Karini.Couto 28/10/2017Quando vi esse lançamento fiquei doida por ele, e quando recebi o livro fiquei doida na edição linda e caprichada da editora.
Quem me conhece, sabe que leio bastante e gêneros variados, mas tenho um "tombo" por terror, horror e psiquê; então imaginem que fiquei em êxtase com esse lançamento que posso adiantar que AMEI!
Vamos a história: Aqui vamos conhecer o passado e presente da família Blackwood ou o que testou dela! Antes eram sete, hoje são apenas três. Parte da família foi envenenada com arsênico em um açucareiro e apenas três dos Blackwood sobreviveram. Constance era quem lidava com a alimentação da família e por isso acusada do crime de assassinar seus parentes, mas por falta de provas foi inocentada; mas o vilarejo não a acha inocente e demonstra isso de maneiras diversas que beiram a crueldade até. Causando em Constance medo de sair em público e com isso os três Blackwood sobreviventes passam a viver isolados em seu castelo.
Quem conta os fatos é a peculiar e incrível Merricat (Mary Katherine) que tem dezoito anos agora, mas na época das mortes tinha apenas doze anos. Talvez ela só tenha sobrevivido devido ao castigo que a deixou sem jantar. Merricat ama à sua maneira Constance e é ela quem vai ao vilarejo em busca do necessário para que possam sobreviver no castelo e nessas incursões pelo vilarejo Merricat sofre com a crueldade da população que não esqueceu a tragédia de sua família. Ninguém parece interessado em deixar o passado de lado. E sempre relembram Merricat do que aconteceu!
Mas uma visita muda o rumo das coisas, Charles - um primo; filho de um irmão que manteve distância da peculiar família, após a tragédia e morte de parte deles.
Charles faz com que pensemos que sua aparição recente é devido a morte de seu pai que o mantinha longe da outra parte de sua família; ele logo se interessa por Constance e mantém uma relação muito próxima com tio Julian; mas será que é isso mesmo? Ou ele tem intenções ocultas?
Merricat parece ser a única a ver o que ninguém mais vê; uma ameaça! E com base nisso ela fará seu melhor ou pior para proteger aqueles com quem vive. Charles parece como um carrapato disposto a grudar neles, mas Merricat está disposta a não permitir que esse fosrasteiro perturbe a dinâmica dos Blackwood.
Ela é peculiar; tem seu mundo particular em sua mente deturpada e ao mesmo tempo apesar dos seus dezoito anos é infantil ou parou no tempo devido, talvez, ao isolamento da sociedade ao redor e conviver apenas com duas pessoas. Ela fala com seu gato, tem atitudes infantis e até bizarras para a idade e tudo piora com a chegada do primo Charles.as percebo que mesmo antes da tragédia ela já era diferente, por assim dizer!
O passado que tanto evitam parece estar de volta e todo o horror vivenciado a espreita dos Blackwood. Será que mais tragédias estão por vir? Ou é apenas instinto de preservação?
Essa história nos traz um misto de sentimentos perturbadores, que a princípio não percebemos exatamente o que ou quem incomoda mais; e nos traz coisas como fobias, "compulsões", medos, maldades, e doenças mentais somado a um humor negro que beira ao incômodo de tão perturbador!
Engana-se quem pensa que se trata de algo sobrenatural (sim amo sobrenatural), porém o que amo ainda mais? A mente humana e um bom conto de horror psicológico. Tenho um interesse quase insano pela mente humana e ler "Sempre Vivemos no Castelo" me fez perceber ainda mais como esse tipo de leitura e enredo me pega de jeito sempre!
Não consigo explicar essa paixão pela mente humana e suas loucuras, só posso dizer que isso me atrai irremediavelmente! E que quanto mais leio, mais me sinto próxima da loucura de algumas mentes humanas e da forma como elas "pensam" tentando analisar pelo ponto de vista insano suas atitudes e assim desvendar seus mais sombrios sentimentos em uma espécie de análise por assim dizer. Na tentativa de entender como mentes deturpadas funcionam e o principal.. Por qual motivo são como são!
Shirley Jackson entrou para a minha "listinha negra de autores macabros que amo". Uma das coisas mais interessantes é que tem muita coisa pessoal envolvida nesse enredo criado por Shirley Jackson e isso perturba ainda mais conforme tomamos conhecimento. Talvez por isso ela tenha alcançado um " tom" tão real e perturbador.
Ler "Sempre Vivemos no Castelo" foi como me sentir presa em um espelho e não conseguir sair. Um livro com poucas páginas que tem tanto no enredo e nos deixa pairando em um inverso de insanidade e loucura.
A pergunta que me fiz o tempo todo.. Constance de fato envenenou sua família? Ou teria sido sua irmã na época tão jovem, aparentemente tão inocente apesar de já aparentar ser um pouco diferente do normal?
Sem contar na histeria que envolve toda uma cidade capaz de cometer atos cruéis e nos mostrando que a lpucura ou maldade pode ser contagiosa dependendo das circunstâncias.
Tem tantas coisas discutíveis nessa história se deixar fico aqui falando e falando.. Sobre a mente, sobre fobias, doenças, crueldades, medos, anseios, loucura, histeria, sarcasmo, mas também de amor.. Por mais bizarro que ele possa parecer!
Gente! Leiam logo esse livro! É incrível!