Carous 30/09/2020Nota real: 3,5
Nossa, eu estava pronta para cravar 4 estrelas neste livro. Aí cheguei no capítulo 18 (Verdade seja dita, o caldo começou a entornar no final do capítulo 17).
Só sei que a atitude burra de Isobel me tirou do sério e a manipulação da autora vilanizando personagens que não fizeram nada de ruim só pra gerar conflito na reta final do livro me deixaram puta a ponto d' eu deixar a leitura de lado por uns dias. Antes disso, eu devorava o livro.
Tanto Isobel quanto a autora se redimiram no final, razão d'eu ter decidido dar 3,5 estrelas.
Achei a história agradável e duvido que seria possível se quando coloquei o livro na meta não tivessem me dito que "An enchantment of ravens" era mais romance que fantasia. Acho que baixei tanto minhas expectativas que fiquei surpresa com o que encontrei pelas páginas. Também não teria curtido tanto a história se antes não tivesse tido contato com a série O povo do Ar da Holly Black que me introduziu ao mundo das fadas, com toda sua peculiaridade, regras e opinião sobre humanos.
Holly Black te joga no meio do olho do furacão sem muitas explicações e eu que lide com isso. Margaret foi mais mansa nesse quesito, mas me vi mais confusa lendo "An enchantment of ravens" do que "O príncipe cruel" e "O rei perverso".
É que Holly não te promete explicações de nada, a maneira como Margaret escreve me fez crer que uma chegaria, mas... nada. Isso eu não gostei muito - mas não influenciou na nota final.
Eu gostei de Isobel, acho ela uma protagonista marcante ao mesmo tempo que a achei meio enjoadinha. A história é narrada em 1ª pessoa. A autora tende para uma escrita mais poética e, às vezes achava a narrativa de Isobel muito melodramática. Principalmente nos últimos capítulos.
Gostaria de ter conhecido mais sobre seus clientes, seu trabalho e sua interessante família antes dela ser levada por Rook.
A introdução dela sobre Whimsy e como humanos e feéricos coabitavam me interessou bastante, minha curiosidade não foi saciada porque a autora tinha outros planos e outros assuntos para focar. Me senti podada no ápice.
Normalmente romances abruptos pesam na minha nota. Eu vi química entre Isobel e Rook e potencial para um romance épico. O amor caiu de paraquedas, mas não tirei pontos por isso porque, no fim das contas, estava tão investida na relação quanto eles.
Rook é um feérico da realeza todo enigmático. A autora conseguiu transpor por papel toda essa aura mística e sofrida do personagem. Se Isobel estava de quatro por ele, eu confesso que não estava longe disso.
Eu entendi o fascínio de Isobel por ele, e até a perdoo por cair de amores sem muito material pra isso. O livro explica, a mitologia corrobora que feéricos são criaturas fascinantes, belas e maravilhosas.
Mas do Rook eu esperava um demora para perceber que amava a protagonista. Ele é uma criatura com centenas de anos, já viu muita gente. Ele não iria quebrar as regras e amar uma mortal que, pelas descrições, não passava de uma mulher comum. Não consegui voar a esse ponto.
Mas é mais um livro que trata amor como algo fácil. Isso é paixão.
Não teve relação nenhuma com a nota, mas estou cansada desses casais da literatura formados por uma humana adolescente e uma criatura milenar. Acho estranho, me deixa desconfortável e preferia que não fosse uma tendência.
Não havia razão alguma para Isobel ser um pouco mais velha. Não entendo o preconceito com autores com os 20 anos. É uma faixa etária boa.
Foi leitura agradável, gostei do livro. Mas consigo entender por que muita gente não gostou.
Além disso, acho que a autora se embolou um pouco na conclusão do livro (abriu mão da coerência para privilegiar um final romântico de conto de fadas) e podia ter trabalhado melhor nas cenas de ação e tensão. Ela praticamente jogava água na lenha antes de acenderem a fogueira.
E por fim, eu entendo que a história se passa entre os séculos 18 e 19. Ainda assim não há razão para ausência de personagens POCs. É incompreensível os feéricos viverem num regime tão hétero e cisnormativo, mas pelo menos entendo de onde vem a melancolia deles. Imagina viver tantos anos e não poder beijar várias bocas...