Larissa3225 26/10/2021Incrível!Algumas poucas leituras me causaram um sentimento engraçado: assim que fechei o livro, me peguei pensando nos personagens e imaginando como e onde estariam, se estariam bem, com saúde, felizes... E Pachinko foi, definitivamente, uma dessas leituras.
Após terminar o livro, fiquei com a forte sensação de que, se andasse pelas ruas do Japão, acabaria encontrando com Sunja ou algum de seus descendentes. O nível de conexão que eu tive com essas personagens foi absurdo. Poucas vezes me importei e torci tanto por alguém que nem existe. E talvez essa seja a explicação para o sentimento de vazio deixado por esse livro. Não só eu não queria dizer adeus para essas pessoas incríveis, como eu também leria mais 30, 40, 50 anos da vida delas se eu pudesse.
Um outro acerto da autora (além da construção dos personagens) foi a forma como o contexto histórico foi trabalhado. Gostei muito da escolha de mostrar como a vida de pessoas comuns é afetada pelos grandes acontecimentos da História. Embora narrativas daqueles que estão diretamente relacionados aos eventos sejam interessantes e nos forneçam um olhar "de dentro" da situação, me agradou muito ver a vida de pessoas comuns, para as quais a Guerra é algo distante.
Me agradou também o tom da narrativa. Ao entrar neste livro, estava esperando um dramalhão. Sim, eu me emocionei em diversos momentos e chorei em tanto outros (principalmente, na reta final). Mas na maior parte do tempo, foi uma leitura seca. Pesada e triste, mas sem ser excessivamente dramática. (Sei que isso pode incomodar outros leitores.) Para mim, essa forma de contar a estória me passou a ideia de "a vida como ela é". As perdas e tragédias fazem parte da vida e, por mais que elas nos afetem, no fim do dia, temos que seguir em frente. Os capítulos que terminavam com "E Fulano morreu" me passaram muito esse sentimento.
Por fim, amei a metáfora com o título do livro. A explicação do que é o jogo pachinko e do porquê as pessoas continuam jogando representa muito bem a forma como as personagens desta estória encaram a vida: mesmo tendo tudo contra si, elas se agarram à esperança de que vencerão e terão um futuro melhor.
Eu amei esse livro com todas as minhas forças e Sunja e sua família seguirão vivos na minha memória. E mesmo sendo meio bobo da minha parte, eu continuo torcendo para que eles estejam bem.