Luiza Helena (@balaiodebabados) 29/01/2019Originalmente postada em https://balaiodebabados.blogspot.com.br/"Era uma vez, em uma terra há muito queimada até virar cinzas, vivia uma jovem princesa que amava seu reino…"
Final de série sempre fica aquele misto de dever cumprido com vazio no peito. Bate aquela ansiedade para saber como será o final daqueles personagens que você acompanha a séculos, ao mesmo tempo fica vontade de não acabar nunca. Kingdom of Ash foi tudo isso pra mim e mais um pouco. Com certeza foi um dos melhores finais de série que já li.
Levanto as mãos aos céus por não ter desistido da história em Coroa da Meia-Noite. Depois do final arrebatador de Império de Tempestades, fiquei me questionando com a Sarah iria fechar todas as milhares de pontas de sua história. Só digo uma coisa: essa mulher é um gênio e não faz nada por acaso.
Não vou mentir que, ao longo da série, Aelin certos momentos me deu nos nervos, mas acompanhar sua jornada foi super gratificante. A bichinha comeu o pão que o diabo sambou em cima, mas nem por isso deixa de acreditar em um mundo melhor. Mesmo que ela própria não esteja aqui para testemunhar. Quando comecei a acompanhar a história da rainha prometida lá em Trono de Vidro, nunca iria imaginar o rumo que ela tomaria, quanto mais seu final. Foi muito gratificante acompanhar o crescimento de Aelin e vê-la se tornar uma das personagens mais bem construídas que já li.
"A morte foi sua maldição e seu dom e sua amiga por esses longos, longos anos."*
Outro personagem que caiu nas minhas graças foi Rowan. Não escondo de ninguém que achava suas atitudes um pouco exageradas demais para um feérico de não-sei-quantos- anos, mas nesse livro ele se redimiu comigo e com humildade. Por mais que ele saiba e apoie os planos malucos de Aelin, ele também está disposto a fazer com que sua parceira viva o mundo melhor que ela prometeu.
Dois personagens que tiveram um grande desenvolvimento na história foi Dorian e Elide. O príncipe-herdeiro de Adarlan começou um tanto apagado, mas aos poucos teve seu desenvolvimento. De um príncipe perdido no mundo, Dorian se tornou uma pessoa digna e preparada para assumir seu papel de rei. Assim como Aelin, ele também está disposto a fazer sacrifícios em nome de um futuro melhor.
Manon foi uma personagem que também teve um desenvolvimento maravilhoso, assim como as maiores perdas. Desde que descobriu sobre suas origens, ela se questiona se consegue viver ao papel que lhe foi dado. Em suas conversas com Dorian, vemos que os dois estão um pouco perdidos ao que fazer, mas vão se ajudando mutuamente. Com certeza, se rolasse um spin-off da série, eu iria querer mais sobre o futuro de Manon.
"Viva, Manon. Viva."*
Elide muito minha guerreirinha. Desde sua primeira aparição, a lady de Perranth já demonstrava garra e forças para ajudar Aelin e seu reino, mesmo que nunca tenha conhecido a ex-assassina. Em quase todas as cenas que apareceu, Elide foi a voz da consciência, verdade e calmaria. Seu relacionamento com Lorchan foi conturbado desde o início por uma série de motivos e aqui vemos os dois se acertarem ao seu tempo.
Mesmo com sua história contada em Torre do Alvorecer, Chaol e Yrene não deixaram de ter seu destaque. Em certos momentos, Yrene foi meu espírito animal contra os bolsominions. Dona de uma personalidade guerreira, mesmo em seu estado, a curandeira não deixou de ajudar Aelin a sua maneira. E, sempre contando com o apoio de sua mulher, Chaol finalmente se desligou das garras de seu passado.
"Uma chama contra a escuridão. Uma chama para acender a noite."*
O livro tem quase mil páginas, mas você não sente passar; a cada capítulo fica aquele sentimento de “o que vai acontecer agora?”. A sequência da libertação de Aelin foi uma das melhores cenas escritas pela autora. É de ficar com o coração na mão e aquela angústia e medo de dar algo errado. KoA é ação do começo ao fim e, com a escrita envolvente da Sarah, você se vê imerso na história de forma a sentir que está vivenciando tudo aquilo. As cenas de batalha e ação são bem escritas e de forte emoção. Como são narradas de vários pontos de vista, você consegue ver o que cada um está sentindo. Só a primeira cena de batalha foi tudo o que uma outra certa guerra da autora não foi. Dá vontade, né ACOWAR.
"A última batalha, as últimas horas, de sua desesperada aliança."*
Apesar de todos os elogios, eu possuo duas ressalvas quanto a esse livro. A primeira é falta de coragem da dona Sarah não matar personagens importantes. Ninguém quer que seu personagem favorito morra e isso é um fato, mas gente, estamos em uma guerra onde pessoas vão para o campo de batalha lutar uma com as outras. Em certos momentos, eu achei que uma ou duas vidas seriam ceifadas, mas só ficou no quase mesmo. As mortes que ocorreram, pra mim, foram um tanto irrelevantes. Só bateu aquele sentimento de “ok, morreu; vamos seguir o baile”.
Outra ressalva é sobre o personagem do Aedion. Eu sempre achei o cara meio aleatório no rolê, mas nesse livro ele me deu nos nervos. Constantemente o personagem humilha Lysandra e eu só queria arrancar os olhos dele com uma pinça. OK que ele estava bolado porque não compartilharam os planos com ele, mas nada justifica o modo como ele tratava a pessoa. Boatos que rolou um certo “arco de redenção”, mas até o do Tamlin foi melhor do que esse de Taubaté. E quando penso que a pessoa vai pisar com dignidade das bolas desse macho, ela me volta atrás. Só respirando muito fundo e seguindo em frente.
Há meio que um easter egg nesse livro, portanto fiquem atentos. Esse easter egg é praticamente um crossover e, se eu não estivesse tão bolada com algumas coisas, teria curtido mais. Pelo menos serviu para Sarah não escrever mais um conto desnecessário (sim, ACOFAS, estou falando com você) para dar essa informação.
Kingdom of Ash foi o final de uma série que foi maravilhosa de acompanhar. Com certeza a história de Aelin vai ainda perdurar por muitos e muitos anos - não somente nas terras de Erilea.
"A sua história não era uma história de escuridão"*
*Tradução feita por mim
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