Gabrieli Gudniak 02/11/2018Adorável e mediano. Isobel é uma talentosa artista, vivendo em Whimsy, uma terra encantada, presa em um eterno verão, que faz fronteiras com as Cortes dos imortais fae, criaturas perigosas de incrível poder, mas que não podem produzir o que seja, tendo que se voltar aos humanos para as mais simples coisas, desde pães, roupas, objetos e - no caso de Isobel - retratos. Tendo convivido com elas desde cedo e por longos períodos, ela está ciente da verdadeira natureza de tais criaturas, mas comete um erro mortal ao pintar mágoa nos olhos do príncipe do Outono, acabando sendo pega nos jogos dos fae e lutando pela sobrevivência ao lado de Rook.
Uma das principais coisas que me encantou no livro foi o mundo e sua mitologia, apesar das Cortes dos imortais soarem lugar-comum, Primavera, Verão, Outono, Inverno, elas foram muito bem criadas. O próprio Fair Folk eram criaturas fascinantes, com sua beleza eterna e decante, de uma natureza que nunca poderia ser humana, mas que era muito boa em imitá-la. Desde o preço da imortalidade até o quanto sua humanidade pode valer, foi tudo muito bem orquestrado.
Isobel foi uma protagonista... Eu gostava dela na maior parte do tempo, mas sempre que ela pensava no Rook e seus sentimentos sobre ele, tinha vontade de suspirar e pensava "lá vamos nós". Este seria um livro bem diferente se ela fosse mais velha, algo que eu gostaria de ver, sinceramente, o final me deixou desejosa de uma sequência para ver como ela estava se saindo como rainha. Ela aparentava ter seus dezessete anos e era sensata na maior parte do tempo, quando não se tratava de paixão, então só fui gostar do romance dos dois lá para o final.
Rook também foi aceitável, mas não havia muito que o diferenciasse de outros mocinhos na fantasia. É um príncipe lindo, gosta de espadas, está perdidamente apaixonado pela mocinha, tem poucas ou nenhuma falha. Eu gostei dele mesmo assim, mas não sei quanto tempo ele permanecerá em minha memória, até desaparecer entre o emaranhado de protagonistas masculinos.
Não há muito o que se falar dos personagens secundários, a família da Isobel é adorável, não chegamos a conhecer a Corte do Outono, o que me deixou chateada, o Rei Amieiro - Alder King soa muito melhor - foi breve demais para ter um impacto maior. Gadfly foi o único que teve maior destaque e que realmente gostei, a imagem final dele puxando todas as cordas e tendo o final que desejava foi magnífica.
O romance entre os dois protagonistas foi... Prematuro e sofrível. Eu não torcia pelos dois, mas os tolerava, a paixão adolescente dos dois me pareceu boba no começo, apressada no meio e só foi me conquistar nos últimos capítulos. Eu não sei se os fae amadurecem muito mais lentamente por causa de suas longas vidas, ou se eles acabam não amadurecendo por não conhecerem emoções, não sei, mas nunca que o Rook me pareceu ter séculos de vida, vamos falar sério. E como ele não parecia ter séculos de vida, a preocupação dele viver milhares de anos a mais que a Isobel não era uma... Preocupação.
Junto com o romance, o ritmo do livro foi completamente descompassado. Páginas em que nada relevante estava acontecendo que se estendiam em um sem-fim, ou passagens importantes que foram apressadas. O livro é uma montanha russa no quesito de altos e baixos, ou eu não queria largar o livro, ou não poderia me importar menos com o que iria acontecer. O final é previsível e bobinho, não tem nenhum revelação ou plot twist. mas é bonitinho. Como eu disse, gostaria de ver como a Isobel vai se sair em sua nova posição e como o casal irá lidar com a diferença em suas expectativas de vida.
Um mundo cativante que não é ofuscado pelos erros na narrativa, mas que dificilmente é um livro inovador, An Enchantment of Ravens irá agradar - desde que você vá com baixas expectativas.