Andre.28 08/04/2020
Educar É Um Ato de Amor, É Um Ato de Libertação (versão resumida)
Como a resenha ficou grande eu decidi por uma "versão resumida". Eu coloquei a versão completa no meu Blog. (Para quem desejar ver-la, está no link abaixo)
https://osmoseliteraria.blogspot.com/2020/04/educar-e-um-ato-de-amor-e-um-ato-de.html
"A valentia de amar que, segundo pensamos, já ficou claro não significar a acomodação ao mundo injusto, mas a transformação deste mundo para a crescente libertação dos homens."
A existência de um trabalho do calibre de Paulo Freire para a pedagogia é de suma importância, pelos seus postulados filosóficos como seu entendimento do caráter afetivo e transformador da educação. “Pedagogia do Oprimido” é um ensaio publicado em forma de livro em 1974, onde temos a continuação do pensamento de Freire, de forma que aqui se passa para o uma nova interpretação daquilo que foi desenvolvido em trabalhos anteriores. Seus postulados estão voltados para o sua ideia de método, que se baseia na transformação social através da consciência das classes mais pobres (povo) de sua condição.
Na pedagogia de Paulo Freire temos uma filosofia que tenta unir teoria e prática, em que o esforço totalizador da práxis humana, na busca interior desta, como “prática da liberdade” e autonomia do oprimido (povo). Quando ele fala de sistema ele deixa claro que ali não há uma apologia a determinadas linhas ideológicas. Quando ele fala de “revolução” ele não fala a aquelas dos moldes de esquerda, mas através da educação com prática libertadora da consciência do oprimido. Quando fala de uma forma dialógica de pedagogia ele fala da construção de um método que se volte para as experiências do educando, a investigação para que ele não seja um receptáculo de conteúdo que manterá inconscientemente as amarras do opressor introjetadas em sua vida.
A educação não é um meio para manter a ordem desigual, injusta e segregadora do conhecimento. Educação é compartilhar experiências, é unir-se com o todo, é expandir-se através do diálogo que constantemente se transforma e se aperfeiçoa. Não é só memória, mas principalmente significado através da troca de experiências e vivências. E se reconhecendo como parte de um todo, unidos e mediatizados pelo mundo, é que estaremos prontos para transformar o mundo. Oprimidos conscientes de sua realidade podem e devem ser questionadores de um sistema que tem estratégias opressoras. Nessas sociedades, governadas pelos interesses de grupos, classes e nações dominantes, a “educação como prática da liberdade” postula, necessariamente, uma “pedagogia do oprimido”. A prática da liberdade só encontrará adequada expressão numa pedagogia em que o oprimido tenha condições de, reflexivamente, descobrir-se e conquistar-se como sujeito de sua própria destinação histórica.
Paulo Freire compreende o trabalho árduo do educador. Um educador afetivo e consciente do amor e da libertação através da conscientização e do diálogo com o educando, caminhos para a consciência histórica dos sujeitos como protagonistas e agentes transformadores da história. O papel do educador é de “vocação humanista que, ao inventar suas técnicas pedagógicas, redescobre através delas o processo histórico em que e por que se constitui a consciência humana.” A pedagogia como ação libertadora é elemento fundamental de transformação social, como movimento interno que unifica os elementos do método e os excede em amplitude de humanismo pedagógico. Esse movimento exerce um papel que reproduz e manifesta o processo histórico em que o homem se reconhece. Os rumos possíveis desse processo são possíveis projetos e, por conseguinte, a conscientização não é apenas conhecimento ou reconhecimento, mas opção, decisão, compromisso.