@blogleiturasdiarias 28/12/2018Um dos melhores romances de época que já li!Se alguém tivesse me informado anteriormente que o enredo de Quando a Bela Domou a Fera fosse tão bom, teria realizado a leitura desde o lançamento. Estou impactada com o quanto gostei da obra, e do que posso esperar daqui para frente dos desenvolvimentos da Eloisa James.
Linnet Thrynne está passando pela maior humilhação que uma dama poderia ter: foi rejeitada por um príncipe. Sendo cortejada por um dos maiores partidos da temporada, ela não esperava que esse cortejo terminasse em uma recusa e ainda por cima com burburinhos e fofocas sobre — desde dela ser assanhada até boatos de estar grávida. Tentando escapar dessa enorme confusão que se meteu, e sabendo que a partir de agora será excluída da sociedade, seu pai decide casá-la com um homem conhecido como A Fera. Está é sua última chance de casamento, por isso agarrará com unhas e dentes.
Fera, ou mais conhecido como o doutor Piers Yelverton, o conde de Marchant, é um homem recluso que atende pessoas em um castelo no País de Gales. Conhecido pela sua personalidade nada simpática — carregada de ironia e rispidez — verá com surpresa a chegada da sua futura esposa selecionada pelo pai. Cheio de rancor e acontecimentos passados na família, o problema na perna que o faz mancar e sentir dores constantes torna-o mais amargo. A chegada de Linnet abalará suas estruturas, afinal por mais que seu pai tenha a escolhido, ela é perfeita para ser sua esposa. Será capaz de Piers superar seus receios e casar-se com Linnet? Será capaz da Linnet abrandar esses sentimentos de Piers?
O conjunto formado do assunto medicina de época com personalidade cheia de sarcasmos, para mim é a melhor fusão que posso encontrar em romances de época. E aqui temos extensivamente os dois. Por um dos personagens ser médico, e ambos possuírem características do uso da ironia, o enredo foi um prato cheia. Acertado no tom e na carga dramática — até mesmo nas cenas cômicas que apareciam furtivamente — Eloisa James soube construir uma narrativa sensacional. Do início ao fim você é surpreendido em como ocorre os acontecimentos, em como é destrinchado as situações impactantes, se vendo extremamente curioso sobre o desfecho.
"Ele estava perdendo a cabeça, sentado ali, olhando nos olhos dela. Uma retirada estratégica era necessária. Afinal, ele não tinha nenhuma intenção de se casar. Nunca" pág. 82
Como falado anteriormente, tanto Piers quando Linnet caíram nas minhas graças. Suas características pessoais são apaixonantes, dando um leveza na leitura. É fascinante acompanhar o desdobramento do casal, torcendo para cada vez mais ler cenas de interação entre. A autora se preocupou em elaborar uma apresentação inicial de amizade por ambos, e somente depois de consolidado, iniciar o romance. Achei fascinante essa forma de escrita. O cuidado de fazer o erótico e amor serem fundamentados em uma base sólida de amizade ganha diversos pontos comigo.
E não somente. Se já rasgava elogios para os personagens, o desenvolvimento e o ápice da trama também merecem destaques. Não acho que seja algo criativo e diferente, mas dentro das proporções e do que vinha sendo destrinchado, foi pontual: funcionou. Nos preocupa, ficamos com o coração na boca a espera de um possível desfecho ruim ou bom, e praticamente senti as dores do casal principal, o que demonstra que ela atingiu o proposto — nos entreter e entrar na leitura.
Falar sobre cuidados da saúde e medicina é algo bem delicado dentro de um contexto histórico, no entanto a autora soube tirar de letra. A ambientação é totalmente proporcional a época escolhida, e nada aparentou ser fora da realidade passada. Claro que alguns elementos e recursos que talvez não sejam tão de época são colocados em jogo, contudo no todo é satisfatório — e o que me fez me apaixonar mais. Autoras podem explorar mais romances com médicos que eu adoro!
Sobre o erótico, ele foi dosado porém os palavreados usados por Piers e algumas piadas podem ser considerados exageradas para pessoas mais sensíveis. Nosso protagonista masculino tem uma fala considerada chula — e que não deixa de ser algo normal na época — evidente em praticamente todas as suas cenas. Pessoalmente eu só dei altas risadas e me identifiquei, sendo um dos elementos que mais me aproximou dele — o tornou mais real. É gosto pessoal. Uma comparação que pode ser feita é com o livro O Príncipe dos Canalhas em que temos o mesmo patamar de linguagem.
"À sua maneira, Linnet era a versão feminina dele próprio: detestável, bonita demais, inteligente demais, mordaz demais. Não que ele fosse bonito." pág. 142
Em relação a semelhança com o conto A Bela Fera, em opinião própria, foi algo muito superficial. Chego a apostar que seja indiferente. Vejo sendo algo diferenciado do que uma releitura propriamente dita.
De uma forma geral saio feliz com o conteúdo, indicando a todos os fãs do gênero. É uma obra única que temos, e não é toa que foi eleito um dos 10 melhores romance de 2011. Só tenho elogios, como visto nas palavras anteriores, e considerando que talvez Eloisa James entre para a listinhas das favoritas — considerando que temos uma série inteira pela frente. Recomendadíssimo!
Na parte física, a capa não é bonita nem feia. Passa a mensagem do conteúdo, e ainda assim não tem nada de relevante. Internamente possui uma diagramação simples, padrão da Editora Arqueiro, com alguns detalhes em formato de rosas. Não captei nenhum erro ortográfico ou de revisão. A narrativa é feita em terceira pessoa por ambos pontos de vista.
Mais uma série para me apaixonar nos romances de época. Como foi lido agora no final de 2018, tenho a pretensão de terminá-la ano que vem. Grandes expectativas para os próximos volumes. Espero que tenham gostado!
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