.
Eu sei que eu reclamo, mas agora eu quero ressaltar os momentos que eu mais gostei.
- A fuga da Aelin! Vocês conseguiram perceber a importancia dela se salvar sozinha? Vocês compreenderam o peso dessa cena? Achei muito poderosa a mensagem, mas como eu disse no começo da resenha, dentro do universo SJM, isso pode significar nada, mas vale a pena pontuar.
- O arco da Manon. Salvou o livro na primeira parte, Manon é Rainha sim, terminou o livro quebrada e destruída, mas ela é forte para sair dessa. Não quero nem saber o que a Sarah diz, mas Manon é lésbica, ou no máximo bi, e não ama o Dorian, entre os dois só tem tensão sexual, desculpa trazer essa verdade para vocês
- O sacrifício da Treze (ou das doze). Gente, para mim o clímax do livro foi ali! Comentei que a Sarah não mata ninguém, mas ela matou (as coadjuvantes do núcleo da Manon), mas matou. Eu fiquei uns segundos sem chão, porque foi um núcleo que eu aprendi a amar e me doeu demais perder aquelas bruxinhas. Isso trouxe peso para a história, isso me trouxe de volta para a história, me fez sentir a perda de personagens queridos. E o livro só não foi pior, por isso. Pena que depois disso a Manon perdeu espaço na história e só aparecia sendo citada por outros personagens.
- Os mundos da Sarah são um miltiverso, sacada sensacional e conecta aspectos semelhantes que eu já tinha comentado. Btw, parabéns aos novos papais do pedaço, Feyre e Rhys.
E por fim, a mensagem que eu tenho mais orgulho e alívio em dizer, adeus SJM, até nunca mais.